A minha prima tá criando um bicho

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Essa one foi criada para o desafio Bug do Milênio Nacional do grupo FNS. Eu peguei a música "Coelhinho" da banda Saia Rodada.Fanfic postada no Inkspired por "Saah AG" (eu mesma).
PS: A arte da capa foi feita pela minha amiga Cyanis.
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Sábado de manhã. O vento fresco anunciava a chegada da chuva ao passo que balançava a copa de toda arvorezinha plantada na frente da casa de cada vizinho. Os pais de Hinata tinham ido à feira com o objetivo de trazer para casa as compras do mês. A morena ficou em casa com o primo, Neji, que prometeu fazer panquecas caso a garota fosse à mercearia comprar os ingredientes. Estava contente; adorava as panquecas de Neji.

Neji não morava na casa dos tios, e sim com os próprios pais na casa ao lado. Os quintais compartilhados das casas da família Hyuuga, porém, permitiam a circulação dos moradores. Por isso, Neji quase sempre estava na casa de Hinata oferecendo ajuda aos tios ou a prima. Educado e amável; além de ter uma ótima mão como cozinheiro.

A vizinhança era tão calma quanto o entra-e-sai entre as casas dos primos em questão. Um bairro não tão antigo, pouco ocupado e, consequentemente, com vizinhos conhecidos. Mesmo que a família Hyuuga estivesse em maior número na localidade, pois muitos outros parentes de Neji e Hinata viviam nas redondezas, mas outras famílias como a Uzumaki, Aburame e Nara também viviam ali. Os vizinhos de Neji eram da família Uzumaki, por exemplo.

A pequena diversidade dos moradores dava um quê a mais; Hinata ainda conseguia sentí-lo. Lembrava-se do dia o qual Neji a levou para brincar de pique-esconde com as crianças do bairro.

Naquele dia, os joelhos da morena tremeram de nervosismo, mas o bambear de pernas se intensificou por outro motivo: ela o viu. Naruto e Hinata tinham a mesma idade e as mesmas pernas franzinas. Foi amor à primeira vista.

Porém os anos passaram e agora Hinata já tinha dezessete anos. Sair por aí narrando a ocasião a qual se apaixonou por um nanico de panturrilhas minguadas e revelar que ainda nutria um certo sentimento pelo rapaz já crescido soava antiquado, como a história de amor narrada por uma vovozinha para os netos. Hinata mordeu o lábio, sentindo-se como uma vitrola cheia de teias de aranha. Mas, bem, a morena não conseguia acompanhar a dinâmica contemporânea dos relacionamentos, mesmo sendo tão jovem. Afinal, a cabeça imersa em romances clássicos justificavam toda a cafonice da garota. Mas que culpa tinha? Havia ido buscar conteúdo romântico por curiosidade. Até tomar tal atitude, não tinha um parâmetro sequer de como funcionava um relacionamento ou o famoso amor Eros. Os pais tinham influência sobre a situação, pois eram bastante reservados e apenas em algumas ocasiões demonstravam afeto em público.

Hinata havia tentado contornar o problema; alugou livros de autoajuda e pesquisou em inúmeros sites. O objetivo era entender como funcionava o flerte e aprender como flertar. Bem, ainda não entendia o porquê das pessoas flertarem dando uma piscadinha, por exemplo, e muito menos achava ser capaz de paquerar alguém na cara dura. Talvez eu não deva me atrever a fazer esse tipo de coisa, ela pensava. Mesmo assim, o interesse por Naruto não sumiu. Restava apenas que ele a notasse e tomasse a iniciativa, uma vez que ela estava mais perdida que cego em tiroteio.

Com o dinheiro contado no bolso, a moça encarou-se no espelho antes de sair. Os longos cabelos escuros presos num rabo-de-cavalo e o vestido florido mais plácido encontrado no armário. Um toque de gloss nos lábios e uma última penteada na franjinha. Pronto, agora sim podia ir à mercearia.

Semanas atrás a aparência de Hinata quando ia a lugares comuns pouco importava. A moça não fazia bem o tipo vaidosa, mas as coisas mudaram. Quando passava pelo portão, ou Naruto estava regando a planta na frente de casa ou acabava encontrando-o no caminho. Estar apresentável para o possível encontro, mesmo que esse se resumisse a um tímido sorriso e um aceno de cabeça, a concedia uma sensação de bem-estar. Ao menos seria mais provável que Naruto notasse o quão ela era bonita. De todo modo, mesmo sem ter a certeza se o encontraria ou não, prevenir seria melhor que remediar. Um cabelo pode ser penteado, uma impressão errada, não. Fazia sentido. Pelo menos para ela.

Assim que pôs os pés na calçada, o urro invadiu os ouvidos. O coração da jovem tamborilou como louco, os joelhos tremendo sem dó. Uma mistura de nervosismo e alívio borbulhou no peito: Naruto estava cumprimentando-a com um sorriso largo e, para a felicidade geral da nação, ela não estava cheirando a pum.

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