Capítulo 4

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JACK 

Safira exigia uma explicação para o ocorrido, mas quando eu falava a verdade. Ela mesma não queria acreditar. Losa é amiga da Raissa e eu não poderia deixá-la naquele estado deplorável onde ela se encontrava ontem. Estava completamente bêbada e frágil. Alguém poderia abusar da sua fragilidade a qualquer momento.

— Por que está quieto, Jack? — perguntou. — Por que não fala nada?

— Eu já te disse várias vezes o que aconteceu, mas você não acredita. — falei. — Você não quer acreditar, Safira.

— Por que parece que você está mentindo para mim? — me olhou com uma expressão confusa.

— Você sabe que eu não estou mentindo. — suspirei. Molhei os lábios e olhei para ela. — Você só quer um motivo para brigarmos, Safi. Nós dois sabemos disso.

— A gente não está dando certo mais. — murmurou, com a voz baixa e arrastada.

Ultimamente só estamos brigando. Tudo era saudável no começo, há três anos. Gostávamos muito um do outro. Nossa paixão era muito forte, mas para nossa tristeza foi algo momentâneo. Após dois anos o relacionamento esfriou. Raramente queríamos nos ver, ficamos meses afastados, e todas às vezes que nos víamos, parecia estarmos encenando para outras pessoas, como se fosse tudo ensaiado.

E depois da sua traição tudo falhou. Safira havia me traído com outro homem, o qual eu nunca vi. Ela tinha o conhecido durante o tempo que estávamos afastados. No dia em que contou para mim, fiquei furioso. A única coisa que passou pela minha cabeça foi fazer o mesmo, e então fiz. Me arrependo, mas não pela Safira, e sim por mim. Eu não deveria ter me rebaixado a tal comportamento.

Depois resolvemos tentar salvar nosso relacionamento, o que de fato deu certo no começo, mas nada adiantou. Tudo estava destruído e acabado. Não tinha mais salvação. Em qualquer briga, nem que seja a mínima que fosse, um sempre jogava na cara do outro essa história de traição. Isso só machuca ainda mais.

— Você mente para mim, Jack. — falou. — Você disse que ela era apenas a amiga da sua irmã, e que você considera Losa como irmã também.

— Estou cansado, Safira. — falei, sentando na cama e colocando as mãos no rosto.

— E você acha que eu não? — perguntou. — Jack, eu não consigo sair daquele tempo. Eu realmente não consigo me perdoar pelo que fiz, e sei que isso também foi um dos motivos para estarmos nessa situação.

— Toda vez que tocamos nesse assunto, um se machuca ainda mais. — murmurei. — A única solução é terminarmos. O nosso sentimento esfriou, e você sabe disso. Acabou. Não somos mais um apaixonado pelo outro.

— O quê? Somos sim. — sua voz saiu como um sussurro. — Por favor, não vamos acabar tudo agora. Talvez se... — parou e me olhou. — Talvez se tentarmos só mais uma vez, podemos recuperar tudo.

Não respondi. Não tinha mais volta. Estava tudo acabado. Suspirei enquanto levantava da cama. Andei até ela e a puxei para mais perto. Dei um abraço apertado, alisando suas costas.

— É isso mesmo que você quer? — perguntou. — Jack...

Eu assenti.

— Isso fará bem a nós dois. — assenti.

Safira assentiu e pegou sua bolsa. Saiu do quarto pisando duro e sem dizer mais nada. Sei que é doloroso, mas será melhor para nós dois. Nosso relacionamento se tornou tóxico e estava nos machucando. Após ajeitar minha cama bagunçada, tomei um banho demorado para esfriar a cabeça e até que resolveu um pouco. Minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos, e eu só queria que eles fossem embora. Enquanto andava pelo quarto, acabei pisando em algo, então me abaixei para pegar. Era um brinco de passarinho. Médio e prateado. Coloquei-o em cima da escrivaninha. Talvez fosse da Safira. Acho que ela deixou cair. Porém, não lembro da mulher ter usado algum brinco de passarinho.

Um Amor InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora