São Francisco — Califórnia, 1973.
Era o meio de um verão muito quente e longe de acabar, e insuportavelmente naquele dia precisava ir a casa dos Cooperfield avisar que mais uma vez a filha mimada Veronika estava faltando nas minhas aulas e para piorar suas notas estavam decaindo na minha matéria, física. A garota possuía algum plano de querer boicotar somente minhas aulas, me odiava tanto ao ponto de sacrificar seu ano inteiro praticamente, ou havia um medo irrefreável sobre física. Chuto a primeira opção.
Bruxinha.
Era metade do mês de maio e logo chegaria as férias, ou aquela garota prestava a atenção nas minhas aulas particulares que seu pai sugeriu ou eu a reprovava sem dó, afinal, ela não merecia misericórdia alguma minha.
Claro que a filha dos Cooperfield recebeu a chance de melhorar, em seu último ano a filha de um empresário renomado nem em malditos sonhos poderia fracassar e a faculdade era uma espécie de lei na família. Uma mente brilhante sempre, "nem que eu a fizesse engolir o livro" como seu pai ordenou me pagando trezentos dólares a hora.
Bingo.
A menina assistiu minhas aulas algumas vezes e foi o suficiente para me irritar com suas conversas banais entre sua amiga atrapalhando a explicação e claro, a expulsando da sala. Ela fazia aquilo de propósito, gostava de me irritar. Qual o intuito a menina possuía?
Agora Veronika Cooperfield terá o desprazer da minha companhia três vezes por semana, ah sim. E não estou aqui por gostar de incomodá-la, um profissional também admira o que ganha, e sua birra rendeu-me dinheiro a mais.
Desci do carro em frente a grande casa que mais parecia um casarão de praia. Apertei a campainha e esperei que me atendessem.
– Pois não? – perguntou uma voz masculina soando séria e educada, deveria ser o mordomo. Sempre agiam como se tivessem reis na barriga.
– Olá, sou Gabriel Hamilton professor de física da senhorita Veronika Cooperfield, tenho aula marcada com a mesma.
– Oh sim, entre, está liberado. – não me esperou responder e desligou imediatamente, como se eu fosse um ser pobre a entrar em um grande palacete.
Ricos.
Havia uma grande porta de entrada, os cachorros estavam amarrados e deitados na sombra descansando e uma empregada de aproximadamente trinta anos me esperava para receber-me, tudo era uma cerimônia.
Que grande frescura.
– Como vai senhor…? – deu uma pausa com a sobrancelha erguida e cenho franzido, como que tentando lembrar-se de algo. O maldito mordomo não informou meu nome.
– Gabriel. Gabriel Hamilton senhorita, muito prazer – me aproximei pegando sua mão pequena e quente a apertando num cumprimento cordial. Sua aparência era boa, cabelos castanhos e olhos castanhos esverdeados, corpo magro e pequeno, nada mal. Seus olhos brilharam em contentamento. Entramos e a senhorita guiou-me até a sala de estar.
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Veronika
RomanceCalifórnia, 1973. Existem histórias complexas demais para entender o amor e suas circunstâncias, porque nem sempre há um final feliz. Gabriel e Veronika era um amor proibido, avassalador e perigoso. Aluna e professor eram proibidos pela sociedade, o...