Capítulo Único

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Eu me lembro perfeitamente do dia em que Chan foi até a minha casa, os olhinhos inchados e os lábios trêmulos. Eu nunca vi ele de forma tão indefesa. Embaixo de seu olho esquerdo, estava roxo, e seu lábio inferior possuía um pequeno corte.

Não precisava ser um gênio para saber o que tinha acontecido. Ele tinha sido agredido. Por me namorar.

E quem o havia agredido, foi seu pai. O Lee me disse as repudiosas coisas que ouviu, que eu sequer tenho coragem de repetí-las. Ele me contou tudo o que havia acontecido.

E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me abraçou forte, escondendo o rosto no meu pescoço. Passei os braços pela sua cintura e o abracei, como se o estivesse protegendo de todo o mal do mundo.

"Lee Chan, eu prometo que, enquanto você estiver ao meu lado, isso jamais acontecerá novamente. Então, por favor, nunca saia do meu lado." Eu disse no seu ouvido, e senti lágrimas molhando a minha pele.

Chan estava destruído.

"Wonwoo, você promete? Então, por favor... hyung, vamos fugir."

A verdade é que eu queria poder dizer que havia outro caminho, que tudo iria dar certo. Mas em uma sociedade como essa, não havia espaço para pessoas como nós dois. E fugir seria a melhor opção.

E foi assim, juntei meus pertences mais importantes em um bolsa e deixei uma carta para meus pais. Em nenhum momento hesitei.

Já Chan estava mais desesperado, e com o pai lhe observando o tempo todo, lhe restou ter de pular a janela.

Enquanto andávamos juntos pelas ruas, de mãos dadas, o choro do menor se fazia cada vez mais presente, e eu me sentia mal por não o ter impedido. Mas não é como se houvesse escolha naqueles dias.

Não foi difícil achar um emprego, mas a condição no qual ele me colocava em situações complicadas, afinal não era muito seguro trabalhar em uma loja de conveniência durante a madrugada. Mas era o que me restava.

Com o tempo, Chan foi definhando por dentro, e seu corpo foi sofrendo as consequências. Até hoje é doloroso ver o seu corpo extremamente magro... Bom, já eu desenvolvi insônia. Não apenas isso, mas também diversos roxos espalhados pelas mãos.

Roxos causados pelos socos que eu era obrigado a dar em imbecís que insistiam em mexer com meu namorado. Nunca fui de brigar, mas eu acabei me tornando uma pessoa que briga mais do que o necessário quando se trata de proteger quem ama.

Todos os dias, Chan dorme me abraçando com a maior força, pois diz ele que tem medo que eu o abandone e se canse daquela vida.

E eu me perguntava, e se nós não tivéssemos fugido, nossa situação estaria melhor?

Hyung, vamos fugirOnde histórias criam vida. Descubra agora