Pedaço do Sol

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Quando senti o calor do Sol em minha pele vi que já estava seguro, minha cabeça ainda formigava por conta de tudo que havia acontecido.
  Assim que cheguei em casa, coloquei as frutas sobre a mesa e sai, podia ouvir as reclamações de Renee por conta da tinta amarela, mas eu não ligava. Caminhei até a árvore "mágica", e fiquei encarando-a, suas flores traziam vida ao vilarejo, haviam muitas delas caidas em volta de seu tronco, mas nunca além dele, era como se algo as impedisse de sair dali. Me perdi em em meus próprios pensamentos até sentir uma mão em meu ombro, olhei para trás e vi quem cuidava daquela bela árvore, o guardião, ninguém sabia seu nome, nem de onde ele viera, contam que ele é um mensageiro dos deuses, trazido pra terra pra cuidar das pessoas. Porém, apenas o rei sabe sobre sua identidade, ninguém além dele.

-Uma bela árvore não é meu jovem? Ele sorriu

-Com certeza! Tentei parecer simpático, claramente não deu certo,  ele me dava calafrios, seus olhos escuros pareciam ler minha mente e alma, sorri e voltei para casa, olhei de relance pra trás e vi que ele ainda me olhava, tudo estava tão estranho hoje.

[...]

  A noite chegara, e com ela a alegria no rosto de cada pessoa de Solar, as casas estavam enfeitadas com desenhos e bandeiras, haviam muitas pessoas envolta da árvore,algumas delas faziam suas preces aos deuses, rogavam em silêncio qualquer coisa que precisassem, apenas fechei os meus olhos, não sabia o que dizer.

A abertura da cerimônia foi feita pelo Rei Benício III e a Rainha, Audrey. Um silêncio percorreu o lugar, dando lugar a voz grave do rei:

-Caros Irmãos e Irmãs de Solar, hoje comemoramos mais um ano de Reinado....

E ele continuou, o mesmo discurso de todos os anos, não havia sequer uma palavra de diferente, mas ninguém percebia isso, todos ficaram vidrados nas belas palavras pronunciadas pelo soberano.

  Logo após todo discurso, o guardião tomou lugar em frente a árvore e rapidamente rogou algumas palavras, sendo aplaudido logo em seguida. E a festa começou, pessoas dançavam de um lado para o outro, as crianças corriam umas com as outras, olhando para tudo isso, parece que nenhum problema existe, parece que tudo está perfeito, mas a verdade é que não está.

   Fiquei por um tempo encarando a árvore, e logo o que me ocorreu mais cedo na floresta me veio na cabeça, um calafrio correu pelo meu corpo, eu queria negar o que vi, queria fazer minha mente acreditar que tudo foi uma mera alucinação, mas não estava funcionando. Lembro-me de quando ainda era pequeno, meu pai contava todas as noites histórias sobre criaturas mágicas, aquilo me causava arrepios, talvez pelo motivo de eu ser apenas uma criança, mas essas histórias me causarem arrepios hoje, quase dez anos depois, não é muito agradável.

Então, ainda perdido em meus devaneios, algo curioso chamou minha atenção, sai daquele mar de pensamentos e observei o que acontecia á alguns metros a minha frente; uma flor estava flutuando ao lado da árvore, como se estivesse pendurada, mas a questão é, ela não estava pendurada; pisquei algumas vezes na intenção de ajudar, mas não funcionou, aquilo realmente estava acontecendo. Num piscar de olhos a flor flutuou para longe da árvore, não sei o porquê mas meu primeiro instinto foi segui-la, quando me dei por si, estava dentro da floresta, em um lugar que eu nunca havia estado antes, aquela pequena flor flutuava a minha frente, era como magia, mas magia não existia, era apenas lenda:

-O que esta acontecendo?? Em minha mente um nó se formava, para ter certeza de que não era apenas um sonho maluco da minha cabeça, estiquei a mão e quando fui pega-lá, um pancada na nuca me fez ir ao chão e a partir dali, tudo se escureceu....

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