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Quando a escuridão se dissipou e Jisoo conseguiu abrir os olhos novamente, sentiu seu mundo girar, como se fosse uma criança que havia rodopiado demais e agora sofresse as consequências do desequilíbrio. Deu três passos em falsos para trás enquanto sua visão clareava com a iluminação.

De repente não estava mais em seu laboratório, onde as janelas eram fechadas, o ambiente era gélido e a única iluminação vinha das lâmpadas fracas. Agora, estava em um cômodo duas vezes maior que seu lugarzinho de testes e sentia a quentura forte de fogões e cheiros de especiarias que nunca havia sentido, mesmo que seu olfato detectasse ser verduras.

ㅡ Ei, chefe. ㅡ Alguém tocou em seu ombro enquanto falava de modo brincalhão. ㅡ Está tudo bem?

Jisoo olhou para trás atordoada, vendo uma garota maior, vestida toda de branco, ao que parecia era um uniforme de cozinheiro. Ela nunca tinha visto aquela pessoa na vida, mas o jeito como a olhava parecia que se conheciam à muito tempo.

— Onde estou? — Perguntou a pesquisadora, ainda sentindo-se zonza. Ela se apoiou na bancada à sua frente e colocou a mão sobre a cabeça, mas encontrou um obstáculo no mínimo inusitado... Para ter certeza de que não estava tendo alucinações, apalpou o obstáculo mais uma vez, os finos lábios formavam um "o" assim que sua ficha caía aos poucos sobre o que estava acontecendo ali. Ainda insatisfeita, Jisoo correu para conferir seu reflexo numa espécie de espelho de teto e quase caiu para trás, esbarrando em um dos ajudantes de cozinha que carregava uma panela fumegante com o auxílio de luvas.

Ela estava — assim como a garota que tocou seus ombros — totalmente uniformizada com uma dólmã e uma toque blanche, um chapéu branco e comprido. Do lado esquerdo do seu peito, um crachá reluzia com o seu nome gravado nele.

— Chefe, você está bem? — A garota insistiu, dando apoio à superior pelos ombros. Logo, mais e mais olhares eram direcionados à Jisoo, que observava tudo com a estranheza e curiosidade de uma criança de três anos. — Será sua pressão de novo? Você anda se alimentando direito?

Pressão? De novo? A Han não se lembrava de ter tido algum problema de saúde durante toda sua vida. Sua família também não tinha histórico de hipertensão... E uma chefe de cozinha? Ela ao menos sabia fritar um ovo sem deixar a frigideira toda chamuscada! O- o que estava acontecendo? As indagações se multiplicavam mais rápido que as soluções para elas.

— O que foi? A chefe está passando mal de novo? — Um ajudante muito mais novo que a física, abandonou seu posto imediatamente quando percebeu como a garota que ocupava uma posição maior que a sua na hierarquia da cozinha estava alheia às suas tarefas.

A garota — a qual se chamava Alice, segundo seu crachá —, assentiu em afirmativa.

Minhyuk, o prestativo assistente, trouxe rapidamente uma cadeira para Jisoo se sentar. A mais velha se sentou sem pensar muito, quase que no automático, como uma personagem do The Sims que obedece as ordens do jogador. Ela estava absorta nos próximos pensamentos, tentando — sem sucesso — descobrir como ela tinha parado naquela cozinha agitada e por que a chamavam de chefe pra lá, chefe pra cá.

— Vou pedir para o Seokjin aferir sua pressão. — Avisou Alice, já se movimentando.

A garota mal pode ultrapassar a porta da cozinha, afinal, um ser corpulento impedia sua passagem com seu corpo roliço e seu olhar intimidador que fazia qualquer um congelar, quase como a maldição de medusa que transforma todos que olham diretamente para seus olhos, em pedra.

Petrificada. Era a condição que melhor descrevia Alice.

— Onde pensa que está indo? — O superintendente rosnou. Alice voltou para seu posto como um cachorrinho com o rabo entre as pernas. — O que houve dessa vez, chefe Han? Enlouqueceu de vez? Quer nos matar justo, sujar o nome do nosso hotel justo quando temos convidados tão especiais?! — Vociferou, o rosto branco como papel ficou rubro como a bandeira da união soviética.

Seokjin Gravité | ksjOnde histórias criam vida. Descubra agora