Namjoon suspirou ao ter o nome gritado pelo assistente, mesmo depois de 3 anos, Jimin ainda parecia nunca se acostumar com o fato de que seu chefe odiava reuniões, horários marcados e tudo relacionado a estar em um escritório junto à empresários, gostava da segurança que havia adquirido como escritor, ganhava bastante dinheiro, ia a muitos lugares, conhecia muitas pessoas, ainda assim sentia-se vazio. Apesar de ter Jimin como assistente, ainda assim o considerava um bom amigo, e por mais que o garoto definitivamente não ganhasse tanto dinheiro quando si, era anos-luz mais feliz.
Se perguntava se o seu tempo de ser feliz havia ido embora junto de sua juventude, em seus 28 anos, Namjoon se perguntava o que fazer, havia visto o casamento do amigo, 23 anos e casado, Jeon Jungkook, um cara de sorte. Aquilo era tudo que Namjoon queria, definitivamente longe do que precisava.
Virou-se para o garoto e passou as mãos pelos cabelos os puxando sem dó alguma.
- Eu já disse, eu escrevo quando estou pronto para escrever, okay? Eu não tenho inspiração Jimin, me sinto vazio, me sinto como um balão de gás hélio, eu estive no topo, não precisando estar apaixonado para passar a ideia de que estava, mas precisa entender, estou esvaziando com o tempo, não tenho mais o que oferecer, não me apaixono a séculos e não faço a menor ideia do que escrever, mesmo que eu sente na frente desse computador por 3 dias, nada vai sair e eu prefiro morrer a admitir que não consigo estar fazendo a única coisa em que sou realmente bom. Me dê um tempo!- O homem gritou de volta e viu o menino loiro parar na calçada com as pastas nos braços, nunca gritava com Jimin, era algo que odiava fazer em qualquer situação, como resposta, viu apenas o garoto assentir e virar, tornando a entrar no prédio, detestava aquela situação mais que tudo no mundo naquele momento, a pressão de escrever mais um livro o estava matando, para quê queriam mais um? Já tinham 4 Best sellers seus.
A cafeteria que costumava frequentar se encontrava vazia, mas não queria estar sozinho em silêncio naquele momento, não queria ter calma para pensar pois pensar era o que o estava cansando, então apenas pegou seus pedidos e saiu do lugar quentinho ajeitando o casaco pesado em seu corpo, adorava o frio, mas naquele dia não gostava de absolutamente nada.
O parque à aquela hora estava estranhamente cheio, considerando o fato de estar muito frio, não que fosse reclamar, à aquele ponto, queria estar envolto do barulho e distração que o ambiente trazia consigo.
As crianças corriam de um lado ao outro e pulavam umas nas outras, sempre havia se perguntado o motivo de não ter se permitido ter sido selvagem daquela forma na própria infância, havia sido uma criança quieta e aquilo havia passado para sua vida adulta também.
A cada mordida dada no sanduíche natural e gole no café quente que havia comprado, era um passo a mais dado no abismo de distração que havia criado para si mesmo, coisa que facilmente se dissipou com o fim dos alimentos, mas algo curioso despertou o interesse do homem ao olhar pouco além da lixeira, um garoto sentado em um banco, com uma senhora sentada logo à sua frente, em outro banco, a mulher chorava e o garoto escrevia em seu bloquinho.
"Uma sessão de psicologia ao ar livre?"
Sem dúvidas não era algo comum de se ver, pelo visto estava no final, pois logo viu a mulher se levantar e sorrir para o menino durante um breve abraço, sorriso que não se desmanchou depois que deixou o local.
Não sabia ao certo por quanto tempo havia olhado mas havia sido suficiente para que fosse notado pelo garoto, o encarando de volta enquanto guardava o pedaço de papel arrancado do bloco em um jarro de vidro.
- Se for policial, eu não estou ganhando dinheiro com isso, não é ilegal, não estou fazendo algo errado.
- Escritor.
- O que?
- Eu. Sou escritor!- Namjoon explicou e se aproximou do garoto com calma logo se sentando no banco antes ocupado pela senhora. - Não sei se essa pergunta te deixará desconfortável, mas, que diabos você está fazendo?
- Estou coletando tornados.
