Um lugar.

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Um beco escuro, vazio, sem tinta nas paredes já tão desgastadas pelo vento. Um beco tão estreito sem cores, sem promessas, sem esperança. Uma longa caminhada desnivelada que surpreende com música cada esquina, porém, as coloridas ruas ao redor são todas tão enormes também, tão difíceis também, tão iguais no seu cerne e com um final tão parecido. Com tanta gente. Eu posso sentir o cheiro delas, posso lembrar de quando estive com elas e como entrei aqui. Mas hoje, prefiro. O cheiro de falsidade, destruição e rancor é mais desagradável que o cheiro de podridão e morte ao meu redor. E, também, da solidão. Ela é, na realidade, a melhor parte de estar aqui. Me protege tratando meus pensamentos com medo, minha ansiedade com problemas e meu amor com ódio. Demorei pra acostumar, mas hoje prefiro. Odeio surpresas, acaso, desafios, e, nesse beco infinito, isso não existe. Aqui, tudo é exatamente igual e o caminho é sempre na mesma direção: a pior. Mas, hoje, eu prefiro.

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