Meu coração bate mais forte a cada passo que eu dou pra mais perto de casa. Casa? Um conceito estranho, chamam de lar, dizem que você se sente confortável. Eu não me sinto confortável, eu não me encaixo lá também, nem aqui, nem em qualquer lugar. Quando percebo, estou abrindo o portão. Meu coração palpita, meu cachorro late, meu cabeça dói, meu corpo se encharca.
Tum.
Tum.
Tum.
Cada vez mais forte.
Eu grito com o cachorro, ele sai do meu caminho. Estou desesperada. Assim que abro a porta, meus olhos se enchem de lágrimas.
Estou sozinha. Ouvindo cada folha de cada árvore balançar, ouvindo meu coração bater, ouvindo meus dedos apertarem meus tendões cada vez mais forte.
A mochila desliza pelo sofá e o corpo se guia até o comum estojo preto onde estão todas guardadas. Lindas, brilhantes. Posso ver as lágrimas que tentam escorrer pelo meu rosto e peço que elas aguardem. Eu retorno. O coração mais calmo, a cabeça mais vazia. Só o frio toque me deixa ridiculamente calma. Eu sou ridícula. Ridícula. É isso que minha cabeça grita. Cada vez mais alto. Ridícula. Eu olho a vastidão branca e levemente elevada, eu uso sem ressentimento até que mude a cor. Eu sinto meu rosto molhar, minha cabeça parar, minhas pernas tremerem e meu coração sorrir. Ridícula, ele ainda diz. Ridícula, ele guarda eternamente. Ridícula, ainda ressoa, porém menos. O menos é meu lar.
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Até 300 palavras.
RandomCada capítulo, uma nova fase. Sem compromissos, sem datas, sem responsabilidades, sem pressão. Só o que sobrou. Só eu. Em até 300 palavras.