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Doyoung e Jaehyun por muito tempo guardaram um sentimento que não era muito aceito pelos pais de ambos. Os dois se amavam e não sabiam disso.

Bom, tirando o fato de que Doyoung gritou na cara de seu pai que era gay, ele nunca teve coragem de chegar e dizer que amava Jaehyun, nem para o pai, nem para o próprio garoto.

A família de Jaehyun e de Doyoung eram amigas por muitos anos, e isso fazia com que os dois fossem tratados como irmãos. Isso era ruim em alguns momentos.

Por muitos anos, nenhum deles ligou. Eles amavam se chamar de irmão e, mesmo Jaehyun sendo um ano mais novo, eles se entendiam em tudo e não ligavam para as coisas à mais que sentiam. Eles achavam que era um amor parental.

Quando tinham dezessete anos, na festa dos amigos do colégio, um pouco bêbados, vendo algumas pessoas se beijando foi que eles sentiram a vontade de fazer aquilo.

Mas não fizeram.

Era perceptível que eles se sentiram desconfortáveis com a situação, principalmente quando Mark e Haechan, ambos garotos que não se beijaram por saber que poderiam fazer isso no quarto mais tarde, disseram que eles poderiam se beijar também.

O Kim, que estava sentado no chão, com as pernas cruzadas e um copo de algo na mão, olhou para o mais velho sentado no sofá com a perna cruzada enquanto girava o whisky no copo, e depois voltou a encarar o próprio copo, achando aquilo uma besteira.

-Somos irmãos, Mark. Não vem com essa.

-Realmente, 'tá achando que eu vou beijar o meu irmão? Okay, nossos pais matariam nós dois, juntos.

Doyoung respondeu com um pequeno sorriso, antes de tomar o resto da bebida e se levantar do chão, indo para a cozinha e disfarçando sua ansiedade em apenas pensar naquilo. Não deveria criar expectativas, aliás, Jaehyun já deixara tudo bem claro naquelas palavras.

Mas a verdade era que Jaehyun também se sentiu desconfortável com o comentário do canadense, mesmo que tivesse sido inocente, pois responder aquilo não era o que queria. E ver que o melhor amigo também havia negado, concretizou a ideia de que beijar ele não era uma possibilidade.

-Mark, cala a boca, você 'tá bêbado e só fala besteira quando está assim - o de cabelos cinzas sentado ao lado dele beliscou de leve seu braço.

-'Tá tudo bem Haechan, não se preocupe - ele sorriu.

Anos se passaram e eles não mataram essa necessidade de se beijarem, e também nunca tocaram no assunto. Eles pensavam que o outro só o via como amigo, e isso não ajudou muito na questão de se declarar.

Mas já fazem seis anos que essa vontade é guardada dentro do mais velho. Ele não entendia o porquê o coração decidiu escolher o melhor amigo para amar, e não uma garota qualquer que ele conhecera.

Mas o amor não se limita em gêneros, ele sabe.

Mas seus pais talvez não entendessem isso.

Por todos esses anos eles esconderam um sentimento importante para ambos e se machucaram cada dia mais e mais por causa disso.

Eles se machucaram porque adultos não compreendem o sentido de "amar", eles só entendem sobre "amor".

Pode ser um pouco confuso, mas a diferença entre eles, é que o sentido de "amar" é você amar de um modo geral, sem se preocupar com o que pensam, ou quem gosta ou quem não gosta. A palavra "amar" e uma coisa ampla que fazem pessoas se sentirem felizes em todos os sentidos -parental e carnal.

O amor. Ah o amor! O sentido de "amor" é algo até parecido. O "amor" pede que você AME, mas eles sempre colocam uma barreira, que delimita aonde você pode chegar com esse amor. O amor que eles conhecem é apenas o que se reproduz. Esse é o amor para eles.

Esse amor de que os pais dos garotos sempre diziam, não faz bem algumas vezes. Esse amor faz com que as pessoas queiram ultrapassar a barreira do limite, e com isso, muitas coisas ruins atingem essas pessoas.

Quando, por exemplo, uma garota arruma algum namorado, os pais têm medo. Mas depois de um tempo aprendem a lidar com tudo isso. A garota tão ingênua quer explorar cada vez mais aquela relação, ela quer conhecer o "Amor".

Então ela olha para aquela barreira, e na cabeça dela, a intimidade com o namorado não é aquilo que ela estava vivendo até agora. Então ela ultrapassa o limite. E o resultado...? o resultado nunca é o esperado.

Quando você ama com o sentido de amar, você sabe de todas as coisas que há depois da barreira, mas sabe que tudo tem o seu tempo. Sabe que um dia aquilo vai acontecer e que não precisa de pressa alguma para isso. Todos passam por essa fase. Sabem que amar não tem limites e pode possuir coisas iguais.

Os adultos quando ensinam o "amor", não ensinam à "amar".

E os dois garotos são de famílias que conhecem o amor, mas sequer deixam eles mostrarem como é amar alguém.

E eles se esconderam todos esses anos dentro de si mesmos, com medo de que pudessem se amar, mas que os pais os prendessem no amor como faziam até hoje. Tinham medo de que um dia eles fossem amar e nunca mais pudessem, pois quem eles amam seria proibido de se comunicar consigo.

Mas eles estavam pouco se fudendo para o preconceito das pessoas, só não sabiam que podiam se amar ainda.

Ainda...

Se não tivessem ido num cinema drive-in pouco movimentado, e o carro do mais novo não fosse escuro e totalmente rápido para chegar aonde queriam logo, não teriam sequer tocado os lábios e nem as peles.

| shut upOnde histórias criam vida. Descubra agora