× DESABAFO

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Mel

O meu dia com as meninas tinha sido maravilhoso, mas logo ao anoitecer, Tito apareceu e me pegou falando com Pedro, meu amigo. Ele havia me batido e eu não tinha entendido o porque, era apenas uma chamada com meu amigo.

— Porquê você me bateu? — Pergunto com a voz chorosa.

— Porque você estava falando com um homem mandada. — Fala com raiva.

Riu irônica.

— Você queria o que seu idiota? Eu tenho amigos! — Falo e mordo os lábios, quando vejo ele avançar sobre mim.

— Idiota? Sua filha da puta mandada. — Fala pegando no meu cabelo e batendo minha cabeça no braço do sofá.

— Para Tito, isso dói! — Peço arranhando seu braço.

— Quem é o dia idiota? — Pergunta me olhando sério, fazendo o mesmo processo.

— Tito ... — Resmungo sentindo minha visão turva.

— Presta atenção como você fala comigo piranha. — Fala e acerta um tapa no meu rosto.

Sinto minha cabeça arder e coloco a mão, sentindo volumoso, passo a mão pelo rosto e seco as lágrimas.

— Hoje o dia foi tão cansativo... — Fala de repente, me pegando de surpresa.

Primeiro ele me bate, segundo age como se nada tivesse acontecido, terceiro e último, me conta como foi o seu dia, o que é totalmente raro.

— Porque você não toma um banho, enquanto isso eu preparo algo para você comer? — Quando ele me olha, eu acho que falei de mais. Mas quando ele suspira e dá um leve sorriso, percebo que não falei nada de mais.

Eu era uma idiota por está fazendo isso, mas quem sabe assim, ele me trataria melhor.

Ele se levou e foi para o banheiro, no meu quarto. Aqui já tinha algumas roupas que ele trouxe e deixou aí, e eu não me atrevo a falar pra ele levar de volta. Né levantei e me senti sonsa, me sentei e respirei fundo.

— O que foi? — Ouvi a voz de Tito.

— Nada, fiquei um pouco tonta. — Resmungo abrindo os olhos, e encontro o mesmo me encarando.

— Queria saber onde tem toalha... — Fala tão baixo que quase não consigo ouvir sua voz.

— Está no meu guarda roupa, pode pegar. — Falo me levantando.

Vejo ele sair e vou para cozinha, enquanto isso ele está no banho, esquento a feijoada, faço arroz, e frango empanado, enquanto deixo a batata fritando, faço um suco. Um cheiro bom "reina" na cozinha e olho, Tito tomado banho.

— Eu fiz frango empanado, macarrão, feijoada e batata frita. Gosta? — Falo e vejo ele afirmar me analisando. — Senta aí, quer que eu coloque? — Pergunto e vejo ele afirmar novamente.

Pego o prato e coloco comida pra ele, pego o copo e também coloco suco, dando pra ele.

— Não vai comer? — Pergunta e eu afirmo.

Coloco minha comida e sento de frente pra ele. O silêncio era constrangedor, mas eu não tinha coragem de falar exatamente nada, e ele também parecia não está afim de papo.

— Você cozinha bem! — Tito fala, tempo depois.

— Obrigada. — Sussurro agradecida. Era a primeira vez que ele me elogiava.

— Vou dormir aqui! — Fala e eu afirmo.

— Eu vou lavar louça e depois vou tomar banho. — Falo me levantando.

×××

Tito

Eu sou um idiota, e isso se percebe a distância. A garota era maneira, e eu não podia esconder isso. Me ofereceu banho e comida, mesmo depois de eu bater nela. Eu estava tão surpreso, eu confessei algo que eu não queria, mas foi tão natural. Não era o meu forte confiar em mulheres, até porque a única que eu amei, me maltratou das piores formas. Chega um tempo que a gente cansa, eu estava cansado passar medo para as pessoas, onde eu passava as pessoas me olhavam com medo, aterrorizados. Eu queria ser respeitado, não odiado. Mas eu sei das coisas que eu fiz, e sei que não foram nada boa.

Eu estava deitado na cama, pensativo, quando a garota chegou, e eu senti o cheiro gostoso. Puta merda! Ela olhou pra mim e pra cama, como se perguntasse como iríamos fazer.

— Vamos dormir juntos. — Explico e vejo ela abrir a boca, mas na fala nada.

— Posso dormir no canto? — Pergunta.

— Mas é claro. — Respondo dando espaço.

Ela apaga a luz e  passa por cima de mim, deitando em seguida.

— Você quer conversar sobre seu dia? — Pergunta me pegando de surpresa.

— Foi cansativo! — Resmungo.

— É, você trabalha muito! — Ouço ela falar, mas não vejo deboche ou ironia.

— Eu tento ser bom, mas não sou! As pessoas tem medo de mim. — Desabafo.

— Toda ação, tem uma reação.— Fala e eu "capto" o que ela quer dizer.

— Eu sou um idiota, eu faço as pessoas sofrerem pelo que eu sofri. — Passo a mão no cabelo.

— Essas pessoas não têm nada haver com o que você passou, elas nem sabem do seu passado. Só você sabe! — Ela suspira. — Você não vai mudar o passado fazendo o que faz agora.  — Fala e eu analiso.

Na RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora