Stuck In Your Love • l.s. abo

3. Transtorno e descoberta

"Você vai me olhar, me julgar, tirar conclusões precipitadas, mas ainda assim não vai me conhecer." Eminem

Louis havia encontrado um casal de castores debaixo do piso da cozinha de Harry e estava com o macho em sua boca, já que tinha colocado a fêmea para correr dali com parte de seus filhotes. Aqueles dois roedores fizeram um desastre no contrapiso da cozinha do ômega.

O lobo já podia ouvir os passos de Harry se aproximando, assim como seu cheiro que iria se intensificando. Ele nem mesmo queria imaginar qual seria a reação do homem quando tivesse acesso à cozinha e visse tudo aquilo. Matar o lobo não seria do feitio do ômega, mas com certeza surtar com ele lhe parecia bem apropriado.

Por um momento, Louis não sabia se agradecia a chuva que continuava lá fora e assim ele não teria como fugir do pretendente, ou se de repente praguejava ao fazer essa linha de raciocínio. Porque Harry com certeza não iria lhe querer mais ali e lhe chutaria pela bela arte que o lobo havia feito.

Os pingos de chuva eram fortes lá fora, atingindo as janelas da casa em cheio e Harry tinha acordado por isso. Seria estranho dizer que a chuva havia lhe despertado, porque normalmente o cacheado dormia mais com os ruídos da chuva. Só que um alfa em forma de lobo estava em sua casa e não tinha como ficar tão despreocupado assim. Ele era obrigado a levantar.

Depois de ter tomado um banho quente e afins, o ômega descia as escadas na procura do lobo. Não seria uma decepção não encontrá-lo ali, até porque ele só queria um lugar para ficar na noite passada, e por ser um lobo, deveria ter ido embora. Era natural.

Se convencendo disso — ou pelo menos torcendo para que isso acontecesse porque a última coisa que Harry precisava era de um lobo folgado em sua casa —, o homem chegava ao andar de baixo bocejando preguiçosamente enquanto caminhava até a cozinha, quase tendo um infarto ao ver os destroços do cômodo e aproveitando a boca aberta do bocejo para esboçar uma feição de total espanto.

— MAS O QUE PORRA ACONTECEU AQUI? — O ômega berrava olhando o desastre que sua cozinha estava, com um pedaço da madeira do piso arrancado e outro pedaço suspenso. —  Aquele lobo maldito, fica na minha casa e aind... — Antes dele poder concluir sua indignação, via o animal entrando na cozinha com um bicho em sua boca. O mau cheiro ali era notável e Harry só queria entender como aquilo tinha acontecido.

Ele só tinha ido dormir!

O lobo tinha ido colocar os outros filhotes de castores para fora da casa de Harry, não obtendo muito sucesso porque o macho, e pai deles, estava tentando lhes resgatar, já que a fêmea havia fugido. Por notar isso, o lobo resolveu prender o macho em sua boca e espantar o restante, ganhando até mesmo algumas mordidas do roedor, mas não faria mal. E com certeza, todo aquele processo na chuva havia resultado em enormes lamaceiros em sua cozinha.

— Como é que eu te abrigo na minha casa e hoje você me agradece assim?!— O ômega enfatizava a última palavra ainda indignado com sua cozinha, porque com certeza ele havia feito aquilo de propósito. — Você arranca um pedaço da minha casa pra abrigar esses bichos horrorosos? Mas que merda, pra que existe floresta? — Harry esperneava com o lobo, o qual grunhia na tentativa de contrariar o que ele dizia, ganhando com isso uma mordida do castor em sua boca. Louis teve que que rosnar alto contra a dor e sacudiu o roedor. Harry ficou mais indignado por achar que o rosnado foi direcionado para ele.

Batendo os pés incrédulo, o ômega analisava o chão da cozinha suja e destruída, extremamente furioso, ouvindo barulhos estranhos embaixo de seus pés, se intensificando ainda mais quando o castor na boca do lobo emitia sons esganiçados na tentativa de se livrar. Foi nesse momento em que uma ninhada de quase dez castores filhotes surgia debaixo do piso arrancado da cozinha, correndo em disparada até a saída da casa. Os filhotes escorregavam nos rastros de lamas deixados pelas patas do lobo, o qual ao notar mais filhotes saindo, tratou de usar as garras de suas patas para expulsá-los dali, ganhando com isso, novas mordidas do castor macho em sua boca.