Capítulo 3

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PEDRO

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Não estava preocupado com a situação. Já tinha acontecido comigo no meu prédio duas vezes. Mas percebi que a Triz tava incomodada. Resolvi quebrar o silêncio.

- Sabe o que eu tava pensando? - disse a encarado.

- Hmm? - perguntou sem me olhar. Parecia distante.

- Em quando você me xingou no dia do meu aniversário - disse a fazendo rir. Eu conheci a Triz no dia que fiz 15 anos. Ela estava sentada em um banco no Central Park. Estava lendo um livro, e eu cheguei perguntando qual era e me sentando ao seu lado. Ela tomou um susto, mas me respondeu. Depois, tentei chegar nela com aquelas cantadas idiotas de adolescente. E ele me mandou ir pra puta que pariu e saiu batendo o pé. Fiquei lá sem entender nada. Na minha cabeça aquelas cantadas super funcionavam. Que idiota kkk.

- Ué, você foi um babaca - disse finalmente olhando pra mim.

- Não sei o que deu na minha cabeça em achar que eu estava arrasando - disse rindo.

- Foi a pior cantada que eu já ouvi - ela disse dando um sorriso de lado.

- Ah para, não pode ter sido a pior - disse convencido.

- "Seu pai é padeiro? Porque você é um sonho" - disse imitando a minha voz. Depois caiu na gargalhada.

- É foi realmente muito ruim - disse rindo também. Ficamos um tempo nos encarando, mas depois ela desviou o olhar. Percebi que estava com vergonha, ela é minha melhor amiga e a conheço como a palma da minha mão.

- Sabe a Mari? - ela disse depois de um tempo.

- A Mari George? - me fiz de desentendido.

- Essa mesma. Sexta na escola ela me perguntou sobre você - fiz uma cara de quem não tava entendendo nada.

- O que ela perguntou?

- Se você curtia ruivas - ela tava se segurando pra não rir. Eu tive uma queda pela Mari no ano retrasado. Eu era doido com ela, e a Triz sabia.

- Humm - fiz que não ligava, mas a curiosidade falou mais alto - e o que você falou? - ela riu e me encarou.

- Ta interessado porquê? Não disse que ela era paixonite antiga e que seria bola pra frente? - ela disse com um sorriso convencido.

- Ah, para Bia. Eu só quero saber. Anda, desembucha - fiz uma arma com a mão e apontei na direção dela.

- Nossa! To morrendo de medo! - disse e depois deu um sorriso debochado - Eu disse que sim. Você curtia ruivas. Ai ela me pediu seu número na cara dura, mas eu não passei.

- Poxa Triz! Estragando meus esquemas!

- Ué não vou ser pombo correio de ninguém não. E outra, ela tem que falar com você, não comigo.

- Aff - disse e depois de um tempo perguntei - Você acha que eu chego nela? - Ela sabia que eu ainda tinha uma quedinha por ela mesmo eu sempre negando.

- Ah sei lá. Acho que sim né? Se ela perguntou é porque ta afim - assenti, e depois ficamos jogando conversa fora e rindo.

BIA

Falamos muito. Fazia tempo que não conversamos assim. Normalmente era eu, a Helê e ele. E a Helena sempre saia com a gente, então a conversa era em grupo e sobre outras coisas.
Depois de um tempo o elevador abriu.
Como assim? Já tinha passado 2 horas? Olhei meu relógio e tinha passado 2 horas e meia.

- Boa tarde - falou um homem entrando no elevador e checando os botões.

- Boa tarde - dissemos eu e Pedro em uníssono. Saímos do elevador pra deixar o moço olhar.

- Desculpem a demora, estava em outro serviço, e acabei me atrasando - disse o homem.

- Tudo bem - disse o Pedro.

- Beatriz! - escutei uma voz familiar e me virei pra trás pra olhar a tia Alex.

- Oi tia - falei enquanto ela me abraçava.

- Está tudo bem?

- Ta sim, foi só um susto - disse tentando tranquiliza-la.

- Que bom. Eu e seu tio ficamos preocupados.

- Relaxa já ta tudo bem.

- Oi Pedro! Agora que te vi aqui - disse indo abraçar meu amigo.

- Eae tia! - o Pedro ja tinha intimidade com o pessoal lá de casa. Por isso que a minha família ficava feliz quando eu saía com ele.
Nós três ficamos ali conversando mais um pouco. Depois eu me lembrei que iriamos sair.

- Ei, ta afim de tomar açaí ainda? - perguntei quando minha tia ia conversar com o técnico. Queria conversar mais, já que não era sempre que conversávamos assim.

- Você gosta mesmo de sair né? - fiz uma cara de pensativa.

- Claro, tenho que aproveitar a oportunidade de você pagar né, Pluto? - ele sorriu quando disse o apelido.

- Haha, muito engraçado - ele disse sendo irônico.

Saímos do prédio e fomos andando pela calçada. Não é muito comum açaí aqui, mas tinha uma açaiteria perto do Central Park. Fomos andando e conversando sobre assuntos aleatórios.

- ... depois eu meti o pé, não tava afim de bater boca - o Pedro disse explicando a última conversa com seu pai.

- Nossa que chato. Mas pensa pelo lado bom, você tem o apoio da sua mãe, e isso já ajuda muito - disse colocando o cabelo atrás da orelha.

Estavamos falando sobre a conversa que ele teve com os pais sobre entrar na faculdade de direito. Por mais que seja uma faculdade que muitos pais teriam orgulho de seus filhos escolherem, os dele não. A mãe dele até entende mas o pai quer que ele faça medicina. E não aceita um não como resposta.

- Sim, mas eu sei que ela queria mesmo é que eu fosse médico - ele falou um pouco triste.

- Às vezes os pais são bem difíceis. Mas você já sabe o que quer fazer e eles não podem mandar em você pra sempre - eu disse entrando na açaíteria. Não era muito grande, mas era bem confortável.

- Eu sei. Mas enfim, vamos mudar de assunto - ele disse entrando atrás de mim. Logo depois, uma moça veio nos atender. Fizemos os pedidos, e escolhemos outro lugar para sentar, já que não estava tão cheio. 

- Ei, aquela não é a Mari? - eu disse sentando na cadeira.

Sinceramente, não ia muito com a cara dela não. Tinha a maior pose de metida e ficava se exibindo pra Deus e o mundo. Típica patricinha americana.

Ele olhou pra ter certeza, e deu de ombros.

- Espero que ela não tenha visto a gente. Não to afim de ficar de vela - disse dando uma olhada no cardápio.

- Até parece né, Bia - desconversou.

- Aposto que se ela chegar aqui, você fica caidinho por ela né? - perguntei sem esperar uma resposta - Assistiu a série que eu te falei? - perguntei mudando de assunto.

- Nem tive tempo, Triz. Mas eu prometo que vou assistir.

- Assiste em, se não eu apareço na sua janela de noite - disse sorrindo e  dando uma olhada na mesa que a Mari e as meninas estavam. Por sorte, a mesa era meio longe e ela não nos viu ali. Ficamos ali conversando até o nosso pedido chegar.

Marianne George

Marianne George

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