Capítulo 2: Ai, amor

51 1 0
                                    

Sabe quando algo é bom demais para ser verdade? Então, essa era a minha suspeita, qual era a probabilidade daquele homem se apaixonar por mim? Nenhuma! E ainda por cima, tinha a probabilidade de eu nunca mais vê-lo.

Entrei em estado de negação. Disse para mim mesma que não estava apaixonada e que não tinha acontecido nada. Mas, de repente, parecia que as músicas eram sobre ele e a que eu estava ouvindo, ou melhor, vivendo naquele momento era da Ana Vitória, porque eu vivia no aguardo de ver ele cruzando a porta, literalmente.

A porta foi aberta, pela milésima vez, nem ia me virar para ver quem era, quando ouvi aquela voz rouca, eu sabia que era ele, mas ouvir não era suficiente, meu coração tomou as rédeas do meu corpo e o segui com o olhar imaginando que ele iria direto para sala de reunião.  

Só que ele continuou andando, deu bom dia para minha chefe e sentou na mesa do gerente da filial. Gerente da filial ele não era, então, quem era esse garoto? Pensei enquanto o observava. Até que uma moça foi pegar café, detalhe: a garrafa de café ficava na frente da mesa em que ele estava sentado.

Ela deu bom dia, ele deu bom dia bocejando, toda sorridente ela perguntou se ele estava cansado, naquele momento, o ciúme me deixou surda, foi aí que me forcei a parar, aquilo era ridículo, primeiro porque ele não era nada meu e segundo porque nunca seria.

Daí, foi a vez da outra moça falar com ele, ela era arquiteta e falava comigo de vez em quando . E meu coração devia ter ido parar nos ouvidos, porque lá estava eu escutando a conversa de novo, dessa vez, era assunto profissional sobre a reforma da nossa filial. Então, ele era arquiteto?

Por um momento, pensei em ir lá pegar café só para poder falar com ele, entretanto, tinha uma garrafa de café bem mais perto da minha mesa. E o que você vai fazer chegar lá? perguntar qual é o nome dele? 

Eu não tinha coragem de perguntar para ele, mas, eu poderia perguntar para a arquiteta, que era casada e não acho que ela contaria para alguém...

Hesitante, fui até o banheiro tentar recuperar a sanidade mental longe dele, eu estava arrumando meu cabelo quando ela entrou no banheiro, só podia ser um sinal do universo! Ela foi usar o banheiro enquanto eu via o resto da minha dignidade descer pelo ralo da pia e quando ela foi lavar as mãos, eu tomei coragem e perguntei:

- Menina, quem é aquele moço?

- O moreno bonitão? - ela perguntou.

- Ele mesmo!- respondi, talvez, com mais entusiasmo do que devia.

- Nossa, eu fui falar com ele...- ela suspirou- olha, eu não sei o que ele é, mas deve ser alguém bem importante porque eu tenho que mandar e-mail das coisas pedindo o ok dele, o nome dele é Harry Styles.

-Como se escreve isso? É com y?

- Sim, S-T-Y-L-E-S.

- Obrigado.

Eu descobri! Eu nem conseguia acreditar no que tinha feito. E até hoje, não sei como eu pude acreditar que tinha chance. Só que é como dizem: tudo que é bom dura pouco.

Cheguei em casa e mandei solicitação de amizade no Facebook, mandei até no LinkedIn, ele aceitou nos dois, descobri que ele morava na cidade em que eu fazia faculdade! 

Ele não usava muito o facebook, as últimas fotos eram do ano passado, ele estava de cabelo comprido e AÍ MEU DEUS, ELE É GAY! Não pode ser. 

Recarrego a página, sem querer acreditar no que vi.  Mas o garoto de olhos azuis continuava em quase todas as fotos. O nome dele era Louis Tomlinson, morava em São Paulo Capital, era publicitário formado e estava procurando emprego na área de redação. Não me julgue! Foi o Harry que compartilhou o currículo dele para todo mundo ver. 

Comecei a rir para não chorar. Disse ao meu coração que precisava esquecê-lo e eu juro que tentei fazer isso. Porém, era impossível, ele era meio que chefe da minha chefe e quando ela não ligava para ele, alguém falava o nome dele.

Mas, o universo ainda não tinha acabado comigo, chegou um e-mail da comunicação corporativa com o assunto: recrutamento interno, a vaga era para analista de logística, tudo normal, até que minha chefe veio até o meu lugar. Será que a arquiteta tinha contado para ela?

- Ju, eu acho que você devia tentar essa vaga.

- Sério?

- É, eu já te indiquei para algumas vagas, mas como o seu contrato está acabando e não tem vaga aqui, se você quiser tentar algumas delas eu te indico.

- Ok. Obrigado.

Não sei explicar o que senti na hora, em outras palavras, minha chefe tinha me dito que quando meu contrato acabasse eu não seria efetivada. 

Raiva era definitivamente algo que eu estava sentindo, quase dois anos dando o meu máximo para ser mandada embora.

Pelo menos, a Thaila tinha sido efetivada.

Coração Masoquista. HSOnde histórias criam vida. Descubra agora