- É usuário de drogas?
- Pareço um?
- Soa como um.- Namjoon respondeu e o garoto sorriu deixando uma risada engraçada escapar logo em seguida, não entendeu bem quando o menino, provavelmente mais novo que si pegou a mochila ao lado do banco e tirou de dentro dois pequenos jarros com papéis cilíndricos amarrados dentro.
- Esses são meus tornados, na verdade não são meus, mas eu os coletei de pessoas que me deram voluntariamente, consequentemente, agora são meus.
- Você sempre é estranho dessa forma?
- Depende do que considera estranho, para um escritor, você me parece raso, deve escrever sobre livros de contabilidade.- O garoto riu e arrancou de Namjoon uma risada também.
- Marjoritariamente ficção científica e suspense.
- Pois bem, como pensei, não um romancista, parece extremamente lógico, precisa olhar além disso... Eu venho aqui a 3 anos, eu comecei com 16 anos, como um projeto escolar, ajudar alguém na rua, então se tornou rapidamente um Hobby meu. Então agora coleciono tornados.
- Eu não entendo como isso pode ser um tornado.
- Isso é porque você não olha além disso, parece negativo. Hmm... Um tornado é uma tempestade, uma coluna de ar violenta que pode acabar com tudo o que está próximo.- O garoto explicou e Namjoon assentiu vendo o garoto abrir o jarro e tirar o papel enrolado de dentro parando-o na frente de seu rosto.- As pessoas chegam aqui e me contam sobre os seus tornados, eu as ajudo a transformá-los em tornados espaciais. Você sabe o que nasce de tornados espaciais, senhor negativo?
- Não, mas meu nome é Namjoon.
- Pois bem, Namjoon, tornados espaciais são "tempestades" formadas pelo material que tem de ser levado a uma nova estrela formada, o que quer dizer, tornados espaciais existem pois uma estrela nasceu.
- Está querendo me dizer que desperdiça seu tempo dizendo às pessoas que os problemas delas tem uma causa maior?
- Geralmente eu não digo nada, eu sento aqui, escuto tudo, anoto e no fim das contas as próprias pessoas tiram de tudo algo positivo da situação. Eu apenas os coleto e guardo comigo, às vezes tudo o que as pessoas precisam, é serem ouvidas, elas acabam transformando os próprios tornados em espaciais, mas eu os mantenho.- O garoto se levantou e Namjoon se levantou junto, ajudou-o a guardar o que tinha de guardar e o encarou por alguns segundos, seu coração estava quente, não era algo que sentia normalmente.- Bem, senhor Namjoon negativo, eu preciso ir agora, mas se algum dia precisar transformar o seu tornado...- Sorriu e estendeu o cartão para o homem, que não hesitou antes de pegar, Kim Seokjin, era seu nome, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, não via mais o garoto por perto, não sabia para onde havia ido, nem como havia se locomovido tão rápido, talvez estivesse olhando aquele cartão a mais tempo do que gostasse de admitir, se permitiu sorrir, o sentimento no peito apenas ficando mais forte.
_X_
Jimin cogitava a possibilidade de o chefe estar sob efeito de drogas no momento que o viu entrar na sala de sua casa dançando, não fazia ideia do que estava acontecendo, mas percebeu-se completamente errado depois de uma rápida checagem no hálito e na carteira cheia de dinheiro do homem.
- Que diabos aconteceu com você?
- Park Jimin, ligue meu computador por favor, eu acho que meu próximo livro será um romance...
- Ok, Namjoon, que droga deram a você? Eu estou falando sério, vai que isso te mata.- Não teve resposta alguma, apenas um aceno de cabeça negando o que o garoto disse, não que tivesse ouvido o que o mesmo tinha a dizer, apenas não estava com vontade de explicações naquele momento. - Posso ao menos saber sobre o que você vai escrever?
- Sobre um garoto... Que coleciona tornados espaciais.
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O garoto que colecionava tornados
FanfictionOnde Seokjin, um garoto no fim de sua adolescência, em um projeto pessoal organizado por si, conhece Kim Namjoon, um escritor frustrado, que com a velocidade de uma estrela cadente ao atingir a atmosfera, se apaixona por sua coleção de tornados.