Veronika

Prólogo

Alguma vez já se sentiu culpado por estar gostando de alguém que não deveria jamais? Gostar do senhor Hamilton era assim. Completamente errado, proibido mas ao mesmo tempo bom e inevitável. 
Éramos de fato distantes em todos os contextos, idade, posição profissional e vida pessoal. Sem chance.

Gabriel Hamilton era meu professor de física há um ano mais ou menos, o velho Baltazar aposentou-se e ele chegou para ficar.
Era intimidador. Atraente. Alto e forte. Cabelos castanhos escuros, pele clara e olhos tão azuis quanto o céu, diria que altamente hipnotizante. Lábios perfeitamente desenhados e beijáveis. Perfume amadeirado misturado por cigarros de canela. 
Fumava-os todos os dias no estacionamento da escola, no fim das aulas.
Uma obsessão secreta. Eu o observava todos os dias pelos corredores, cada dia atraída a desejá-lo. É claro que me culpava  todo dia, como se fosse um pai, irmão, intocáveis e impossíveis de os ver com malícia. Professores, quase paternos como educadores possuíam aquele ar. Porém não era o que eu via no senhor Hamilton.
Parei de frequentar suas aulas por algumas semanas, olhá-lo e não tê-lo era torturante. Uma tremenda tolice, aquilo chamou sua atenção. 

Aulas particulares pois meu autoritário pai ordenou, uma péssima ideia. Preferia-o longe de mim. Por que diabos fiz aquilo? Não imaginei que viesse atrás, logo imaginei que reprovaria na sua matéria e deixaria meu pai furioso em troca de não sofrer.

Maldito sacripanta. Fez pelo dinheiro extra. Como podia gostar de alguém assim? 
Meu pai devia achar que tudo devia ser feito conforme seus mandamentos, que tudo funcionava na base do dinheiro. Nunca se importou com meu andamento escolar.
Não ia aliviar para o lado do senhor Hamilton, não pretendia me apaixonar mais por aquele homem sem escrúpulos. Não me importava se reprovasse, o que mudaria na minha vida um ano mais ou menos? Exceto pais decepcionados e dinheiro perco.