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                           Capítulo 3

Acordei com o alarme tocando alto alguma música pop chiclete, nem me dei o trabalho de levantar da cama apenas estiquei meu braço e desliguei o alarme.
Sabendo que ele tocaria de novo daqui a cinco minutos.

Como não poderia faltar a aula, me revirei na cama e fiquei olhando o teto branco pensando que mais tarde eu teria que pedir a minha mãe para comprar estrelas florescentes para colar neles.

Depois me levantei e me arrumei para mais um dia de aula, que Nosferatus esteja comigo.

[...]

Entrei na escola e sentei no banquinho do pátio esperando o sinal bater, enquanto isso fiquei "olhando" as redes sociais (o que eu não estava fazendo porque eu estava sem internet).

Foi quando eu comecei a me sentir observada. Sabe aquele sentimento que parece que tem alguém te olhando? Observando cada detalhe e gesto seu?
Cada milímetro do seu corpo?
E do nada sobe aquele calafrio da cintura até a nuca?
Pois é, foi isso que aconteceu comigo naquele momento

Como uma "boa" observadora, fiquei olhando em volta para tentar achar a(o) culpada(o) desse súbito calafrio e mal estar. Mas o que eu encontrei foi apenas crianças correndo pra lá e pra cá e  adolescentes falando da festa que vai acontecer no final de semana.
Eu até continuaria observando mas o sinal começou a tocar e eu tive que ir para a sala.

[...]

Chegou a hora do recreio finalmente. E bom dar um descanso na mente apesar de eu ter dormido os dois tempos da aula de matemática inteira, prefiro não comentar muito sobre.
O bom também nessa hora é que eu posso finalmente comer, nada melhor que isso para melhorar meu dia.
"Melhorar" né já que a criatura super irritante que eu chamo de melhor amiga está do meu lado, falando pela décima terceira vez da festa que vai acontecer esse final de semana.

Ela foi convidada e eu não, coisa que eu já estou acostumada.
Nunca me chamam para nada porque eu não sou de ficar puxando saco para ninguém ao contrário da Maria Eduarda.
Que só falta se fazer de tapete para eles pisarem em cima.

Fui balançada umas três vezes por ela, atônita pisquei os olhos tentando focar minha visão e perguntei.

[Hillary]- O que foi filha de Deus? -(Falei debochadamente)-

[Maria]- Estava te perguntando se você vai para a festa ou não, mas você estava olhando pro chão com cara de retardada. -(Falou com um pingo de irritação na voz que eu simplesmente ignorei)-

[Hillary]- Já deveria ter acostumado, e eu não vou para essa festinha aí. -(Falei com a mais calma do mundo)-

[Maria]- Vamos cara, vai ser divertido. Você sempre fica em casa, deveria sair mais. -(Falou com um pouco de esperança)-

[Hillary]- Já disse que não vou p.... -( Ia terminar de falar mas o sinal tocou atrapalhando o incrível diálogo)-

[...]

O resto da aula ocorreu normalmente e agora eu só estou esperando o transporte chegar para finalmente me livrar desse ambiente tóxico e ir para minha casa.

E de novo me senti sendo observada, eu não sei o que está acontecendo mas não é nada normal. Eu devo ser muito bonita para essa pessoa estar me encarando tanto.

Já estava super incomodada então apenas me levantei do banco e fui esperar lá fora. Fiquei encarando o céu se tornar mais alaranjado e rosado anunciando que daqui a pouco já estaria escuro. Desviei meu olhar para as pessoas que andavam tão absortas a tudo e a todos, vivendo apenas para si. Não esquecendo dos seus mais diversos olhares, os de medo, os do vazio, os da curiosidade, os da insegurança e por fim os da felicidade. Esses foram os que eu consegui distinguir nesses poucos minutos.

Não estranhe esse meu pequeno devaneio, é só uma mania que eu tenho de tentar descobrir o que as pessoas estão pensando ou sentindo.

Volto para realidade quando sinto pela última vez hoje esse olhar penetrado em mim, reparando também que meu transporte acabou de chegar.
Ignoro e começo a andar rapidamente até o carro e já sento no banco da frente esperando os demais.
Troco os meus fones pelo headphone e coloco a música no máximo, esperando relaxar até chegar em casa.

Depois de quarenta minutos rondando pelas ruas, chego em casa.
Abro o portão com as minhas chaves, que ganhei quando tinha nove anos da minha mãe quando ela achou que eu já estava grandinha o suficiente para ter essa pequena responsabilidade.
E sou recebida calorosamente pela Kira, minha cadela, que começou a pular em cima de mim e balançar o rabo esperando eu brincar com ela.

Faço brevemente um carinho em suas orelhas e ando até a porta, subindo as escadas e indo para meu quarto sem falar com ninguém.

Faço o que tinha que fazer e desço para comer e depois dar um pouco de atenção para a Kira e a Bel (minha calopsita).

Peguei a Bel ano retrasado, um cara que eu conheci num sítio da prima do meu pai não queria mas ela e estava vendendo-a (o que eu acho totalmente errado, quer um bicho de estimação? ADOTA CARALHO, tá cheio de animais nesses lugares querendo um dono então você não precisa comprar um).

Me ofereci para cuidar dela e ele simplesmente me deu, não foi tão difícil convencer meus pais a deixar a Sofia ficar comigo. (Era o nome dela antes de eu trocar e colocar como Bel).

E a Kira? Foi simplesmente amor a primeira vista (não que eu acredite nisso mas foi o que realmente aconteceu).
Peguei ela com 28 dias de vida ano passado num sítio -de novo- , ela mal andava pois vivia de leite apenas e eu com pena convenci meus pais a deixar eu ficar com ela. Não foi uma tarefa fácil porque minha mãe não gosta de cachorro, mas eu prometi para ela que cuidaria da Kira e ela acabou cedendo.

Depois disso voltei para o quarto e fiquei o resto da noite e madrugada ouvindo música e olhando as redes sociais.
Esperando que milagrosamente acontecesse algo de curioso e interessante.

Se eu soubesse o que aconteceria eu teria pedido ao diabo antes.





*Minha Garotinha*Onde histórias criam vida. Descubra agora