Se passaram dias, meses, anos, e esse fatídico dia sempre era relembrado, o homem misterioso nunca mais foi visto e nem se ouviu falar dele.
Os moradores da vila, criaram e educaram a pequena menina com esmero, torcendo para que aquele homem repugnante nunca mais colocasse os pés em sua vila. Mesmo a carência constante de recursos sendo um dos pontos presentes daquele povoado, a pequena menina cresceu com todos os mimos que poderia receber, isto de certa forma compensava a falta dos pais e de uma família. Oras, isso não importava para ela, ela tinha sim uma família, não estavam ligados pela genética, mas de certa forma, todos aqueles que a criaram poderiam ser considerados sua familia, era isso o que a pequena Merida pensava. De personalidade amigável e gentil, Merida cresceu no vilarejo de Withctower rodeada pelos mais diversos seres mágicos, gostava de brincar no bosque das flores com Frida e Anny e confeccionar as mais belas tiaras e colares e dá-las de presente ao moradores.
Hoje não era diferente, Merida estava brincando de esconde - esconde com as duas fadas. Anny havia se escondido em uma pequena pilha de folhagens secas que os duendes haviam juntado a poucas horas, Frida por outro lado se escondeu dentro da caverna dos faunos: era bem antiga e com um formato bem curioso, tinha alguns musgos e manchas para todos os lados, mas de certa forma, era bem segura.
Merida não perdeu tempo e começou a procurar as fadas, como um lobo farejando sua caça em menos de minutos a pequena menina encontrou Frida na caverna:
- Uau Merida, você é muito boa nessa brincadeira! - Disse Frida surpresa enquanto Merida expressava um ar de vitória não perdeu sequer um segundo e correu para fora da caverna procurando Anny, enquanto Frida a acompanhava voando baixo para não perder a menina de vista.
Merida estranhou o desaparecimento de Anny nesse jogo, já que ela era sempre a primeira a ser encontrada. Mas a vantagem de Anny sobre Merida não durou muito tempo: Anny havia encolhido seu tamanho no meio das folhas, essa era uma técnica usada pelas fadas do bosque para dormir, já que suas camas eram literalmente as flores do bosque.
Mesmo assim Merida não havia desistido: suspeitara da folhagem deixada pelos duendes, afinal esse seria um bom esconderijo para uma fada competitiva como Anny. Em um pequeno impulso no meio das folhas, Merida conseguiu fazer com que Anny aumentasse de tamanho automaticamente:
- Isso é muito divertido - Explanava Merida rindo e comemorando sua vitória, enquanto Anny inflava as bochechas falsamente irritada por Merida tê-la encontrado novamente e Frida ria da expressão descontente de Anny.
Ambas riram, era essas brincadeiras, esses momentos que mais deixavam claro a união e o afeto que a duas fadas tinham com Merida.
" Ei meninas, já está tarde, Merida deve voltar agora"
A voz familiar ressoava do alto, vindo do céu, em um pequeno movimento o jovem pardal fez um pouso seguro e calmo no campo florido:
- Ora, Simon! Há quanto tempo não te vejo! Esteve fora essa semana inteira - Pronunciou Frida em um ato repentino.
- Sim, faz tempo! Estava na associação fazendo meu relatório resolvendo alguns assuntos, obrigado por cuidarem da Merida nesse tempo!
Simon era o protetor de Merida, um jovem pássaro, gentil, atencioso e muito amável com ela. Já não era segredo a importância de Merida na vida do pardal, para ele Merida o tinha tirado da escuridão, por isso ele a considerava sua salvadora, e dedicava sua vida a protege-la.
- O grande mago Severino, a chama, está escurecendo - Relatou o pássaro encarando o céu, sim, já estava ficando escuro, o entardecer alaranjado do céu dava contraste aos cabelos castanhos claros da jovem ave os deixando ainda mais claros, sua pele alva ganhava tons laranja, se tornando uma pintura abstrata e seus olhos azuis observavam o horizonte de maneira sôfrega:
- Senti sua falta Simon! - Disse Merida contente ao abraçar seu amigo de maneira apertada como se não fosse mais soltá-lo. O garoto riu, achou fofo o jeito preocupado de Merida, correspondendo ao seu singelo gesto, Simon, não poderia estar mais contente: finalmente voltara para sua amada amiga, ao se separar do abraço caloroso, afagou de maneira carinhosa os cabelos castanhos escuros de Merida e a mesma sorria com o gesto carinhoso de seu companheiro.
Voltaram para a vila rindo e conversando em meio a um caminho ingreme e cheio de pedras, folhas secas, musgos e uma vasta vegetação, Merida contava alegremente como derrotou Frida e Anny no esconde-esconde, enquanto as fadas voavam baixo perto da dupla que andava de mãos dadas. A pequena garota tentava incansavelmente alcançar a fada dos cabelos longos que ria com Merida segurada eu seu pé, Anny e Simon riam das meninas e achavam aquela exuberante alegria contagiante, estavam todos extasiados em meio a tantas diversão, nem percebendo que já havia chegado ao destino: a casa de Merida.
As fadas se despediram de Merida, que se retirou abrindo a grande porta de madeira talhada a mão, adentrando o local seguido pelo pardal que encostava a porta empurrando levemente a maçaneta de ferro, causando um pequeno ruído enferrujado.
A menina andava a passos rápidos pela casa um pouco desorganizada, o piso de madeira antigo e um pouco estragado devido à ação do tempo rangia a cada movimento que os pés de Merida faziam. Realmente, o tempo não foi generoso com esta fabulosa construção: a maioria da casa se encontrava danificada pelos anos que tinha, mesmo assim não havia perdido a beleza nem a elegância de sua juventude, de certa forma, a mesma ainda possuía sua essência manceba, encontrada ainda no papel de parede de flores deteriorado, ou na escadaria esculpida à mão avariada, ou ainda nas pequenas lamparinas de vela, que já davam sinais de oxidação.
A garota adentrou a pequena, porém bem organizada biblioteca, o local favorito do grande mago:
- Vovô, acabei de chegar, onde o senhor está? - Indagou Merida correndo seus olhos azuis curiosos nas diversas prateleiras de livros, na esperança de encontrar o grande ancião, na qual o denominava de vovô.
"Estou aqui pequena criança"
No pequeno mezanino de madeira se encontrava o grande mago Severino, sentado em uma poltrona de camurça na cor marsala, com uma pequena e antiga lamparina de querosene e um grande livro apoiado em seu colo:
- Tenho noticias - Indagou o mais experiente enquanto ajeitava os óculos redondos em sua face e penteava a grande e branca barba com os dedos longos e magros, e um semblante que transmitia seriedade e mistério.
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A Garota de Witchtower
Fantasy"Amigos... Aventuras... Mistérios...Lembranças. Venha se redescobrir com ela".