BloodMoon

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Quando Sasuke acordou naquela tarde, ele sabia que não havia dormido muito. Não era de seu feitio dormir em horários que não estivesse acostumado e seu sono sempre havia sido muito leve.

O sol já estava mais alto, quase não visto dali pela janela do local, mas o céu ainda se encontrava relativamente claro, porém não com a mesma intensidade.

Ele se recordava de terem caído no sono pelo meio da tarde, então supôs sem muita certeza que apenas dormiu por uma ou duas horas seguidas.

Sasuke não se mexeu muito quando acordou, para falar a verdade, o único movimento feito foi abrir os olhos e levar a mão esquerda a um deles para os coçar, porque ele bem sentia que Naruto estava por cima do seu braço direito, deixando uma sensação de dormência e formigamento, mas que em nada lhe atrapalhava. Isso o fez sorrir automaticamente com a lembrança do que haviam feito.

O outro, ao contrário de si, parecia adormecido em um sono profundo e tranquilo, visto que suas expressões mostravam que estava completamente relaxado.

Sasuke acariciou a pele do seu rosto alheio e deixou com que, durante alguns bons minutos, seus dedos longos acariciassem toda a extensão desde os fios dourados e bagunçados até mesmo a clavícula.

Ele deixou com que o carinho fosse leve e lento, para que não acordasse o outro e relaxou no processo, chegando até mesmo a fechar os olhos. Mas decidindo que seria bom começar o processo de tratar as fotos para a exposição e escolher as que seriam postas em telas maiores e também conseguir um tempo para procurar algo para comerem, quando Naruto acordasse, ele levantou-se vagarosamente e tentou ser o mais silencioso possível ao juntar as roupas e dobrá-las, vestindo-se somente com a peça íntima e a calça.

Sempre que alcançava aquele quarto mais ao fundo, adaptado para o tratamento e revelação de fotos, Sasuke parecia entrar em um mundo vermelho e privado para si. Em um universo totalmente diferente.

Seu irmão costumava dizer que, estando lá, o caçula dos Uchiha não sentia fome, sede, sono, cansaço ou qualquer sensação pertencente a um ser vivo.

Ele apenas sentia paixão. E mesmo que essa ainda fosse cabível aos humanos e demais seres vivos de alguma forma, era uma paixão diferente. Ela nunca poderia ser colocada e explicada em palavras. Era algo divino, permitido somente e exclusivamente naquele momento.

Sasuke nunca discordou de Itachi.

Porém assim que todo o processo começou, assim que Sasuke começou a tratar as fotos, a revelar a beleza escondida entre o preto e o colorido, a paixão se tornou algo muito mais que privilégios concedidos para um mortal.

Ele era o próprio Deus, na criação lenta do conceito do que era de fato belo. Ouro puro, seda, estrelas escuras usadas. Tudo se encaixava de forma tão perfeita a medida que as características de Naruto iam assumindo formas, uma a uma.

Sorrisos que curvaram até mesmo a linha de seus olhos fechados.

E mesmo em que nenhuma foto presente estivesse seus magníficos olhos, Naruto não dependia deles para que qualquer um se afogasse em sua própria existência.

Uzumaki os sugava, vidrados, sem dó alguma e os deixava cair num poço sem fim de afinidade artística. Naruto era arte e Sasuke - para falar qualquer outra pessoa. - poderia admitir. Nenhum pintor vivo ou morto havia feito arte tão perfeita como Kami-Sama, quando fizera Naruto. Porque por mais que não fosse um extremo religioso, somente acreditando em algum ser divido para a criação daquele humano.

Ou talvez Naruto fosse o próprio, era bem possível na visão do fotógrafo.

Sasuke se perdeu no tempo, na beleza, nos detalhes. Olhando com olhos bem abertos cada imagem, grande ou pequena, próxima ou distante. Cada parte do corpo captada, em roupas que poderiam formar muito bem toda a tabela de cores.

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