𝐨𝐮𝐫 𝐫𝐞𝐟𝐥𝐞𝐜𝐭𝐢𝐨𝐧 • 𝐜𝐡𝐨𝐧𝐢

Capítulo 27 - I'm your doctor, this is your therapy

Cheryl Blossom Point Of View

Tomei um gole quase aguado do whisky enquanto observava Toni comer com os olhos a vocalista da banda que tocava uma melodia calma no palco. Meus olhos liam cada movimento dela com calma, desde o momento em que suas mãos se juntavam perto da boca como se estivesse rezando, até o segundo que segurava o copo de gin tônica com força e tomava, tirando o excesso do líquido com a língua. Tudo nela me atraía, era um enorme e poderoso ímã vermelho que puxava para todos os cantos sem que eu tivesse a menor chance de escapar. No fundo, bem no fundo mesmo, eu adorava esse efeito que Toni causava em mim, como se a qualquer momento meu corpo pudesse explodir em um êxtase de ódio e tesão.

- Você não tirou os olhos dela desde que chegou.

A voz de Veronica entrou fininha pelo meu tímpano esquerdo, me fazendo concordar lentamente com a cabeça, mas sem tirar os olhos da minha sócia. Que palavra engraçada e diferente para tratar uma pessoa que você tem feito sexo por duas semanas ininterruptas. Tomei mais um gole do whisky e fiz uma careta desgostosa por sentir mais gosto de água do que álcool em si, era de se esperar que o gelo derretesse depois de tanto tempo sem que eu encostasse no líquido. Balancei o copo curto e largo no ar e uma garçonete asiática fez um "okay" com o dedão, indo para o bar.

- Quem é aquela mulher?

- Chris.

- Só Chris?

- Christine.

- De onde vocês conhecem?

- Ela costumava tocar em um barzinho em Nova Orleans e a conheci quando fui me apresentar junto com Betty em um evento de jazz. É uma boa garota.

- Disso não tenho dúvidas.

- Então o que te incomoda?

- Ela está mexendo no que é meu. – a garçonete deixou o copo de whisky com apenas uma pedra de gelo em cima da mesa com um guardanapo para apoiar e saiu. Dei um gole simples e tirei o excesso com a língua. – E eu não gosto quando alguém mexe com o que é meu.

- Toni é sua desde quando?

- Desde quando não foi?

- Cheryl, Cheryl.. se apaixonar por ela é roubada, mas vale a pena.

- Não estou apaixonada. – Veronica me lançou um olhar intrigado e eu dei de ombros, sem desviar a atenção de Toni, que sorria com todos os dentes para a vocalista. – Sei que está me olhando torto e não gosto disso.

- Se você não está apaixonada por ela, o que pode ser então?

- Tesão.

Deixei o copo em cima do guardanapo e tirei o celular de dentro da bolsa, digitando uma mensagem de alerta para Toni, mas com a certeza de que ela não conseguia me ver graças à fumaça densa dentro daquele bar. Acompanhei todos os minutos que levaram até ela ler meu aviso e observei seus olhos me procurarem na escuridão no bar, mas fiz um bom trabalho em ficar atrás de um casal obeso que não parava de dar uns amassos ao som daquela música nauseante.

- Como pode sentir só tesão por ela? – Veronica parecia extremamente incomodada com a minha afirmação e eu apenas respirei fundo, dando de ombros mais uma vez. – Vamos lá, Blossom, você sabe que não é só isso.

- Au contraire, minha querida Lodge, estou sendo completamente honesta com você quando digo que somente o tesão se aplica ao que eu sinto pela Toni.

- E se ela gostar de você de verdade? Quer dizer, ela pode..

- Não, Veronica, ela não pode. Toni sente por mim exatamente o que eu sinto por ela, sem contar que ainda contamos com a presença desagradável da minha irmã no meio de toda essa confusão. Não existe a menor possibilidade de termos algo além do sexo, isso faz parte de nós duas. Assim como eu não quero, Toni também não quer.