Precisando de uma casa e dinheiro,
Vejo uma vaga de entregador
E não vacilo.
Mudo-me para Cantins.
Logo quando cheguei à central de entregas,
Fui olhado de todos os cantos
Por pessoas que me encaravam pelo canto dos olhos.
Diziam pelo canto da boca
Em forma de canto em coral
Que o antigo carteiro que tinha uma casa
No canteiro, era o melhor.
Sem demora fui receber as cartas,
No corredor do meio,
A sala de cartas com o destino do centro
Da cidade.
De zero à cem, escolhi 50 cartas,
Saí pela porta da frente e peguei
Minha bicicleta que estava em meio
A um arbusto.
Final do dia.
A principio pensei estar louco,
Restara uma carta,
Sobrara uma casa.
Pilha de cartas do centro,
Destino: litoral.
Feliz pelo emprego,
Com medo de perdê-lo,
Resolvo ir.
Aqui está!
À casa ao lado da
Companhia de entregas.
Em um canteiro giraflorido.
Bato à porta do canto da parede.
De lá sai uma senhora com a coluna torta,
Oferece-me uma torta,
Como estava sem hora, respondo-a: meio noite.
Com seus olhos vesgos e arregalados,
Abre a carta e diz:
"a casa é sua e este é o testamento, assine com a mão direita"
Disse segurando a torta com a mão esquerda,
Assustada corre para o norte e some.
Deixa à torta.
Belo destino, deu-me um lar e um trabalho.
Completo o dia exaustivo, ponho-me a deitar.
Degusto uma fatia do doce e me
Deito na velha cama de casal.
Êxtase do sono. Percebo o clarão.
Fechados os olhos, entreabro-os e vejo meu corpo
Guardado em um caixão.
Hilário como todos se tornam admiradores de mortos.
Inunda-se minha alma por luz e
Já não me lembro de nada.
Acordo precisamente na Rua do Centris,
Deparo-me com um jornal sujo.
Precisando de uma casa e dinheiro,
Vejo uma vaga de entregador
E não vacilo.

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Auto Sopro Alto
Puisisimplesmente uma saga de poesias que fará com que se identifique. se não acontecer, significa que precisa sair do berço.