DARLA
Eu tenho que contar algo sobre o Professor Paterson: ele odeia atrasos. Não importa se você estava saindo de casa quando um pombo-morto caiu no capô do seu carro, ou se você deixou uma velhinha passar na faixa de pedestre, quando o sinal já estava verde, ou se você parou no meio da estrada para tirar um filhote de ovelha marrom de uma área perigosa...
Essas são as piores mentiras que eu já contei para o meu pai por ter me atrasado 15 minutos para a sua aula.
Agora estou aqui, parada na frente da sala de Literatura, fazendo a minha melhor cara de cachorro perdido e olhando para o meu querido professor de literatura que em casa adora ser chamado de papai.
— Professor Paterson, foram apenas 15 minutos — eu disse, tentando persuadi-lo.
— Deixa eu adivinhar o problema da vez... — fez suspense e eu quase revirei os olhos, mas mantive a minha postura de boa garota para não perder mais essa aula. — Uma velhinha estava dançando break na frente de casa?
Os alunos riram e eu mordi a língua para não falar nenhuma besteira. Como diz a minha mãe, eu sou ótima em falar coisas sem noção na frente de pessoas sem noções... Parece que eu tive a quem puxar. Cruzei os braços, irritada, mas ainda com o olhar arrependido de antes. Fiz o mesmo biquinho que fazia há seis anos.
Ele é o meu pai, afinal, quem resistiria ao ver a sua pequena e única filha quase chorando? Mark Paterson com certeza não.
— Pai, qual é? — Descruzo os braços e agarro a alça da minha mochila. — Por favor!
Ele bufou baixo e como sempre, eu estava certa. Voilà!
— Entre antes que eu desista — disse, abrindo espaço para que passasse, mas me chamou pelo nome antes que eu fosse para a minha cadeira. — Essa foi a última vez.
Assenti e, quando dei as costas, revirei os meus olhos.
Quando me sentei, o Professor Paterson já encostava o quadril em sua mesa e cruzava os braços, revelando seus músculos e fazendo todos da turma arfar. Sinceramente, ele tem idade para ser pai de todas as pessoas dessa sala. Dessa vez ao revirar os meus olhos, a minha cabeça doeu.
Não era legal ser filha dele aqui no colégio. Era... Revoltante ter que andar pelo corredor e ouvir algum comentário idiota sobre como o meu pai é sexy. Literatura sempre foi a minha matéria preferida, mas desde que eu entrei no ensino médio, o Professor Paterson é o meu professor e os comentários começaram a ser ouvidos não só no corredor, como também na merda da sala de aula.
Meus pensamentos estavam distantes quando eu senti uma coisa macia se chocar em minha cabeça. Pisquei atordoada lembrando onde estava, olhei para trás e vi o autor daquele escárnio: Jay-Scott.
— Obrigado, Jay, acho que há alguém aqui que não está tão interessada no trabalho que vale metade da nota final. — Professor Paterson olhou para mim. Franzi o cenho.
— Que trabalho?
A turma gargalhou de novo. Céus, agora eu virei palhaça? Meu pai continuava me olhando duramente, ele nunca facilitou para mim, e olha que eu tenho a maior média de todo o colégio em sua matéria.
Ele limpou a garganta antes de continuar, seja lá o que ele estava falando e, dessa vez, eu tentei prestar atenção.
— O trabalho consiste em criar duplas para exercer uma atividade diferente daquelas que vocês estão acostumados em todas as aulas — subiu o seu óculos de grau com o dedo indicador. — Bom, usaremos a prática para expressar a literatura e as suas diversas nuances. Ficará mais compreensível assim que eu distribuir fichas para vocês elegerem as suas próprias formas de expressão. — Ele fez uma pausa enquanto pegava alguns papéis da sua pasta. — Jay, você pode me ajudar a distribuir?
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Ficțiune adolescenți© 2019 por lily anastácio | todos os direitos reservados. HATERS TO FRIENDS TO LOVERS - TRIÂNGULO AMOROSO - SLOW BURN - ELE(S) SE APAIXONA(M) PRIMEIRO. E se você fosse obrigada a fazer um trabalho de literatura com o capitão do time de futebol? E se...