CAPÍTULO 4 | CONFIANDO NOS AMIGOS

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Isabela

A Alana não me deixou contar nada quando cheguei ontem pela madrugada, disse que já estava tarde, que deveríamos dormir. Felizmente o final de semana havia chegado, eu não correria o risco de ver o Pedro pelos corredores da faculdade, poderia ficar trancada no meu quarto vendo uma série na Netflix, ou lendo um livro, ou até escutando uma música, enquanto meus amigos saiam para namorar. Antes que eu pudesse completar qualquer outra parte desse meu brilhante pensamento, escuto batidas na porta do meu quarto e logo ela é aberta por quem eu menos esperava.

– Já deixamos você dormir demais mocinha, levanta logo – Bernardo diz vindo puxar minha coberta, como de costume, mas a diferença é que eu sempre coloco pijamas fofos para dormir, mas ontem eu estava tão cansada com tudo, que simplesmente deitei de roupas intimas, porque nunca que iria imaginar que ele estaria aqui de manhã cedo em um final de semana. Segurei com força a coberta e disse:

– Nem pense nisso Be.

– Porque, está com aquele pijama fofo de unicórnio de novo? Prometo que não vou pegar no seu pé por uma semana igual da ultima vez – Ele diz rindo e puxando a coberta e eu segurando com mais força ainda. Ele é meu amigo, somos íntimos um do outro sim, mas não chegamos a esse nível de amizade e nem vamos chegar, se ele me ver de roupas intimas vai ser estranho.

– Não, sem unicórnios, sem nada, estou sem pijama, se não quiser ver minhas partes intimas melhor parar de puxar essa coberta agora – Ele parou de puxar imediatamente, assim que entendeu minhas palavras, percebi que ele engoliu em seco e mesmo que ele não conseguisse ver nada, senti seu olhar percorrer pela coberta até a ponta dos meus pés e depois voltar a me olhar nos olhos, senti minha pele queimar sobre seu olhar, e não sei por que estava me sentindo assim, ele era meu amigo, não era para termos ficado tão desconfortável, já fomos à praia juntos, ele já me viu de biquíni, não seria nada demais. Ele parecia petrificado com o que eu tinha acabado de falar e para aliviar o clima que tinha se instalado no quarto eu disse:

– Relaxa, me dê cinco minutos e eu já vou tomar café com vocês – Sorri para ele indicando que estava tudo bem, mas ele ainda estava sério, olhando para os meus olhos sem se mexer, parecia perdido em pensamentos, eu tirei um dos meus braços de baixo da coberta, deixando à mostra a alça branca do meu sutiã e vi que ele olhou diretamente para aquela região descoberta, mas não pensei muito e toquei a mão dele que ainda segurava a coberta com força e coloquei a minha mão por cima da sua.

– Ei Be – Ele parecia ter levado um choque, então se afastou de repente e disse:

– Desculpa Bela, eu...não sabia que você...estava assim – Ele meio que gaguejava e eu tive vontade de rir por ele estar assim nervoso. Poucas vezes durante a nossa amizade eu o vi ficar nervoso, e ver isso depois de sermos adultos tornava ainda mais engraçado.

– Tranquilo Be, só me de cinco minutos e eu já vou estar totalmente vestida – Ele deu um risinho nervoso, concordou com a cabeça e saiu do meu quarto. O que tinha acabado de acontecer ali? Levantei rindo da situação constrangedora e peguei um vestido solto floral e fui em direção ao banheiro fazer minhas higienes.

***

Assim que passei pela porta da cozinha vi meus amigos sentados à mesa conversando sobre alguma coisa e rindo muito, dei um beijo no rosto da Alana e me sentei ao lado do Bernardo para iniciar meu café também, enfim a Alana e o Eduardo foram os primeiros começarem a falar:

– Gente, queremos falar uma coisa – Eu olhei para o Bernardo tentando entender o que estava acontecendo e ele olhou confuso para mim também, sem entender bem do que se tratava.

– Ontem foi bom vocês não terem vindo para o apartamento, assim eu e a Alana conseguimos conversar melhor – Eles se olham e logo o Eduardo procura a mão dela em cima da mesa e segura com carinho. Eu arregalo os olhos entendendo a onde eles querem chegar.

Apenas Amigos - Volume 3Onde histórias criam vida. Descubra agora