Capítulo 02 - Olha, que coisa mais linda...

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 MÚSICA PARA ACOMPANHAR: lover boy - phum viphurit

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  A sensação que a praia me dá é de conforto, o litoral é minha casa.
  Rua tá limpa, finalzinho da tarde, o sol vai se por, estou chegando perto do semáforo que está sinalizado vermelho. De repente, eu sinto uma coisa, um calor. A praia está á minha esquerda e eu começo a procurar o que é, a ciclovia está a poucos metros do meu lado e nela mesma eu vejo um brilho um pouco longe... Tento enxergar, mas mesmo com meus óculos escuros a luz é muito forte, é uma coisa que se move.  

  O Brilho começa a tomar forma e vejo que é uma moça, com cabelos ruivos laranja quase parecidos com ouro, pele dourada e olhos tão claros que são impossíveis de não se notar, ela parece um anjo, o jeito que ela brilha, o seu sorriso que tem o formato de um pássaro voando no horizonte. Ela vem bem rápido, mas para mim o mundo tinha parado e só ela estava lá. Todos admiravam a linda moça que passava, ela vinha feliz, sorria com vontade, usava uma camisa branca com as mangas e golas vermelhas, ela estava de patins que eram quase imperceptíveis por conta de sua tamanha beleza. Ela andava com eles como se fosse uma dança,  patinando, a cada passo era leve e conduzia meu olhar. Sinto meu coração bater forte, uma sensação na barriga na qual nunca senti antes.
  Rapidamente ela passa do meu lado, com o mesmo olhar que estava, mas parace que meu olhar ficou fixado no seu, me distraí tanto que perdi o controle e acabei batendo minha moto em uma fração de segundos numa barraca de bugigangas que tinha na praia, foi tudo muito rápido. Bati a cabeça com força apesar de estar usando capacete eu fiquei muito tonto. Via apenas pequenas cenas rápidas e borradas, minha visão e audição estavam muito ruins. Mas eu me lembro...Eu me lembro dela falando com um polícial ao meu lado.

-O que você estava fazendo aqui? O oficial de polícia disse.
-Eu estava andando e ele bateu a  moto nessa barraca.- Ela respondeu.
-E qual o seu nome? -Perguntou o policial.
- Meu nome é....Sunny.

Em seguida acordo, estou em um hospital e minha mãe está discutindo com meu pai, na verdade ela está gritando com ele.

-Você viu o que aconteceu Carlos? Ele podia ter morrido, eu falei para não dar um moto pra ele, essa sucata só destrói cada vez mais nossa família.

  Meu pai sempre foi mais de escutar do que falar, ele sempre foi muito quieto, ainda mais depois que o meu irmão morreu. Ele que me deu minha moto, ele já havia dado uma para meu irmão. Ele sempre gostou muito de motos, o sonho dele era ter uma Harley, por isso ele sempre me apoiou. Só que minha mãe nunca foi a favor, principalmente depois do acidente, ela não aprovou meu pai me dar uma moto, mas nunca proibiu mas no fundo eu a entendo, ela só não quer que aconteça o mesmo.

Eles percebem que eu acordei.

Meu pai diz:

-Está tudo bem filho?

Eu respondo com uma voz roca:
-Tá, só acho que falta um osso na minha perna -Eu respondo brincando.

E minha mãe me diz furiosa:

-Você NUNCA mais vai andar de moto, você acha que seu irmão iria querer isso?! O que você tinha na cabeça Liam?!

  Eu viro minha cara e olho para o lado evitando qualquer que seja o contato como se estivesse com raiva da janela, da porta, da parede ou de tudo.

  A enfermeira manda eles saírem do quarto e faz o meu gesso.

Voltamos para a casa só que de carro. E ouço mais gritos vindos da minha mãe. A viagem para casa é longa... Só que de uma forma ruim, nunca pensei que iria contar o número de carros vermelhos que vi pela janela do carro só para passar o tempo.
 

SOLSTÍCIO (romance)Onde histórias criam vida. Descubra agora