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Taehyung
Acho que o sol foi a primeira coisa que eu decidi pintar na vida. A janela do meu quarto dava de frente para a rua e para, do outro lado, mais alguns conjuntos de casa do condomínio em que eu morava quando criança. Moramos ali por anos. Eu, minha avó, minha mãe e meu pai. Nasci ali também, por incrível que pareça. Em um daqueles quartos, quando a bolsa estourou, o senhor Kim não conseguia nem mesmo abrir a porta de casa – imagine dirigir – de tão nervoso e isso obrigou minha avó a tomar as providências necessárias de me deixar nascer ali mesmo.
Ainda que fraca, tenho algumas memórias da época em que eu era bem novinho e ouvia minha mãe contar que não levou mais do que vinte minutos para que eu nascesse. Apressado que só.
Pressa essa que eu também tinha na época de comprar os materiais da escola. Meus olhos brilhavam quando eu via todo aquele mar de cores dos lápis de cor, dos gizes de cera e das tintas para as aulas de artes. Acho até que chorei algumas vezes porque minha mãe não queria me deixar brincar com tudo aquilo antes que o período de aulas começasse e eu era só um pirralho, fala sério!
Eu não queria saber de esperar as tais aulas começarem.
Foi por isso que aos seis anos, quando minha família decidiu acordar mais tarde que o de costume e o pequeno Taehyung estava entediado na cama, uma luz brilhou em minha cabeça. Uma não, duas: a do sol que entrava pela janela e a de uma nova ideia travessa, típica de quem quer aprontar.
Foi mais rápido do que o tempo em que eu precisei para nascer até que eu conseguisse pegar uma tinta e uma folha de papel branca antes que acabasse derrubando tudo no chão e acordasse meus pais. E, porra, eu poderia chamar de destino, porque a única tinta que meus dedos tinham alcançado era a de cor amarela.
Aquela foi a primeira vez que eu pintei um Sol.
Foi a primeira vez que eu me interessei por um também.
Para pintar, ele tinha suas particularidades: se estava em pico, se acabava se escondendo por trás das nuvens, se fosse representá-lo de forma mais geométrica ou literal... Dependia do ponto de vista e de como ele gostaria de se mostrar.
O Sol é incrível. Ele está em todos os lugares e em todos os horários, já pensou nisso? E aquele cara do mercado que observei escondido, mas que depois sustentou minhas encaradas na faculdade, tinha um sol dentro de si.
Eu queria pintá-lo desesperadamente.
— E aí? Descobriu o nome dele? — perguntei ansioso assim que Yoongi sentou no banco de madeira ao meu lado. A cara de entediado dele estava tão aparente que eu podia jurar que ele me daria um soco sem nem mesmo precisar piscar pra isso.
— Se me perguntar isso de novo, eu desisto dessa eletiva e te deixo aqui sozinho.
Rolei os olhos, largando os dois pincéis limpos que eu estava segurando no cavalete a minha frente.
— Você precisa se formar, hyung. Duvido que desiste disso aqui, sem contar que eu te ajudo em praticamente todos os trabalhos, é nota garantida.
Ele levantou uma sobrancelha e apontou para minha perna direita que não parava de balançar para cima e para baixo.
— Você tem toda essa pose, mas não consegue parar de tremer. É só um nome, Taehyung! Se você está assim tão fissurado em descobrir, por que não vai até ele e pergunta?
— Porque vai parecer que estou perseguindo ele.
— E você não está? — disse como se fosse o óbvio.
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Paint Me | vhope
RomanceHoseok sempre foi acostumado a ouvir. Gostava de aprender mais do que de ensinar. Podia parecer recluso a primeira vista, mas seu corpo falava por si só e não apenas com seus movimentos ao dançar, mas também com seus gestos e expressões ao falar. Is...