Capítulo 01

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              De fato era uma bela e pálida noite, tudo o que se encontrava naquela cívica e rústica vila de Witchtower era as gotículas de água que escorriam do telhado de madeira e dos lambrequins das casas, após uma chuva avassaladora, o escuro se fazia presente na penumbra da noite.
            As ruas feitas de pequenos pedregulhos e pedras se encontrava vazia e molhada, os moradores aproveitavam a noite chuvosa para descansar depois do árduo trabalho diurno. Todos descansavam, a rua estava silenciosa, a única coisa a ser ouvida era passos rápidos de um homem encapuzado.
             A passadas rápidas e grandes, o homem se locomovia nas estradas ladrilhadas com uma cesta muito misteriosa. Era pequena, feita de com alguns cipós retorcidos, aguentava pouco peso, mas era esteticamente agradável e curiosa:
            - Ainda não, está muito longe - Instigava o homem falando consigo mesmo enquanto olhava para os lados, não se atreveu uma única vez a olhar para trás, seguia em frente, sempre com uma postura ereta, seu corpo esguio coberto pelo comprido capuz negro se destacava naquela noite, porém nenhum morador do local se deu conta da presença misteriosa. Afinal, depois do dia exaustivo e cansativo cheio de trabalhos e afazeres, quem não chegaria desejando um momento de descanso?
           -Finalmente - Disse o homem ofegante ao chegar na floresta de Hillder Boulder (Pedregulho de Hillder), conhecida por abrigar diversas criaturas, era um local calmo e pacífico, morada da corte das fadas, dos duendes e até bruxas e sereias, de dia um local muito movimentado e alegre, de noite um local calmo e sereno.
           Quem habitava o início da floresta eram os duendes. Conhecidos por sua estatura baixa e pele verde, os duendes de Witchtower são alegres e extrovertidos, gostam de pregar peças em moradores da vila e estão sempre de bom humor.
            O homem encapuzado passava a passos largos no meio da densidade arbórea, tentando se desviar de todo o tipo de vegetação encontrada no local, a fim de não fazer barulho e não levantar suspeita.
             "Crek"
             O ruído avassalador de um galho quebrando no caminho de terra e folhas úmidas foi escutado ao redor acabando com o silencio antes presente, e a esperança do homem de não chamar atenção foi colocada em julgamento. Não demorou muito para os duendes se levantarem e irem para o local onde se propagou o som familiar.
             O homem continuava estático.
             - Eu falhei... - Sussurrava o homem sem reação. Não se atrevia a prosseguir ou recuar, não dava mais para se locomover, era observado por todos as direções. Essa angústia era sufocante. O que irá fazer agora? Mal havia começado e a missão já havia falhado? Não! Não poderia perder a postura por um mero erro de iniciante, tinha que cumprir a missão de qualquer jeito. Tentou afastar os pensamentos e inseguranças que o faziam se desviar de seu objetivo. Isso! O objetivo, era isso que precisava se cumprir. O homem encapuzado que lamentava sua desgraça curvado, ajeitou seu corpo esguio se mantendo ereto e olhando com ar de superioridade ao líder dos duendes que acabara de chegar junto com seu povo e as curiosas fadas que haviam ouvido os duendes se movimentando floresta a fora e os seguiram preocupadas.
             - O que faz aqui visitante misterioso? - Bravejou o líder dos duendes com sua voz nasalada e postura elegante.
             - Não lhe devo respostas mero ser encantado.
             Um pouco nervoso o homem encapuzado respondeu firme tentando esconder as mãos trêmulas diante da presença espantosa do líder dos duendes.
             - O que tem dentro da cesta? - Frida instigou o homem encapuzado, com frieza, não gostara da atitude do homem de vestes pretas com o líder dos duendes.
            - Isso é comida para os lobos dessa floresta.
            Ao dizer isso, um choro baixo foi escutado quebrando o som da respiração ofegante dos presentes no local, o choro vinha da cesta que estava sobre posse do homem misterioso.
            Anny o olhou incrédula, nunca pensara existir ser tão repugnante como este que se encontra em sua frente, o que queria dizer com comida para os lobos? Queria deixar os lobos devorarem este pequeno ser? Esse homem a sua frente era uma bela representação de tudo de ruim que Frida e Anny detestava, um homem sem caráter. O homem por outro lado as olhava ironicamente, o nojo e revolta encontrado não só no olhar das duas fadas como no olhar dos duendes divertia o homem portador do cesto, adorava receber esses olhares de ódio, isso o fazia querer mais:
             - Saiam de minha frente.
            O homem dizia mudando o seu semblante de irônico para um tom assustador e uma feição séria e macabra, Frida e Anny apontaram ambas as mãos com magia das fadas na tentativa de atacar e se defender caso aconteça algo imprevisto.
             - O senhor deve saber que a magia das fadas é usada para o bem, mas o que acontece se uma magia do bem é usada para o mal? Deve fazer um grande estrago!
             Anny esbravejava irritada e confiante, pronta para atacar, nunca em sua vida sentira vontade de ferir alguém como estava sentindo neste momento, estava tremendo um pouco, era perceptível o estado de agonia que Anny sentia. Mas por que não sentiria? Ela como todos no local exceto o homem encapuzado se importavam com a criança presa no cesto. E como não se importaria com uma vida frágil em desenvolvimento?
            O homem gargalhava, estava achando aquela cena muito engraçada, mesmo tendo falhado parcialmente em sua missão e aquele grupo o deixando um pouco assustado, o mesmo se encontrava entretido com o nervosismo que as fadas sentiam. Ora, agora eu que sou o errado na história? Uma fada não pode usar seus poderes com maldade para ferir ninguém! Pensava o homem, considerando esta uma vantagem acima do povo presente no espaço.
             - Me dê o cesto!
             Frida falava com autoridade.     Mesmo tentando parecer calma sua voz era carregada com várias dúvidas e inseguranças, sendo percebida pelo homem encapuzado.
              - Se não me der o cesto irei lhe atacar! - em outra tentativa Frida tentava parecer o mais firme possível, mesmo sua voz tendo falhado e suas mãos tremendo a fada exigia com autoridade a figura presente.
              O homem misterioso de repente ficou sério. O que se passava pela cabeça dele? Será que havia desistido? Será que o que Frida disse o assustou?
             O mesmo parecia pensar, até que se aproximou devagar se dirigindo a Frida enquanto ainda estava na mira não só de Anny mas dos duendes e fadas presentes.
             - Se quer tanto isso pegue.
Em um ato rápido e repentino o homem ergueu o braço e entregou a cesta para a fada de cabelos cumpridos que não entendia nada da reação do homem, mas mesmo sem entender agradecia de coração a criança ter sido poupada, e estar viva.
             O homem encapuzado aproveitou o momento de distração dos moradores da floresta e foi embora andando a passos rápidos pelo caminho rumo a cidade Imperial, sumindo em seguida.
            - Será que é seguro abrir isso? E se não for um bebê? Como vamos ter certeza que não é uma armadilha?
Instigou com a voz fanha Pumpkin, o filho do líder dos duendes assustado, com a possibilidade de terem sido enganados. Mas como não pensar nisso depois do que aconteceu?
              Em um ato rápido e prático Frida abriu a cesta se afastando com os demais. Nada foi dito, o local se encontrara em um grande silêncio, Frida, mesmo receosa tomou coragem e respirou fundo se aproximando devagar quando observou a cesta e sorriu:
             - É uma menina!
            Anny se aproximou com os demais para contemplar a bebê que se encontrava agora sorrindo para o grupo.
            - Me...Merida? Acho que esse é seu nome. - apontou Anny enquanto observava o pingente que estava com o bebê: um pequeno vidrinho que brilhava uma essência dourada, possuía algumas estrelas dentro, em seu rótulo tinha um papel amarelado com o nome "Merida" e uma pequena estrela pendurada junto.
           - O que fazemos agora?
          Perguntou Pumpkin, enquanto Frida segura a bebê em seu braços alvos e magros.
           - Vamos cria-la como uma família.
           Disse a rainha Mérida, soberana das fadas, que havia assistido tudo o que ocorreu e se orgulhava da atitude de seus companheiros.

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