A primeira vez foi aos sete anos.
Eu apertei o meu corpo contra a árvore e esperei. A adrenalina fez toda a floresta parecer um cemitério quando comparada à força com que o ar entrava e saía das minhas narinas. Eu tentei ser furtivo, ficar escondido, mas limitar a respiração ao nariz só me fazia parecer mais escandaloso ainda.
A base saliente em forma de quadril da paineira era capaz de me ocultar por completo. Porém eu ainda podia sentir que se aproximava, e pior, que podia através da madeira me ver encurralado. Eu tremia, suava e sabia que o calor daquela tarde não era o responsável por isso. Era o medo. Eu seria encontrado a qualquer momento.
Então os pêlos de minhas pernas se arrepiaram. A presença estava próxima. Eu podia sentir seus olhos me vendo, seus ouvidos me escutando e seu nariz me farejando no ar. Fechei meus olhos. Estava na minha frente agora. Ela queria que eu a visse. Conhecia a mim como eu a conhecia o suficiente para saber que minha curiosidade em algum ponto se convertia em valentia.
Reuni todas as forças que pude. Minhas pálpebras nunca pareceram tão pesadas. Quando finalmente olhei, eu gritei.
Eu estava olhando para mim mesmo.
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Aparição
Misterio / SuspensoUm pequeno conto de menos de uma página de suspense, eu espero.