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Hoseok
— Minha vez! — Jimin gritou e jogou os dados na mesa. Ele precisava de apenas cinco casas para vencer enquanto eu e omma estávamos mais atrás.
Seria uma pena se ele tirasse apenas um total de 2 nos dados e desse abertura para que omma vencesse, não é?
– Você tem que aprender a perder — ela zoou com a cara dele quando os lábios formaram um bico tão grande que podiam tocar a ponta de seu nariz.
— Não é justo — ele choraminga, prolongando a última letra da palavra como se fosse uma criança emburrada.
Segurei suas bochechas infladas e as apertei com uma força moderada, balançando um pouco do seu rosto de um lado para o outro. Seu nariz se franziu rápido, quase como um gatinho arisco pronto para atacar.
"Fofo", falei.
— É questão de sorte, filho, eu não viciei os dados para ganhar — ela riu — E seu irmão perdeu também e ele não está emburrado como você.
Cruzei minhas pernas como um índio e abri a caixa do jogo para guardar os pinos, peças e cartas. Não tínhamos o costume de brincar com coisas do tipo, mas quando estamos entediados o suficiente para apostar e ver quem será o responsável por lavar a louça do jantar, não é tão ruim assim usar um jogo para interagir e decidir essa guerra.
Ainda que o mais novo de nós tenha vinte anos e não aceite uma derrota de virada por causa dos dados e um belíssimo doze que omma conseguiu de última hora.
— Hoseok-hyung sempre ganha tudo, aposto que ele te deixou ganhar só para a senhora ficar sem a louça e ainda escolher o filme — Jimin continuou brigando, ressentido e com os braços cruzados acima do peito.
Fechei os dedos da mão direita e curvei o indicador em formato de gancho só para balançar a mão na frente do rosto: "Mentiroso". Não que desse para roubar em jogo com dados, eu só não fiz questão de vencer. Ver a cara emburrada dele por perder é muito mais divertido que ganhar.
— Só por ter acusado seu irmão sem provas, você lava e ele seca — omma disse, já saindo da cozinha.
— Não!
— Sim! E eu quero minhas panelas brilhando, senhor Jimin.
Cobri a boca com a mão para esconder – ou nem tanto – o meu sorriso debochado.
— Ya! — ele apontou o dedo gordinho na minha direção — Você! Chato!
Dei de ombros. Não é culpa minha.
Deixei a caixa do jogo de lado quando me liguei que ainda estava segurando ela e deixei Jimin ir na frente para lavar a louça. Eu podia ouvi-lo resmungar por cima do som da água caindo e do barulho de notificação do meu celular. Não fiz mais do que apoiar os cotovelos na mesa antes de abrir as mensagens de Kim Taehyung.
Foi só depois de muitos pensamentos gritando na minha cabeça e algumas noites sem dormir muito bem que eu pensei em aceitar o ''convite'' que ele me fez. Não que eu quisesse ser modelo de alguém ou tivesse o mínimo de talento para isso, zero de experiência para posar até para nossas fotos nem tão frequentes de família, mas... Taehyung tinha sido tão compreensivo comigo, tão... ele. Geralmente, quando preciso gesticular ou apenas afirmar para alguém que acabei de conhecer que sou mudo fica um clima de constrangimento tão grande no ar que chega a incomodar.
E não por causa de mim. As pessoas não sabem reagir àquilo que não estão acostumados, reagir a algo que nunca passou por suas cabeças ou apenas lhes pegou de surpresa. Existe ainda a dificuldade de compreender que apesar de não ter voz para falar, eu escuto muito bem as vozes dos outros. Os comentários maldosos, os xiliques por não entenderem o que eu gesticulo ou, por mais idiota que pareça, a decepção estampada na cara das pessoas ao entender que eu jamais vou falar com elas.
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Paint Me | vhope
RomanceHoseok sempre foi acostumado a ouvir. Gostava de aprender mais do que de ensinar. Podia parecer recluso a primeira vista, mas seu corpo falava por si só e não apenas com seus movimentos ao dançar, mas também com seus gestos e expressões ao falar. Is...