FIM

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Era em vão tentar evitar que a jovem fosse atrás do amigo. Vardar sabia muito bem disso. A única solução era ir com a filha, para garantir que sua viagem fosse segura. Então comprou duas passagens de ida para a capital e arrumou as malas. Ele não confiava em unicórnios, mas sua filha nunca errava com relação aos amigos.

Viajaram por um bom tempo, cada um perdido no próprio pensamento. Tanto que só perceberam que haviam chegado, quando o condutor lhes tocou o ombro indicando que era a última parada.

Desceram admirando o novo mas também o temendo. Pelo menos era o que Vardar pensava, já que Yosun caminhava com uma segurança que ele nunca havia visto. A pequena exalava autoridade e seus olhos multicor, pareciam estar "vivos". Cada vez que a observava, as cores pareciam se mexer dentro dos globos, algo hipnotizante e intrigante.

Caminharam longas horas perguntando onde era a corte e a que horário julgariam o amigo, mas não obtiveram nenhuma resposta, ao parecer, todos ali temiam o castigo dos caçadores.

-Droga! O que faremos agora, pai? Ninguém quer nos ajudar... Se tão só...-Começou a falar, mas de repente algo lhe chamou a atenção. Um sombra se moveu e Yosun sentia que tinha que ir atrás dela. Aquilo era um sinal.
Correu até o beco que engoliu a sombra e não se surpreendeu ao não encontrar absolutamente nada lá. O que quer que tinha sido aquela sombra, queria ter certeza de que ela não representava perigo.

-Não faça mais isso, filha! -Disse Vardar ofegante. Yosun estava ficando cada vez mais rápida na mesma medida que ele ficava cada vez mais velho.

-Desculpa, pensei ter visto alguém... -Respondeu abatida. O tempo corria e ela precisava ajudar Lumi. De repente uma ideia surgiu na sua cabeça. Caminhou até a parede do beco e sussurrou. -Se você estiver aí, preciso de ajuda. Um amigo corre perigo e sei que pode me ajudar, caso contrário não teria me atraído até aqui, então por favor, se estiver aí, me ajude.

Cruzou os dedos, esperando que funcionasse. Alguns minutos se passaram e quando estava por ir embora, uma mão fria segurou a sua, causando um leve arrepio dos pés até a cabeça.

Uma figura se materializou bem na sua frente. Era um jovem elfo. Podia notar pelos cabelos vermelhos que pendiam até a cintura. Os olhos no tom violeta eram instigantes e o corpo era magro porém definido. Suas vestes eram velhas, quase em farrapos e os pés descalços, tão sujos quanto a própria terra. Quem era esse ser? E porque estava tão negligenciado?

-O que procura está do outro lado da ponte, mas tenha cuidado, eles são maus! Matam sem dó e não lhes interessa quem são. Foi assim com os meus pais. -O elfo declarou, com a voz embargada e a tristeza se apoderou de Yosun. Agora ela tinha mais motivos para salvar o amigo.

-Obrigada... terei cuidado. Não direi a ninguém que nos ajudou. -Agradeceu e empreendeu sua caminhada até o lugar indicado, ao som da súplica do pai.

-Filha, por favor, não vá!

-Eu preciso ir, papai. Lumi não merece ser morto por minha culpa.

-Mas você não o conhece! Talvez tenha lhe atacado! -Segurou seu braço direito, lhe arrancando um gemido de dor ao tocar sem querer na cicatriz que havia ficado depois do ferimento. Apesar de haver passado tanto tempo, o lugar ainda era sensível.

-Não. Ele se assustou. Eu irei, pai, e não importa o que me diga. -Puxou o braço bruscamente. Vardar sabia que estava perdido. Yosun voltara do coma, mais determinada do que nunca a salvar o amigo. -Fique aqui, pai. Não quero que corra perigo por minha culpa. -Pediu e o homem negou. Não deixaria que ela se arriscasse assim sozinha.

-Irei com você, se pensa que deixarei que cometa essa loucura sozinha está muito eng...-De repente sua voz sumiu. Yosun o olhava profundamente e uma vontade extrema de permanecer ali cuidando do pequeno elfo surgiu na sua mente. Ele deveria proteger o jovem. Yosun estaria segura. -Tudo bem filha, ficarei aqui. -Disse simplesmente.

A Domadora de UnicórniosOnde histórias criam vida. Descubra agora