Prólogo

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             6 anos atrás.

— Você acha mesmo que eu acreditaria nessa bobagem? — A voz debochada do homem era estridente nos ouvidos da pobre velha, que não parecia tão indefesa em seus pensamentos e futuras atitudes. — Isso é coisa de adolescente, não me faça perder meu tempo! 

E na tentativa de fechar a porta em sua cara, foi o momento em que Louis não sabia quando tinha se arrependido mais. Pelas suas palavras ou pelas suas ações.

Talvez não ter feito aquilo tivesse evitado, mas se ele não tivesse dito o que disse, seria muito melhor.

— Você vai se arrepender de ter dito isso, Louis. — A voz ao contrário da dele, soava muito baixa e tranquila.

Louis...

Louis...

Aquele nome martelava.

— Louis, por favor, acorde! — Agora, a voz saía como uma súplica dolorosa. 

Uma súplica por todas as forças que ainda habitassem ali dentro.

—  E por que eu me arrependeria disso? — O homem perguntava com desdém, sendo atraído por aquela ameaça mas não dando tanta importância, afinal de contas, ela era uma velha, que mal poderia lhe fazer?

— Porque você um dia vai acreditar. — Mantendo sua feição séria, a velha de cabelos grisalhos amassava o trevo em suas mãos.

Louis...

Louis....

— Por favor, Lou, não me deixe... — A voz, assim como suas forças iam perdendo intensidade.

E o trevo havia virado cinza nas mãos da velha.

— Se um dia eu acreditar nessa porcaria, eu prefiro a morte! — Cuspindo aquelas palavras ao vento, o destino árduo de Louis havia sido decretado, fazendo a raiva e perseverança da mais velha crescerem mais e mais.

— Não me deixe, Louis... —  O choro se fazia presente com as palavras.

O céu acima dos três assumia uma negritude rápida, com nuvens carregadas de chuvas e trovões para um mês inteiro. O vento era uivante em seus ouvidos e o frio se fazia presente de uma forma insuportável.

A velha sorria.

— Pelas folhas que esse trevo carrega, sua jornada multiplicará em duas. Pelos ventos que hoje sopram, sua voz carregará essas luas. Pela arrogância de suas palavras, em um bicho tu se transforma. E pelo dia que se hoje tem, decreta-se sua única forma

E um raio se estralava no céu da noite.

Você não pode ir embora. Não pode me deixar, s-seu c-covarde! — As lágrimas se misturavam com a chuva.

— Mas o que porra você fez comigo? — Louis perguntava sentindo sua pele queimar e rasgar em todas as extremidades. —  Faz isso parar! —  Ele suplicava em desespero, vendo sua pele ficar mais branca em algumas áreas e negras em outras, criando pelos enormes também. — FAZ ISSO PARAR AGORA!

Mas o desespero não adiantava de nada.

— Eu espero que com isso você aprenda a ouvir e observar e não falar. — Um bicho se transformava na frente da velha, mas ela continuava plena. — Suas ações precisam mudar, Louis, porque a partir de agora, você só poderá falar com um dos seus. 

Não me deixe... — O coração chegava a se despedaçar junto com as súplicas.

— O que eu faço pra parar com isso?! — O corpo ainda não estava totalmente transformado, mas já era notório a mudança de voz do homem, assim como seu desespero crescente.

— Você precisa ser amado. — Dando fim aquela sentença, a velha sumia dos olhos de Louis.

Tudo estava sumindo.

— Não me deixe, porque eu... — Em meio aos soluços e lágrimas, vinha a tentativa da fala. — Eu...

Ele estava sumindo...

Ou ressurgindo? 

Stuck In Your Love  •  l.s. aboWhere stories live. Discover now