Bagunça no Interior: O Garoto das Sombras

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- Santo Graal, hm? – Disse o encapuzado para mim, olhando diretamente em meus olhos. Me senti incomodado com aquilo, e forcei um sorriso meia-boca. Moralles, o homem ao meu lado cujo aparência era de um rapaz mais velho, barba feita e cabelos castanhos escuros penteados para trás. Trajava um terno negro, e uma blusa grossa de coloração castanho. Sua gravata vermelha combinava com suas vestes, inclusive o seu chapéu.

Os olhos castanhos do pistoleiro encarou os do vendedor, que encarou-o também. Começando a mexer em seu balcão, retirou de uma caixa velha, um livro, onde começou a abri-lo e mostrar algumas páginas. Pela aparência, era um livro bem antigo.

- Aqui. Veja, existem informações de artefatos tão antigos que não possam imaginar. Inclusive a localização da última vez que viram tal artefato... Não sei se ajuda mas é. – Foi virando as páginas e explicando onde encontrar em cada parágrafo as informações.

Moralles colocou a mão direita sobre o livro rapidamente, parando numa página onde havia escritas, e uma imagem: A imagem de um cálice dourado e detalhado, numa espécie de altar de rocha. Eu e o americano observamos aquela imagem por alguns segundos, e então, retirei o dinheiro de meu bolso, e deixei sobre o balcão, fechando então o tal livro "novo", e assim me reverenciei educadamente para o vendedor estranho.

- Obrigado pelo livro! – Agradeci.

- Eu que agradeço pela preferência, meus amigos, que tenham um ótimo proveito dessas informações valiosas sobre o que tanto procuram! – Comentou o mesmo, assim juntando suas mãos e abaixando sua cabeça, como uma forma de se cumprimentar. Aparentemente ele deveria ser estrangeiro.

Havíamos comprado finalmente algo relacionado ao o que estávamos procurando. Dei uma leve espiada nas páginas do livro, enquanto Moralles colocou uma de suas mãos sobre o bolso, com seus olhos castanhos, estando observando ao redor. Várias pessoas andavam para lá e pra cá, vozes de diálogos diversos, propagandas de vendas de produtos, e tudo mais. Porém, havia algo a mais naquele recinto... Algo que apenas eu e meu novo amigo percebemos.

- Desculpe dizer isso, mas não acha que estamos sendo observados a um tempo, Taylor? – Perguntou em seu sotaque americano.

- Achei que só eu havia percebido isso... Pois bem, vamos contin- Materializando-se estranhamente em forma de uma mão abaixo de mim, especificamente em minha sombra, de repente a tal mão pegou no livro, de forma desprevenida e recuou, entrando nas sombras. Moralles observou aquilo e imediatamente sacou seu revólver, apontando então para os telhados, procurando seguidamente com suas íris. Eu respirei fundo, assim fechando os olhos, deixando todos os meus sentidos mais apurados do que o normal naquele momento. Meu nariz mexeu duas vezes, em sinal de farejo, onde senti então um rastro correndo pelos telhados da periferia de Roma. Era um cheiro um tanto incomum.

- Moralles, pelo telhado. – Disse então, e assim saltei em direção à um telhado em minha frente. Moralles confirmou com a cabeça, começando a correr entre as pessoas.

- Vou procurá-lo por aqui! Se você for atrás dele por aí, é provável que ele desça dos telhados e avance pelo solo! – Comentou o americano, assim se distanciando mais. Somente confirmei com a cabeça, e fui saltando pelos telhados, dando alguma corrida.

Mais a frente, poderia-se ver uma figura escura correndo a metros de distância de mim. Pelo que eu poderia ver, a figura trajava calça jeans, um sapato cano longo negro e uma blusa com um capuz, de coloração negra, e com pelagens sobre o capuz. Seu rosto era desconhecido. Comecei a correr depressa naquele momento.

- Certo... Achei você, ladrãozinho. – Sussurrei para mim mesmo, enquanto ganhava velocidade para poder alcançá-lo.

O suposto ladrão, deu uma olhada para trás. Pude ver seu rosto jovem e cabelos negros curtos. Seus olhos possuíam uma coloração escarlate, algo completamente incomum para as pessoas dali. Numa distração, o garoto havia desaparecido novamente, assim eu desacelerei minha corrida, deslizando os pés sobre o telhado de barro. Olhei ao redor, de forma rápida, e realmente, num descuido meu, o garoto havia desaparecido.

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