Homótopo.

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Homótopo adj. Diz-se de dois caminhos que têm a mesma origem e a mesma extremidade, tais que se pode passar de um a outro por uma deformação contínua.

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V-iado [25/03 às 19h42]:
Tem certeza disso, kookie?

V-iado [25/03 às 19h42]:
A maior festa está acontecendo bem ao lado da sua casa, cara

V-iado [25/03 às 19h43]:
Vai mesmo deixar isso passar por causa do seu orgulho besta, criança?

[25/03 às 19h45]:
Deixa quieto, TaeTae

[25/03 às 19h46]:
Eu não estou me sentindo muito bem.

Jeon Jungkook poderia ser alguém infinitamente orgulhoso quando queria, ainda mais em casos como aquele.

Desde sempre teve todas as atenções voltadas para si por ser filho único, principalmente após o falecimento de sua mãe, quando seu pai fazia de tudo para tentar compensar a falta de uma influência materna na vida do menino Jeon.

Ele até mesmo cogitara se casar novamente.

Mas eu expulsei aquela aproveitadora desmiolada na primeira troca de fraldas.

Porque aquela mulher — que nem sequer fazia questão de lembrar o primeiro nome — cozinhava muito mal, então uma diarréia no pequeno Jeon seria apenas uma consequência inevitável, não? Bem, ele gostava de pensar que tinha sido apenas seu subconsciente o protegendo de uma desgraça futura, uma desgraça muito fedorenta.

Cheiro de perfume barato.

No fim, a palavra divisão simplesmente fugiu de seu vocabulário. Jungkook não sabia dividir nada, em qualquer sentido existente, e se orgulhava muito disso. Dividendo, divisor, quociente... resto? Não, Jungkook não queria um mero resto de algo, ele queria tudo.

Ele queria o inteiro.

E, até aquele momento, ninguém era capaz de negá-lo o que sempre foi, e seria, seu por direito.

Nem mesmo seus amigos de longa data poderiam ser equiparados a si, por mais que admitisse o quão próximos do seu nível eles estavam. Taehyung era bonito; Yoongi era lindo; Seokjin era uma verdadeira obra de arte; Hoseok era a alegria e carisma em pessoa. E Jungkook?

Pelo que diziam as más línguas: Jungkook era maravilhoso.

Um verdadeiro holocausto da perdição, filho da luxúria e amigo da soberba — algo que até as garotas mais céticas com quem já havia se deitado costumavam soltar pelos cantos da universidade. Poderia soar até um pouco narcisista de sua parte, mas realmente não se importava com isso, pois realmente o era.

Oras, tinha um espelho enorme em seu quarto! Seria impossível não admirar cada centímetro bem trabalhado de seu corpo.

Muito bem trabalhado mesmo.

E valia a pena, porque ele era Jeon Jungkook; não apenas o filho bonito do xerife que arrasava corações por onde passava, mas o garoto modelo que todas as mães querem para suas filhas, e que todas as filhas queriam pegar.

E como queriam.

Porque ele era maravilhoso.

E naquela cidadezinha pequena, Jungkook era o único a ser ideal e misterioso, tão certo e tão errado, mas tão bom. Ele era único, e aquilo deveria ser apenas mais uma verdade universal imutável.

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