Uns dias se passaram, Margarida deambula pelas ruas da pobre cidade de Coimbra, pronta a ter o filho a qualquer momento. Havia uma barraquinha que vendia fruta fresca, passou por lá e estendeu a mão, agarrando numa maçã para comer, mas o senhor reparou.
- LADRAAA! – gritou e agarrou-a.
- Deixe-a! – contrapôs um jovem.
- Esta gaiata roubou-me! – ripostou o dono.
- Eu pago o que ela tirou. – Tirando uma moeda do bolso. – Antónia já te disse que primeiro paga-se e depois é que se tira! - afirmou o rapaz, dirigindo-se a Margarida.
- É sua esposa? Peço desculpa a indelicadeza.
Agradeceu pelo ato generoso do rapaz. Ele levou-a a comer qualquer coisa e passaram a tarde toda a rir juntos.
Os anos se passaram. Margarida casou com o jovem que a salvou na mercearia, tem por nome Jorge, por sua vez, o filho João foi aperfilhado pelo mesmo e tem hoje 5 anos.
Regressa a Lisboa, decidiu que estava na altura de encarar a realidade deixada para trás. Voltar a Alfama não estava de todo nos seus planos, toda aquela nostalgia que apenas lhe trazia memórias negativas não era agradável.
Bateu à porta dos seus pais. Abriu-se.
- Sim? – Glória estava praticamente igual. – Filha?!
Abraçaram-se e de imediato apresentou-lhe o neto. Passaram um belo serão. A comer uns biscoitos quentinhos e um chá para acompanhar. Margarida contou tudo, ou quase, o que tinha vivido. E Glória pediu desculpa pela sua atitude enquanto mãe. A ausência do seu pai deixou-a inquieta e não foi capaz de não perguntar por ele. Infelizmente o pai suicidou-se logo a seguir do seu desaparecimento. Não aguentou toda aquela reputação que girada à volta desta família assim como o desgosto que apanhou quando descobriu que a filha engravidou, adolescente de um homem imoral.
Regressaram todos a Coimbra, Glória também, e viveram as suas vidas tranquilamente.
Em relação ao José, o mulherengo que quase desgraçou a vida de Margarida estava preso, tendo sido sujeito a torturas horrendas, como a do sono.
E assim foi, há males que vêm por bem, e não é só nos contos de fada.
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Amores Ditatoriais
ContoUm conto passado na época Salazarista, tipicamente português, em que a censura e repressão são alvos destas história, uma simples adolescente que se enveredou por caminhos menos corretos, desgraçou a sua vida e da sua família. Curioso? Continue a le...