O Garoto - Os Contos Brancos (Livro I)

Capítulo III (3552 palavras)

Alec

Alec havia tirado o dia anterior para dormir, mas não conseguiu. Tudo que conseguia era se revirar na cama pensando em como realmente seu pai estava certo. O que ele havia feito foi infantilidade e uma grande desfeita, colocando o nome da família em risco.

Alec começou a pensar em 6 das 10 moças que havia conhecido, porque pelo menos quatro delas, incluindo a última, tentaram lhe chamar a atenção sexualmente, seja utilizando o vestido mais baixo para mostrar-lhe o decote, mostrando os ombros ou encarando-lhe com olhares "sedutores". Alec achava esses comportamentos um absurdo.

Assim que acordou, no dia seguinte, resolveu escrever uma carta para os pais de Dalya, a segunda jovem que conheceu.

Ela havia sido doce com Alec, no breve passeio que haviam feito pelos jardins da propriedade dos Petrokovich depois do almoço. Lhe disse que entendia, e que não era o fim do mundo. Além de entender a situação dele, era bem educada – e letrada, é claro.

A carta foi escrita no melhor tom possível, embora Alec não fosse um poço de arte com as palavras.

No dia seguinte, a primeira coisa que fez foi entregá-la a seu pai, que achou bom o garoto ter colocado algum pingo de juízo em sua cabeça.

O Lorde Petrokovich enviou a carta mais tarde naquele mesmo dia.

E Alec seguia sem falar com Yuri.

***

A carta foi respondida dentro de dias, com o pai de Dalya, outro nobre, expressando sua gratidão por sua filha ter sido a escolhida, e propondo o casamento para o mais próximo possível.

O Lorde Petrokovich tomou o rumo das negociações nas cartas que se seguiram. Ele avisou Alec sobre o casamento, que seria arranjado bem em breve, e Alec apenas concordou.

Era o nome e a reputação da família que estavam em risco. Ele sabia que já deveria estar casado há muito tempo.

Durante os dias que se passaram, só conseguia pensar em como Yuri não tinha lhe contado de seu próprio casamento.

Alec estava chateado com Yuri. Se perguntava por que ele não havia dito que iria se casar, e do por quê que isso era um segredo. Será que era por isso que falava tanto sobre responsabilidades e deveres algumas noites atrás?

Já fazia quase duas semanas que ele não via seu melhor amigo.

Alec estava em seu quarto, sentado na cama. Era começo de noite e ele ouviu uma batida em sua porta.

— Entre, por favor. — Alec disse, desanimado.

Era Yuri.

Ele entrou no quarto, fechando a porta e se encostando nela, colocando as mãos para trás.

— E aí?

— Uma semana sem falar comigo. Não me conta sobre o seu noivado. E tudo que você tem para dizer quando me vê é "e aí"?

— Alec, desculpa. Não sabia como te contar.

— E preferiu deixar que eu descobrisse pelos outros. — Alec suspirou. — Depois da nossa conversa sobre responsabilidades, achei que o mais maduro de nós devia ter tomado essa iniciativa.

— Por que você se importa com o meu casamento?

— Eu não me importo com o seu casamento, Yuri, e que você seja feliz com a pessoa que você escolher. Mas eu achei que contássemos tudo um para o outro. Nós somos melhores do que isso.

— É, eu sei.

Yuri continuava encostado na porta, mantendo uma distância razoável de Alec. Mesmo com a pouca iluminação no quarto, Alec conseguia perceber que ele não parecia estar bem. Talvez fosse seus olhos, que estavam fundos demais, talvez a pele que estava branca demais, não sabia dizer.