O Anel Encantado

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     Darwin

      Eu estou entediado. Entediado e um pouco alterado pelo álcool. Fui convidado para a festa de aniversário da minha amiga Rose e é claro que eu viria para a festa dela, porém não sabia que ela era tão reclusa com as amizades dela, ainda mais a esse ponto. Só tem gente que eu não conheço! Quando a conheci há uns quatro anos atrás ela não era assim, era cheia de amigos, amigos divertidos - alguns super alterados por entorpecentes mas a gente se acostuma.
     A festa até que tá divertida, com música boa - Rose tem uma paixão tremenda por Hip Hop Oldschool - boa comida, o ambiente é até bem iluminado e bem decorado. O lugar onde deveria estar o bolo tá cheio de docinhos e algumas rosas vermelhas por algum motivo.
      Mas a parte ruim nem é a festa em si, mas sim as pessoas que tem aqui. Que gente mais sem sal! Beleza, a festa começou com um parabéns, da qual infelizmente cheguei atrasado, e logo após a Rose foi abrir os presentes que ela ganhou. O meu foi um patuá com cristais negros, uma coisa que ela gosta bastante. Agora, depois de 20 minutos de comilança e "parabéns pra você, Rose, nós te amamos!", tem um cara todo tatuado e dreads, bem estereótipo de gângster de predinho, sentado numa poltrona contando como que foi a viagem dele pra Bahia e as coisas super loucas que aconteceu na viagem dele que a tornou a mais marcante da sua vida, enquanto Rose, meu outro amigo Jonas e mais quatro pessoas que não vou dar o trabalho de descreve-las estão prestando atenção e dando risadas bobas, trocando palavras bobas. Nada de interessante... Pff, ele não sabe o que é loucura de verdade. Se ao menos soubessem de 1% sobre o que acontece na vida de um bruxo saberia o que é loucura de verdade. Aliás, sim, eu sou um Bruxo.
      Que falta de ética a minha de não me apresentar antes de falar isso tudo! Me desculpem. Meu nome é Darwin, tenho 25 anos e sou um Bruxo. Sim, um bruxo, e tenho todo o orgulho do mundo ao dizer isso. As pessoas pensam que bruxaria é uma religião com pactos, macumba e adoração ao Diabo mas isso não tem nada a ver com a realidade aqui. É tudo sobre como ter controle da sua própria energia vital, brincar com as leis do universo e saber como usá-las ao seu favor, desde que não interfira no curso natural das coisas. Energia é como a stamina dos bruxos. Também é conhecido como aura ou alma.     Todos possuem energia e quanto mais energia, mais forte você é. A bruxaria descobriu que trabalhar sua própria energia é a chave para ter poderes psíquicos, então todo bruxo trabalha com ela. É permitido desde que não prejudique ninguém. Eu não vou entrar em muitos detalhes sobre como a Bruxaria funciona, só quero que saibam que Satanismo e Bruxaria não são sinônimos.
     Enfim, esse sou eu. Um bruxo de 25 anos que passa seu tempo estudando astrologia, viagens astrais e comendo cookies de chocolate. Acho que por isso que ando engordando um pouco, mas não muito, juro! Até que acho meu corpo bem estético. As meninas nunca falaram mal. Meu cabelo é meio crespo, castanho e eu tenho 1,70 de altura, então digamos que as vezes sou alvo de algumas paqueradoras de plantão. Não que eu me importe muito com isso, aliás nem dou tanto valor a estética como outras pessoas, então não me importo de ser ou me vestir do meu jeito: moletom preto, calça skinn, uma franja repicada e ondulada, brincos e um tênis pra skatista. Eu sou bem estilo emo skatista se vocês tem interesse de saber.
     Voltando ao meu tédio, tô enjoado de ouvir esse cara - cujo o nome nem sei qual é - contando da sua viagem e com todos soltando aquelas risadas bobas envolta e etc. Vou aproveitar que não tem ninguém prestando atenção e que meu copo está vazio, ir até a cozinha e pegar mais bebida, talvez até um pedaço de bolo.
     A fome falou mais alto e eu fui direto para a cozinha pegar mais bolo. Eu adoro bolo! Ainda mais os de glacê com morango, que é o que eu estava comendo. Admito também que não me sinto muito a vontade enchendo a cara de álcool, como a maioria dos jovens adultos de 25 anos fazem hoje em dia, e também algo me diz que eu não deveria me entorpecer tanto. Talvez seja minha só minha intuição. Porém, após tirar o bolo da geladeira, quase o derrubei com o susto que tomei.
     - Ficou entediado, Darwin? - Disse a
voz de quem me assustou.
     Era a Lívia. Ela estava sentada de pernas cruzadas poucos metros atrás de mim, balançando seu copo vermelho de plástico, cujo deve ter a mesma bebida que eu estava tomando antes, e me olhando com a velha cara de Lívia que ela tem - ou seja, de não estar nada impressionada com o que vê e ainda debochando da situação.
     Lívia é uma garota que encontrei uma vez na festa de aniversário de vinte anos da Rose. Quase sempre eu encontro ela nas suas festas, mas por causa de algumas desavenças nossas eu faço questão de não conversar muito com ela, só falando o que é conveniente para uma relação saudável entre duas pessoas. Aliás, ela é uma bruxa também, e é por aí que começa a história da minha desavença com ela.
