DEPOIS - O início

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Está tudo escuro. Sinto uns ligeiros toques do meu braço, e uma voz que diz: "Acorda Mariana". Era a minha mãe, que desde o acidente me trata como se fosse um pequeno passarinho que não consegue voar. Não gosto que me tratem como se fosse uma incapacitada, mas ela esforça-se para que eu esteja bem e eu tento retribuir-lhe o carinho, com um beijinho de bom dia na cara.

Levanto-me com algumas dificuldades, pego nas muletas e ponho-me a andar em direção à casa de banho. Olho-me ao espelho e observo detalhadamente cada queimadura na minha cara. Não gosto de ver o meu reflexo, mas de manhã é inevitável.

Passei pelo quarto dos meus pais e vi a minha mãe a despachar-se para o trabalho. Vieram-me as lágrimas aos olhos por causa da ausência do forte perfume de homem que tinha o privilégio de cheirar todas as manhãs. Mas tinha de ser forte. A coisa mais preciosa que tinha aprendido nos últimos meses era a manter a postura. Então continuei pelo corredor fora até chegar ao meu quarto, pois tinha de me arranjar. Não podia chegar atrasada ao meu primeiro dia de aulas.

Chama-se DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora