i'll be here | unique.

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Nunca gostei de dias chuvosos. A umidade me desconfortava, meus cabelos loiros pareciam se tornar cinzentos e sem vida, sem contar com o frio, ou não poder ir a qualquer sem se molhar com uma chuva surpresa que você não esperava. Era nesta época que costumava pensar duas vezes antes de me levantar diariamente e ir a faculdade, pois humanas parecia legal, mas em certas manhãs, minha cama era melhor que qualquer futuro promissor como historiador.

Andar pelos corredores tomados por pessoas de todas as idades e barro — outro ponto ruim da chuva, nunca limpavam os pés direito antes de entrar no centro de ensino, e isso deixava tudo extremamente sujo — nunca era tentador. Pior do que ter que encarar aulas de língua portuguesa, historiografia da África e outras coisas logo que chegasse, era ter que encarar também seu melhor amigo e principal motivo para continuar frequentando aquele local, Na Jaemin. Meu companheiro não era apenas um estudante nato de música, como também era alguém que estava sempre propício a se apaixonar rapidamente por quem lhe rodeava, e assim aconteceu, estava totalmente apaixonado por Mark Lee, seu colega de turma que por incrível que pareça, amava tanto seu curso a ponto de fazer seus próprios sons e beats.

— Bom dia! — Vi o rosado arremessar um bocado de livros em seu armário e beber o café que carregava como se estivesse a anos sem encontrar algum líquido.

— Alguém está de bom humor hoje, e com toda certeza não sou eu. — Sorri e abri a pequena porta de ferro que mal estava se fechando devido a quantidade de livros sobre cidades e acontecimentos históricos. Respirei fundo e olhei no final do corredor, o clima nublado ainda estava totalmente presente no céu e soube naquele momento que a chuva da madrugada fora apenas um aperitivo, e a verdadeira tempestade estava chegando. Deveria ter ouvido mamãe.

— Os garotos de biologia disseram que tem um novato, não é incrível? — Sorriu para mim de forma reconfortante.

— Não, por quê seria? — Respondi seco checando o horário.

— A melhor forma de esquecer alguém é se apaixonando por outra pessoa. — Encarei meu amigo que agora parecia um pouco cansado do assunto amor e essas outras coisas, a verdade era que ainda éramos um pouco adolescentes e com os corações um pouco fracos.

— Eu tenho certeza que este não é o ditado. — O vi desviar os olhos de algum ponto e virar a atenção para mim. Era Mark.

— Aconteceu algo que eu não sei...? — Tentei ao máximo não parecer invasivo, mas a curiosidade me corroía.

— Ele e eu, não vai dar certo. — Manejou a cabeça indicando o canadense que conversava com um garoto que estava com uma camiseta preta que carregava uma aranha. Infantil.

— Como você sabe? — Comecei a caminhar em rumo a minha sala e o Na tirava seus fones de ouvido dos bolsos, provavelmente iria sentar na última cadeira e se isolar ao som das suas músicas favoritas.

— Ele não me ama profundamente como eu o amo, eu sinto isso, nos meus ossos!

— Use-o então! Satisfaça seus desejos e dê um pé na bunda dele!

Fui calado pela mão de Jaemin em minha boca quando Mark e seu amigo pararam onde estávamos, só então notei que era a porta da turma do outro.

— Jaemin, posso falar com você?

E depois desta frase, eu e o desconhecido parecíamos ter pensado o mesmo e deixamos nossos fiéis colegas para trás. O caminho até minha sala fora estranho, pois sentia o olhar do garoto queimar sobre minhas costas, e sempre que me virarava, ele me encarava, não fazia ao menos a questão de esconder, e era desconfortável.

Quando o então momento de deixarmos o prédio chegou, concluí que estava certo, pois a chuva que caia parecia incomum. Meu amigo andou até mim sendo acompanhado pela dupla antes citada e sorri sem graça ao notar o garoto que me encarava a algumas horas atrás.

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