Estávamos cada vez mais próximos de onde vinha a fumaça. Eu conseguia sentir um cheiro de madeira queimando, o que foi um alívio pra mim depois de pensar que meu olfato nunca mais seria o mesmo.
- Ainda não... - Consegui ouvir Haila falando sozinha.
Acho que foram 30 segundos, só 30 segundos para chegar ao local de onde vinha a maldita fumaça, mas foram os 30 segundos mais longos da minha vida. Meus pulmões pareciam queimar e minhas pernas doíam tanto que me joguei no chão assim que tive uma chance.
Depois de reduzir a velocidade e parar um pouco afrente de onde me joguei no chão, Haila pareceu mais calma, e digo isso antes mesmo de olhar para o rosto dela porque a cena que nós vimos era bem... Normal!
- O que houve? - Pergunta Hiro, confuso enquanto põe, literalmente, lenha na fogueira.
- Ah, nada... A gente só queria correr um pouco depois de terminar com aquele infern- digo, trabalho - Respondo pra tentar explicar, embora eu nem sequer tenha entendido o porquê de correr até aqui muito bem.
Haila ficou calada, ainda em estado de estafa. Analisando a cena, não tinha nada fora do normal. Sara, como eu havia mandado um pouco antes de sair, veio trazer a comida para meu pai - que estava cortando madeira um pouco longe dali - e Hiro, que fazia uma fogueira para esquentar a comida (ele odiava comer comida fria).
- S-sim, a gente tava correndo, haha
- Vocês já comeram? - Pergunta Sara enquanto saia do meio das árvores. Ela parecia estar pegando algumas frutinhas.
- Claro que não! Você acha que seu irmão é algum tipo de masoquista que gosta de vomitar?
- ... S-
- NÃO RESPONDA!!
- Tanto faz, eu trouxe o bastante, se quiserem comer, comam.
- Bem, vamos aceitar sua gentileza, querida irmãzinha!
- Nojento - Ela olha com repulsa e parte meu coração.
Ainda atônita, Haila joga os seus fios de cabelo esvoaçantes para trás e se senta ao meu lado em um toco de madeira recém cortado.
Enquanto isso, Hiro colocava uma grande panela de barro no fogo e despejava o ensopado de batatas que Sara trouxera lá dentro.
- Diretamente do jantar de ontem - Comento em tom de brincadeira pra tentar aliviar o clima e deixar Haila mais confortável.
- Pelo menos a gente ainda consegue comer bem! - Responde Hiro, sério.
- Ugh!
O clima só ficou pior, graças a essa resposta totalmente séria dele.
- Nós não temos muito o que fazer - continua - Se um certo alguém resolvesse nos ajudar no trabalho, talvez a gente pudesse trocar o jantar do dia anterior por pães no café!
Foi obviamente pra mim, e, apesar de não gostar e querer muito colocar a culpa nele ao invés de me sentir culpado, ele ta certo. Quer dizer, na minha idade, Hiro já trabalhava com meu pai por anos. Não consigo olhar pra ele sem sentir vergonha de mim mesmo. Mas o que eu posso fazer? Eu não quero isso pra minha vida. Eu não tenho tanta força física como eles...
- UMMM! Essa sopa tá ótima - O clima foi quebrado pela voz incontestavelmente feliz da Haila (eu nem notei ela pegando a sopa).
Dou um sorriso de canto de boca ao ver que ela estava de volta ao normal.
- Sa, voxe que fex? - Ela pergunta enquanto morde um grande pedaço da batata cozida.
- Não, foi o idiota do seu lado!
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Seven
FantasiaDepois de presenciar um massacre em sua terra natal, ser traído por quem nunca esperava e ser deixado pra morrer, Mashiro com o resto de suas forças faz um pedido aos deuses e por sorte consegue se livrar da morte. Confuso, ele descobre que só a ra...