Argh, Alya fechou os olhos apertados.A garota ainda se sentia surda pela explosão que acontecera bem ali, atrás dela, e o tiroteio em que esteve nas últimas horas também ecoava em sua cabeça, contribuindo com o zunido agudo nos ouvidos.
Ela estava meio zonza, assim, antes de estudar a situação, primeiro checou a si mesma – sabia que a sua testa estava sangrando, mas os pontos que costuravam o braço permaneciam firmes; também sentia o incômodo pela picada no pescoço, do dardo tranquilizante que o pai lhe acertara mais cedo. Fora isto, estava bem.
Só então que Alya se deu conta do urro de dor, seguido pelas palavras furiosas que tinha certeza de serem uma sequência de palavrões estrangeiros: Henry rosnava, segurando o tornozelo. Provavelmente um bloco de concreto o atingira.
Desviou os olhos do loiro, tentando não se dar ao luxo de se desesperar por conta dele. O lustre no teto há muito se apagara com um curto circuito. Agora, uma nuvem de poeira se assentava no cômodo escuro. Alya, porém, conseguia ver a figura alta do jovem rapaz de tez morena, segurando uma metralhadora – foi o idiota que explodiu a parede e, naquele segundo, andava em passos firmes na direção do príncipe ferido.
O sangue dela gelou, o coração doeu de medo para fazê-la gritar:
— Não! — Estendeu a mão na direção do terrorista que se dirigia a Henry, como se para impedi-lo.
— Tudo bem, Alya — Henry engoliu seco, travando o maxilar, aguentando a dor. — Eu o conheço. É meu amigo. Estevan.
Estevan virou os olhos escuros na direção da sulista, meneando a cabeça num cumprimento silencioso em seguida. Ele notou que algo nos olhos castanhos desconfiados daquela garota era impossível de se ignorar, algo selvagem, implacável, que não abandonava seu rosto, mesmo que ela estivesse impotente ali no chão. Mas não era hora de avaliar o caráter de uma estranha.
Estevan se apressou em ajudar Henry a se levantar, passando o braço do príncipe por cima de seus ombros e falando naquela língua ininteligível aos ouvidos de Alya.
— Aqui, venha. Esqueça o tornozelo, com todo o dinheiro que você tem, eu pagaria alguém pra andar por mim!
Sem dificuldade, Alya se colocou de pé sozinha. Enquanto batia a poeira das roupas, franzia as sobrancelhas para o amigo do príncipe, desconfiada.
— Esse seu amigo, ele trabalha na polícia?
Quem respondeu foi o próprio Estevan, balançando a cabeça em negação.
— A polícia não paga tão bem assim para mandar em mim. Agradeçam à princesa Mary.
Henry ficou tão perplexo que por um momento esqueceu do tornozelo torcido.
— Mary te mandou aqui?
— É, sua irmã se importa com você, bem mais do que os otários desse país. Sabia que eles mandaram enviar um míssil pra explodir o príncipe herdeiro?
Alguém mais patriota teria gritado com Estevan, mas Alya era do tipo que não discutia sobre política. Pelo tom do amigo de Henry, ele era um daqueles gringos que detestavam os sulistas por causa da Guerra das Tulipas. No entanto, a garota não podia discordar dele, já que seus representantes realmente autorizaram um ataque dentro do próprio território.
— O que tá acontecendo? — Ela quis saber, aborrecida. — O que é isso tudo? Eu não consigo entender nada desse circo.
— Aqui não é exatamente o lugar certo para falar disso — Estevan praticamente carregava o príncipe para fora, atravessando o buraco que explodiu na parede. O sotaque dele era muito carregado, as palavras engrolavam. — Explico quando Henry estiver são e salvo no helicóptero. — E emendou com um sorrisinho, no seu idioma: — É o meu iate que está em jogo, irmão.
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Sangue Azul
حركة (أكشن)Tudo o que Alya queria era passar em História, mas sua excursão maçante ao castelo-museu vira um verdadeiro filme de ação quando o grupo terrorista "Ascendente" invade o Palácio dos Falcões. Agora a estudante, filha de um ex-fuzileiro, é obrigada a...