Eles esmurravam a porta do lado de fora ao ponto de estremecer minha casa.
O barulho de suas pancadas ecoava pelos corredores como se estes me procurassem.
Os ladrilhos aos poucos caiam ao chão; aos poucos tentavam desconstruir o que construí.
As luzes balançando no teto projetavam na parede a sombra de meus próprios temores.
Antes aqui fora uma cabana, hoje meu refúgio era um casareu de vastos cômodos.
Eles eram abundante lá fora enquanto eu sempre fui o único habitante dessa morada.
Conseguiriam espiar pelas janelas se estas não fossem altas o suficiente para suas faculdades.
Suas vozes lá fora eram abafadas por grossas paredes que me protegiam de seus insultos.
Eles decidiram cortar a luz, mas eu já havia aprendido a andar no escuro.
Cortaram minhas provisões, porém eu já possuía tudo para me manter.
Alguns viram como exílio; eu vejo como instinto de autopreservação.
Foram audaz em cavar para adentrar por baixo, mas a fundação era de rocha.
Tentaram escalar, sem sucesso; o teto era inalcançável.
Foi quando então tentaram me demolir e eu não tive outra escolha; deixei-os entrar.
Meus próprios pensamentos hoje habitam dentro de mim e adornam minha morada.
Deixem-me sair.
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Camadas do Medo II
HorrorOs fatos a seguir são frutos de uma mente conturbada e eu aconselho e estimulo que os sigam em todos os aspectos.