Um Amor Inesperado

Capítulo 1

LOSA

Encarava o computador portátil no meu colo enquanto pensava em qual faculdade iria inscrever-me, conclui os meus estudos há um ano. As minhas notas sempre foram ótimas, mas não sei exatamente qual profissão seguir. Hoje é domingo, não gosto dos domingos, sempre é tão chato, não tem nada para fazer. Provavelmente passarei o dia assistindo séries ou filmes com a minha mãe, ou até mesmo os dois. Eu já estava deitada na cama faz praticamente três horas ou mais, olhando para o teto, e pensando em alguma coisa para me tirar desse tédio diário.

O meu irmão mais velho está viajando, fazendo testes para se tornar ator, esse é o sonho dele. Ele sempre foi cuidadoso comigo, protetor e preocupado. Me liga diariamente e insiste para que eu diga sobre minha vida amorosa, o que não é ótima. Segundo ele, nenhum homem merece o amor da irmã mais nova, e isso é o que acho fofo nele.

Meus pais são separados desde que eu tinha oito anos e Nikolai doze, por isso ele sempre é atencioso comigo, eu sofri desde pequena por falta de amor paterno, mas depois de um tempo percebi que minha mãe merecia mais, e que se acabou o casamento, com certeza haveria um motivo.

Morávamos no Brasil. Meus pais se conheceram quando meu pai veio a trabalho para Los Angeles. Depois disso eles saíram, e logo começaram a namorar, dois anos depois se casaram, após mais dois anos minha mãe engravidou do Nikolai, e quando o Niko completou quatro anos, eu nasci. Quando se separaram, minha mãe foi embora e voltamos para Los Angeles.

Quando completei onze anos, o Arthur, meu pai, começou a ligar para mim, ligava todos os dias às duas da tarde e sete da noite. E o vazio que eu ainda sentia foi preenchido, ficava feliz toda vez que o telefone tocava e ouvia a voz dele. Nikolai, por sua vez, nunca o perdoou, ainda não superou o abandono e acho que ainda levará tempo para isso acontecer.

Depois de dois anos do fim do casamento, minha mãe sorriu de novo. A felicidade dela era a coisa mais importante para nós. Começou a sair, coisa que ela havia parado de fazer, e também focou mais no seu trabalho. Ela tem um salão, e é um dos mais famosos da cidade, ficando em primeiro lugar no mercado. Sou muito orgulhosa, porque sei o quanto ela batalhou e tudo foi conquistado pelo seu suor.

— Tenho que fazer essas unhas. — falei após perceber o quão ridículas elas estavam. Os esmaltes saíram totalmente e só tem restos dele nos cantos.

Levantei da cama e ajeitei minha roupa que havia amassado. Desliguei e fechei o notebook, guardando ele na gaveta da escrivaninha. Saí do quarto e ouvi minha mãe me gritar enquanto descia as escadas.

— LOSA! — sua voz veio da cozinha.

Hoje a mulher estava em casa. Ela administra o salão de segunda a sábado.

— Que foi? — gritei de volta.

Às vezes nos comunicamos assim.

— Seu celular está tocando. — ela falou, enquanto eu entrava na cozinha.

Sorriu para mim e continuou o que estava fazendo.

— Quem é? — perguntei curiosa.

Esqueci o telefone na sala.

— Não sei. Estou ocupada. — ela respondeu, com a voz meio grossa, e franzi a testa.

Bufei descrente e rolei os olhos.

— Está irritada? — comentei brincalhona, arrancando olhares feios da mais velha. — Talvez tenha sido o Niko...

— Você só anda nesse quarto, Losa. — ela disse, me repreendendo.

Minha mãe estava certa. Desde que Raissa viajou, eu não saía de casa. E quando resolvia sair, era apenas para coisas necessárias, mas nunca para curtir.