O pomar

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Ino entrou na floricultura com algumas cartas na mão. Foi até o balcão, onde seu primo estava e jogou uma no mesmo.

--O que é isso? --Perguntou pegando o envelope e o analisando.

--É uma carta, não consegue ver?-- A loira debochou, apoiando os braços no balcão e analisando as outras cartas que ainda estavam em suas mãos.

Yuri abriu o envelope, e observou em cada detalhe do papel, da textura até o cheiro.

--Não sabe ler uma carta, Yuri?

--Não enche, Ino!-- Bufou, saindo de trás do balcão e indo ler o que estava escrito, fora da floricultura.

Ino olhou o rosto pálido do primo, quando ele entrou no local novamente.

--O que aconteceu? Alguém está ameaçando te matar?-- Brincou vendo o Yamanaka, guardar o papel no bolso da calça e tirar o avental azul que usava.

--Ino tem como você cuidar da floricultura? Preciso sair.-- disse entregando o avental.

-- Você já trabalhou o suficiente, pode ir. Bobão.-- Falou a última parte um pouco baixo.

--Cala a boca.-- Disse Yuri, rindo e depositando um beijo na testa da prima, logo se retirando do local.

Não fazia ideia de quem era o remetente daquela carta. Mas uma coisa que descobriu sobre o desconhecido, era que ele sabia exatamente como expressar o que sentia.
Aquela carta, ou para ser mais específico, aquela declaração de amor, o deixou intrigado, curioso!
Cada palavra escrita no papel se gravava em sua mente. Sentia que quem a escreveu realmente demonstrava que estara apaixonado. Como era possível uma carta ter tanta paixão?

"Encontre-me no pomar que fica à leste da vila, ao pôr do Sol."


Era o que dizia no final da carta. O que fez Yuri lembrar de seu passado de imediato. Seria quem ele estara pensando? Não... Não há chance alguma.

Faltava apenas duas horas para o pôr do Sol. Então andou para a sua casa e se arrumou. Afinal, ele iria conhecer uma pessoa na qual provavelmente seria sua parceira futuramente.
É até engraçado vê-lo pensar assim. Parece uma criança boba.

Saiu de casa com dois minutos de antecedência. Mesmo assim não queria chegar cedo ao local, então pegou o caminho mais longo e andava calmamente, pensando em quem poderia ser. Mas parou no meio do caminho, ao analisar a situação e chegar na conclusão de que poderia ser alguém brincando com sua cara.

Suspirou, e pensou. Nunca ia saber se era brincadeira ou não, se não fosse. Então continuou caminhando, tentando não criar tantas expectativas.
Chegou ao pomar e procurou por alguém. Sua busca acabou quando viu uma pessoa sentada sobre uma rocha.

Lembrara-se! Aquele pomar, aquela rocha, aquela carta. Tudo parecia com o que tinha acontecido meses atrás, quando se magoou profundamente com um certo alguém.

Aproximou da rocha, tento dificuldade ao ver o rosto da pessoa. Pois a única luz presente no lugar, era a luz da lua.

--Você realmente veio.

Seu corpo estremeceu ao escutar a voz.

--Y-Yamato?-- gaguejou se afastando, ao ver o homem descer da rocha em que estava sentado.-- Não se aproxime!-- gritou.

--Yuri... Eu queria te pedir desculpas pelo o que aconteceu. Eu realmente sinto muito.

Yuri riu.

--Você sente muito?-- debochou.-- É uma pena que eu não ligue.-- virou de costas.

Yamato cerrou os punhos, e suspirou tentando raciocinar e não se machucar com as palavras ditas pelo Yamanaka.

-- Tudo o que estava escrito naquela carta era verdade. Cada detalhe! Eu nunca, em nenhum momento parei de pensar em você, desde aquele dia.-- aproximou-se lentamente do garoto que estava de costas para si.-- Talvez você realmente não ligue mais pra mim. Mas saiba que eu me arrependo profundamente por tê-lo magoado.

Pegou a mão do garoto, fazendo-o virar. Yuri estava de cabeça baixa, parecia hesitar em olhar para o rosto do homem em sua frente.

-- E-eu...e-eu amo outra pessoa.-- Disse soltando sua mão rudemente.

O homem de cabelo castanho, sentiu um aperto no peito ao escutar suas palavras. Doeu! Aquilo realmente doeu!

Esforçou-se para não deixar as lágrimas escaparem. Mas falhou, quando sentiu uma ou duas, molharem sua face.
Viu o garoto Yamanaka se afastar.  Mas assim que parou de andar, fez Yamato o olhar confuso.

--Agora você sabe como eu me senti.-- Falou de costas.-- Agora você consegue entender a dor que eu senti naquele dia. -- virou-se, o encarando. A luminosidade não era muito presente no local, mas Yamato viu Yuri chorar. Não eram poucas as lágrimas que desciam de seus olhos, eram várias.-- Eu chorei muito naquela noite, você não tem noção!-- Aproximou-se de Yamato e começou a socar seu peito sem muita força. --Idiota! Imbecil! Burro! Burro!-- Yuri chorava mais e mais, sem parar de socar o homem à sua frente.

Com apenas uma mão, Yamato puxou Yuri pela camisa preta de mangas cumpridas que ele usara. Selou seus lábios, e percebeu que o garoto foi se acalmando com o passar do tempo.

Yuri envolveu seus braços pelo pescoço de Yamato, o puxando para mais perto, para assim dar continuidade ao beijo.
Lágrimas ainda desciam dos olhos de ambos. Entretanto, aquilo não foi motivo para pararem.

Suas bocas se movimentaram ferozmente, como se necessitassem daquilo. E para falar a verdade, realmente necessitavam.

Separaram seus lábios, com os rostos à centímetros de distância um do outro. Yamato, tocou na face de Yuri e o acariciou.

--Eu errei, eu sei disso. Mas estou arrependido. -- sussurrava ainda ofegante. -- Lembro que você perguntou naquela carta, se eu sentia o mesmo... -- Sorriu ladino ao ver finalmente os olhos azuis lhe encararem. -- Essa é a minha resposta. -- disse Yamato, selando dessa vez, delicadamente seus lábios. Demorando um pouco mais para separá-los dos de Yuri.

O Yamanaka sorriu doce. E Yamato achou aquele simples sorriso, uma das coisas mais bela que vira. Era lindo e verdadeiro.

O abraçou fortemente. Não queria soltá-lo nunca mais. Não queria perdê-lo novamente. Queria Yuri apenas para si.

Parece que Kami estava certa quando disse que o amigo estava realmente apaixonado.


Notas finais:

Desculpe pelo capítulo curto, mas espero que vocês tenham gostado.

Deixem a 🌟 e não se esqueçam de comentar! Eu adoro ler os comentários que vocês deixam.

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