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Helena adentra o consultório com uma aparência apática, e cumprimenta a Dr.Giovanna.

- Bom dia

- Bom dia! - disse a doutora - Como tem se sentido ultimamente?

- Como eu tenho me sentido ultimamente? - pensou - Péssima. É tão ruim me olhar no espelho e me sentir enorme.

Ela se olhou no espelho e não reconhece a si mesma. Não importa o que aconteça, sempre haverá algo de errado.

"Ah, até que isso é legal, mas não em mim"

"Gorda de mais"

"Que cabelo horrível"

Ela passou a mão em sua bochecha, e como uma pinça, agarrou ela puxando e achando um pouco horrendo o tamanho de suas bochechas.

Quanta gordura havia ali?

Tocou em suas clavículas, nem eram tão aparentes, aquilo mexeu um pouco com ela. Seus dedos estavam cheinho, sua barriga não era tão seca agora, tinha uma gordurinha no final dela.

- Helena, você está realmente gorda. - suspirou

Sentiu sua barriga roncar de fome, foi até o armário e de lá tirou pães, frutas e suco colocou em um prato e foi assistir alguma coisa na TV.

E então como um gatilho, a mente de Helena voltou para uns minutos atrás. Seu estômago parecia tão grande... Suas bochechas...

Se ela estava triste? Com certeza.

Ainda restava algumas fatias de pães e mais da metade do suco, o que fez a garota levantar pegar os dois e jogar o suco pelo ralo abaixo e jogar as fatias de pães fora

Quem sabe quantas calorias tinha ali

Muito carboidrato

Helena reparou em cada detalhe de seu corpo, ela pegou desgosto de si mesma

- preciso comer cada vez menos, ainda não dá pra ver meus ossos, então ainda estou gorda

Ela precisava entrar nos padrões.

Magra, alta, bonita. Mais, principalmente magra ao ponto de ter seu rosto fino, os ossos da clavícula a mostra, as coxas longe uma das outras, pulso fino.

Helena queria se sentir algo perfeito, onde todos a invejassem e a quisessem para si ao mesmo tempo. Queria ser perfeita, queria ter ossos aparentes, queria ter pessoas falando o quanto ela era magra e bonita quando passassem, ela só queria ser perfeita... Só perfeita.

E pessoas perfeitas não comiam. E era isso o que ela estava fazendo. Pegando nojo de comidas. Engolia no máximo sem sentir arrependimento, frutas ou legumes, ou fora tudo isso, um suco detox.

Menos...

Menos...

Comer menos...

- Ainda não está bom!

Sou horrível e ninguém vai me amar se eu estiver gorda.

Mais...

Mais...

Vomitar cada vez mais.

Pôr pra fora a salada de ontem.

Mais magra, mais perfeita, mais bela.

Estou linda, e estou bela

Bela, porém não viva

A morte é o preço da perfeição.

Adeus Onde histórias criam vida. Descubra agora