Auto Sopro Alto

Alto Refujo

Sensação de tortura

Onde todos os dias se repetem,

Sempre a mesma coisa.

Chega o dia em que estourei.

Larguei tudo e fui dormir mais cedo.

Acordei uma hora da manhã,

Mas não uma hora qualquer,

Foi uma hora mesmo.

Não foi qualquer manhã,

Foi aquela manhã.

Aproveitei a falta de sono para criar

Algo novo e criativo.

Uma ideia ou um feito,

Talvez até uma ideia bem feita.

Nada saiu dessa cabeça de vento

Que só queria escrever para quem

Não quer ler.

Onde estão os elfos e dragões

Que eu tinha de sobra?

Transformaram-se em deveres

Do dia a dia.

Para ser melhor,

Eu luto

De ano a ano,

Mas no fundo eu só cresci.

Quero voltar a ser criança,

E me divertir com a brincadeira

De fingir não estar só.

Auto lá, coração!

Não soubestes quão grandes são

Meus universos repletos de mim

E repletos de nós.

Alto é lá, coração!

No topo daquela goiabeira

Posso ver os dragões,

Escalo-a junto às ninfas

Que me acalmam

Naquele lugar de refujo,

Mas ao cair

Sinto tudo voltar

A ser como antes

Nessa sensação de tortura

Onde todos os dias se repetem.