Capítulo 3 - "The Orphanage"

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Lily respirou fundo antes de tocar a campainha do orfanato. Era a primeira vez que voltou ao local depois de ter sido adotada.

Sua mãe a permitiu ir, e lá estava ela. E pensar que saiu dali com aquele vestidinho cinza e uma blusa simples branca, e agora voltava com roupas de verdade.

Embora isso fosse bom, agora que voltou ao local, se sentiu uma traidora.

A mulher abriu a porta. Nem sequer a reconheceu. Lily não tinha altas expectativas de qualquer maneira. Ela mal sabia o nome de Lily enquanto ela vivia ali, e ela esteve aí desde seu primeiro ano de idade.

Porém reconheceu suas roupas caras.

- Sim, criança?

- Meu nome é Lilian Schultz. Eu fui adotada já faz uns 6 meses. Voltei para visitar uma amiga minha, Alexandra?

- Claro, srta. Schultz. Entre, por favor. - ela nunca tinha sido tratada com tamanho respeito e admiração ali. É incrível como essas mulheres eram tão interesseiras. - Aceita um chá? Talvez suco? Um copo de água?

Quando ela pedia essas coisas, chá e suco, as tias brigavam com elas. Diziam que não tinham dinheiro para isso.

- Não, obrigada. - disse ela, olhando pela janelinha o muro onde ela sempre pulava para se encontrar com Zoe. - Posso ter uma conversa privada com ela lá?

A mulher se virou para o lugar.

- Claro. Eu vou chamá-la. Sinta-se à vontade.

Ela foi até o muro de tijolos e tocou nas partes descascadas e sujas com o que parecia ser terra. Era justamente onde ela apoiava os pés para dar impulso.

Se lembrou do dia que foi pega no flagra.

Por sorte não era uma das tias.

Era a Alex, ou como Lily a chamava, Lexie.

Ela ficou abismada com aquilo, mas começou a ajudar Lily, levantando ela. Quando Lily ficava em cima do muro, puxava Lexie também.

As duas desenvolveram uma amizade. Lily precisava ir ao encontro de Zoe. Lexie queria se sentir livre. As duas guardavam sua parte do café da manhã e comiam na pequena viagem. Então, enquanto Zoe e Lily se divertiam, Lexie ficava desenhando na floresta.

E, ao anoitecer, voltavam juntas. Lexie sempre se sentava embaixo de uma macieira, então colhia duas maçãs para elas comerem no caminho de volta.

Foram os únicos momentos verdadeiramente felizes que ela teve com qualquer pessoa do orfanato.

Claro, tinha sua irmã, que a amava muito, e Liv, que era como uma meia-irmã para ela. Mas as três não compartilhavam esse segredo. Elas não tinham algo para conversar sobre, exceto sobre o mundo exterior.

Ajeitou seu rabo de cavalo antes de ouvir a Alex gritando seu nome e correndo até ela, dando um abraço forte na amiga.

- Eu senti sua falta! - disse Lexie, limpando algumas lágrimas.

- Eu também... - disse Lily, sorrindo.

- Eu nunca mais consegui sair. Colocaram esse arame farpado, bem no dia seguinte ao que você foi embora. Se eu levasse um cobertor iria ser muito suspeito.

- Sim... - Lily percebeu a aparência de Lexie. Seu cabelo crespo e negro estava preso em duas marias-chiquinhas. Aquele vestido cinza, a blusa e meia-calça branca e a sapatilha preta ainda fazia parte do uniforme.

- Então... como está sua família adotiva? - embora não ficou muito evidente, Lily sentiu que a expressão corporal e facial de Lexie endureceu. Ela estava pisando em ovos.

- Bem, de início eu pensava que eu estava traindo Lola. Mas depois de um mês, sei lá... eu comecei a me acostumar. A ser amada. A ter pais que querem teu bem.

- Eles são ricos. - afirmou Lexie, já num tom que ficou evidente. Raiva. Ela manteve os olhos fixos no vestido preto com detalhes em vermelho e na sapatilha preta, ambos caros.

- Sim. Jackie, madrasta da Zoe, descobriu sobre mim, e encontrou sua amiga Olivia, minha mãe, que não conseguia engravidar e bem, a aconselhou a me engravidar.

- Nem um pouco interesseira, você...

- Me desculpe? - Lily começou a ficar ofendida.

- Primeiro, falou que sairia daqui somente com sua irmã. Sua irmã tentou e falhou. Depois, fez planos comigo. Quando fizermos 18 anos, vamos sair daqui juntas e formar uma vida. Quando soube que talvez fosse adotada, desabafou comigo, falou que não aceitaria nunca a sra. Schultz como mãe. É só ela te mostrar a mansão, a piscina, o closet, o PlayStation que logo aceita de bom grado. Até a chamou de mãe já. Só se lembrou de mim depois de meio ano. Aposto que enjoou do iPhone, dos computadores à vontade... você é uma falsa, e completamente interesseira. E eu nem sei porque achei que você tinha um bom motivo por ter me deixado aqui, porque te abracei chorando. Agora, não sinto mais nada por você. Nem uma gota de empatia. É apenas uma vadia interesseira.

Lily estava indignada naquele momento.

- Você sabe o quê? Me chama de falsa, mas eu passei anos com você, te chamando de amiga, você dizia que eu era a única pessoa que você gostava daqui... quando volto, você só quer brigar comigo para ter um motivo para acabar com a amizade. Pode me chamar de interesseira, isso não me afeta. Porque, eu posso ter uma piscina, e uma casa grande, e um celular caro, mas eu nunca chamaria a Liv de mãe se ela não me enchesse de amor. Agora, diga que sou egoísta mais uma vez, que eu te faço lembrar de todas as vezes que te salvei de levar uma surra das tias, levando elas em seu lugar. Eu estou feliz de você ter brigado comigo, pois agora consigo ver quem você realmente é, e que tipo de pessoa tóxica que eu mantive ao meu lado todos esses anos. Eu espero que alguém te adote. Talvez desse jeito você aprenda o que é amor e amizade. Passar bem.

Disse ela, sem dar a chance da outra responder.

- Já vai, senhorita? - perguntou a idosa.

- Sim, e eu nunca vou voltar. - disse Lily, fazendo a mulher franzir a testa antes de abrir o portão e deixar ela passar. Quando ela fechou o portão, a mulher gritou:

- Onde está Alexandra? - com raiva.

Lily andou com raiva até sua casa, onde abriu a porta e correu até seu quarto, onde se trancou. Pegou todas suas memórias de Alexandra e jogou no lixo.

Por fim, se jogou na cama, observando o teto que pintaram para ela. Era uma floresta. Ela sempre gostou de florestas. E o lustre faz o papel de Sol.

Aquilo a acalmou, e conseguiu fazer ela adormecer.

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Como eu falei no capítulo anterior, Zoe e Lily tem uma história que eu amo desenvolver e escrever. Elas tem de tudo para se tornarem personagens importantes e muito bem construídas.

E aí? Gostou do capítulo? Tem alguma crítica construtiva? De qualquer maneira, comenta aí o que você achou, pois ajuda muito. Vote também se gostou e até o próximo capítulo!

Bjs da June 💋

The Greatest Hope - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora