MISTIC FALLS

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            Se eu soubesse o que aconteceria, eu jamais teria saído do quarto. O verão estava apenas começando em São Francisco –Califórnia- o ar estava abafado, e como sempre nao irei para casa. Sou interna da melhor escola da cidade, e estou aqui desde meus cinco anos, nao vejo meus pais faz uns seis anos, falo com eles, mas apenas por ligação ou carta, estou morrendo de saudades. Porque eles param de vir me ver? Também nao sei, sempre arrumam uma desculpa. Poucos ficam na escola nas férias, subo correndo as escadarias até meu dormitório que divido com mais duas garotas, que por um acaso foram em bora, isso significa que o quarto é todo meu. Me jogo na cama e pego meu livro favorito, mas algo me distrai em meu mural. Eu tenho 16 anos bom ainda não, mas estou quase completando, daqui dois dias para ser mais exata. Em 16 anos e a única coisa que conheço é a escola, vivi por cinco anos na minha cidade natal mas nao lembro muita coisa. Me pergunto por que fizeram isso apenas comigo e nao com meu irmão Tyler. A foto dele no mural faz meu coraçao dar uma fisgada, estava com saudades dele, somos um pouco diferentes, mas nem tanto me pergunto como ele estaria hoje, sera que lembra que eu existo. Nas visitas que meus pais faziam ele nunca vinha, me traziam fotos e presentes que ele mandava, mas nunca ele. Olhando para foto adormeço.

           No final da tarde acordo num pulo, pesadelos me perseguem e normalmente é o mesmo. Levanto e vou para o banho, e desço para o grande salão, para o jantar, sussurros sobre mim invadem meus ouvidos, Laila sempre falando coisa que nao sabe. Me sento e todas agradecemos pelo alimento, assim que terminamos o jantar  a madre libera todos para fazerem o que quiserem, então vou em direção ao pátio, uma linda e enorme sacada que fica bem alto da para ver o rio de longe. Me curvo e apoio a cabeça na mão e fico escutando os animais. Depois de uns minutos escuto passos e viro e vejo Laila com seu grupinho.

- Você nunca sai dessa escola, Aysha- fala ela chegando mais perto – seus pais te colocaram aqui porque nao gostam de ti, se gostassem viriam lhe visitar pelo menos- fala, essas palavras me acertam como um soco.

- Nao enche Laila- falo grossa

- Admite, que eles te largaram aqui numa escola apenas de meninas para você nao poder sair e ser a virgem maria- fala ela e dá uma gargalhada, ela sempre me encheu o saco, mas hoje tudo estava me atingindo com mais intensidade, nao consigo controlar minha raiva e parto para cima daquela loira aguada. Mas nao percebi que ela estava perto de mais da borda da sacada e quando a tinjo ela cai uns tres metros até tocar o chão num baque. As garotas que estavam com ela me olham aterrorizadas, o medo e arrependimento tomam conta de mim. 

        Horas mais tarde, eu estava trancada em meu quarto, eu acabei de matar alguem aquilo destruiu tudo. A diretora vai entrar em contato com meus pais pois fui expulsa. Eu explique que foi sem querer por isso nao estou indo presaou sei lá. Minhas malas estavam feitas e minha vida vai de ruim para pior. 

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        Laila caindo da sacada ainda estava em minha mente. Esse é o pior aniversario de todos, trancada dentro de um carro com pessoas muito bravas que nem me conhecem direito. Dois dias depois do acidente eu estava a caminho de casa e iria ter uma vida normal de novo. O mais estranho é que eu estava feliz, não me julguem serio eu iria viver e a morte dela foi a pior coisa que aconteceu mas as consequência foram as melhores, eu sentia que nada seria como antes e aquilo atiçava algo escuro dentro de mim algo ou alguem que até agora nao deixei sair porque nao tive oportunidade. Faltava poucos quilómetros para chegarmos e a ansiedade aumentava muito a cada minuto. Meus pais falaram quatro palavras comigo desde à Califórnia "depois a gente conversa". minha relação com eles nao existe ja que morava em outro estado do outro lado do pais.

      Finalmente chegamos em Mistic Falls na Virginia, e me senti em casa me sentia renovada e que coisa estranha me sentia mais forte, me fez esquecer dela caindo e eu ter sido culpada por aquilo. Atravessamos a cidade até uma linda e enorme mansão branca. Descemos do carro e foi ai que eu notei que o homem que estava com nós no carro nao era meu pai. Faz tanto tempo que nem notei antes. Nao quis perguntar sobre ele ali fora então nao falei nada. Entramos e quase tive um enfarte quando alguem me abraça e me leva lá em cima, olho para ver quem era. Tyler lindo e forte, meu irmão e seus  lindos olhos castanhos mostram que ele está feliz em me ver e que ele nao me esqueceu.

- Como você cresceu, está tão linda maninha- fala ele enquanto me coloca no chão

- É você também cresceu. Quer dizer eu nao lembro muita coisa mas você ta bem diferente da última foto que recebi- falo e dou um sorriso torto

- Aysha! Temos que ter uma conversa muito séria sobre o que aconteceu- fala minha mãe com uma voz nada feliz – bob! leve a garota para seus aposentos, por favor- diz para o homem que diria o carro.

- Sim senhora !- diz serio

- Assim que se acomodar desça para conversarmos- fala dando um beijo no rosto de Tyler.

- É... mãe?- falo meio insegura

- O que?- pede fria

- Onde está meu pai?- peço

- Depois conversamos Aysha- fala e sai do hall de entrada. Eu subo atrás de bob a enorme escada até um corredor com várias portas, entramos em uma, eu me lembrava daquele quarto todo roxo com ursinhos nas paredes uma caminha pequena de solteiro. Meu antigo quarto parece que ninguém entra aqui a anos. Um pressentimento ruim me faz arrepiar. Olho envolta curiosa.

- Bob, muito obrigada pela ajuda- agraço e ele sai e logo entra meu irmão

- Ninguém quis mexer!- fala- e foi tão rápida sua vinda pra casa, que nao deu tempo de mudarmos nada, mas se quiser amanhã vou com você comprar coisas para o quarto e......- ele é interrompido pelo toque do celular. Ele sai e me deixa sozinha assim que arrumo tudo ja nao está mais dia. Desço e vou ao encontro de minha mãe que se encontra na mesa de jantar comendo

- Desculpa o atraso- falo

- Tudo bem- fala- temos muito que conversar. Tem algumas coisas que aconteceram, e o que aconteceu com aquela menina na escola- finaliza com uma garfada de macarrao

- Aquilo com Laila foi um acidente ela me provocou e quando vi ela estava caindo- falo, era verdade nao foi minha intenção

- Nao sei, eu nao estava lá mas vamos deixar esse assunto de lado, ate por que ja aconteceu nao temos como voltar atrás, vamos fingir que nunca aconteceu, nao comente com seu irmão ou com qualquer outra pessoa, sou a prefeita dessa cidade e temos que manter a imagem um assassinato nos deixaria mal- fala

- Pera, você prefeita e o papai?- pergunto

- Richard infelizmente nao esta mais entre nós- fala com a voz amargurada, aquilo me arrasa

- Por que ninguém me falou?- grito pulando da cadeira

- Nao queríamos preocupa-la

- Faz quanto tempo?

- Quase um ano- fala

- Por que ninguém me falou- digo ja chorando- eu tinha esse direito ele era meu pai, minha familia também- grito mas a tristeza é substituída por uma raiva incontrolável. Olha para Carol que continua comendo sem nem uma expressão, ela era tão fria comigo – e você nao diz nada- continuo uma incrível adrenalina me invade e empurro a mesa pra longe, que se choca com a parede fazendo rachar a mesma

-Quem você pensa que é para chegar quebrando tudo garota- fala com raiva e espanto, aquilo acaba com oque tinha restado de mim, eu simplesmente saio e vou pra rua e começo a correr sem direção.


descendenteWhere stories live. Discover now