     Aconteceu na mesma festa de vinte anos que falei. Lívia estava lá. Eu não a conhecia direito mas ela parecia legal - e confesso que achei ela meio gata. E lá estávamos nós, comemorando e festejando como todo aniversário. Nesse dia eu estava muito bêbado, mas não ao ponto de perder a consciência dos meus atos. E aqui também nasce o motivo pelo qual eu não bebo tanto: sempre que eu estou bêbado me torno muito sociável. Nessa minha crise de contato social, resolvi ir até a Lívia e puxar um assunto. Como ela era amiga da Rose, pensei que ela fosse de confiança, então resolvi conversar com ela. A conversa não foi muito produtiva, foram só perguntas básicas como o nome, idade e tudo mais. Até que eu reparei o pentagrama que ela usava no pescoço. E foi aí que chegamos no assunto bruxaria. Eu já desconfiava que ela fosse uma bruxa pela energia que ela exala, porém ela me parecia muito leiga pra quem tinha uma energia tão forte e trabalhada. Ela evitava falar muita coisa sobre o assunto, sempre dando respostas um pouco vagas e revelando pouco do que sabia, como se estivesse na evasiva. Até que ela me pediu pra saciar uma dúvida pra ela sobre um amigo que ela tinha, cujo o nome ela não falou, que toda vez que a encontrava roubava toneladas de energia vital dela. Lógico que eu identifiquei na hora que se tratava de um vampiro. Vampiros são "bruxos" que naturalmente ou por indução sugam energia vital de outras pessoas para ficarem mais fortes.
      Existem 5 clãs na bruxaria. O dos vampiros, dos lobisomens, das fadas, dos elfos e das ninfas. Cada bruxo nasce em um clã e cada clã garante uma mudança na sua energia. Por exemplo, o clã dos vampiros. Eu sou um vampiro de nascença, o que é o clã mais odiado por muitos motivos.   Os vampiros são bem egoístas e trabalham sozinhos, e naturalmente sugam energia de tudo. São esponjas astrais. Eles não gostam nem deles mesmos e é por isso que meu clã é o mais odiado. Eu necessariamente não faço mal aos outros roubando energia vital alheia! Mesmo sugando energia naturalmente, eu evito bastante fazer isso. Existem os vampirinhos bons como eu, que usam seu dom para curar, proteger outros, limpar energia carregada e etc, e tem os vampiros maus que sugam energia alheia pra ficar mais forte e ter mais stamina como eu disse antes. Tudo depende da sua índole. Existe maldade em todos os 5 clãs e já me deparei até com um elfo negro. Como disse, tudo depende da sua índole.
     Enfim, quando disse isso pra ela, percebi de canto de olho que Rose começou a rir da minha cara disfarçadamente. Logo vi que tinha algo errado, mas eu prossegui do mesmo jeito. No final da história, eu expliquei pra ela que esse amigo dela se tratava de um vampiro psíquico e dei mais alguns detalhes sem muita importância. Ela agradeceu e se retirou da conversa. Depois disso fui conversar com Rose. Queria saber o que tinha de errado que ela ria tanto de mim.
     - Então, porquê você tá rindo?
     - Darwin, Darwin, você é muito burro! - disse ela enxugando os olhos de tanto rir e pondo as mãos no meu ombro - Você acabou de revelar coisas sobre si mesmo para uma outra bruxa, seu idiota!
     - Mas quê que tem demais nisso!? - disse eu curioso e arqueando a sobrancelha.
     - Se ela fosse má poderia usar isso contra você, já que ela sabe o que você é. Você acaba de se entregar pra alguém e isso abre portas pra você se ferrar todinho! - ela seguiu gargalhando mais - você tem muito que aprender ainda, jovem vampiro.
      Aí que eu percebi o que tinha rolado. Eu fui encantado pela Lívia pra que ela tirasse informações importantes sobre mim. Eu tinha esse problema no passado de ficar falando demais sobre magia, como aquelas típicas pessoas emocionadas que você conta um segredo pra elas e ela não consegue se segurar e sai falando coisas que não deveria por aí. Eu era novo e despreparado, não me julguem! Lívia percebeu isso e se aproveitou da minha ingenuidade para me dar uma lição de moral. Magia é coisa séria e secreta. Não é qualquer um que aceitaria que existem super humanos por aí que controlam sua própria energia pra fazer trabalhos espirituais. Eu fiquei muito frustrado naquele dia e desde então sou bem recluso com qualquer assunto relacionado a bruxas, principalmente pra Lívia. O mesmo caso acontece com bebidas alcoólicas. Uma dica pra sua vida: não misture drogas, assuntos sobre magia e gente que não confia no mesmo copo. A tendência de dar errado é bem grande.
     Desde então vi ela poucas vezes e faço pouca questão de sua presença na minha vida, mas aqui está ela de novo, e depois de 4 anos resolveu puxar assunto comigo.
     Ela está até bonita hoje, sem sua toca cinza de hipster - e o resto das tralhas de hipster que ela usa normalmente. Ela estava usando um vestido de mangas compridas, estampado com constelações e símbolos astrológicos. Um vestido bem bonito. Ela em si é uma gata, pra falar a verdade. 1,59 de altura, pele parda, bochechas de maçã, cabelo ondulado com uma franja lisa no rosto, etc. Sem muitos detalhes sobre ela. Porém não sei o porquê da mudança no visual logo hoje. Sempre que a encontro ela está vestida do mesmo estilo: Uma hipster meio gótica - sem exageros! nada de batom e maquiagem preta - com uma toca cinza na cabeça, um pentáculo de colar e umas roupas meio vintage meio rock anos 90. Talvez seja sua roupa favorita. Mas hoje ela parecia estar toda produzida e arrumada - mesmo sendo o mesmo aniversário da mesma pessoa todo ano, da qual nunca encontrei ninguém novo, a não ser com pequenas excessões de uma ou duas pessoas que logo sumiram de vez. Algo deve ter mudado, mas nada que me interesse demais, aliás é da Lívia que estamos falando. Quanto menos intimidade, melhor.
Enfim, peguei o bolo da geladeira, e enquanto eu cortava um pedaço resolvi responde-la, mesmo com nossas desavenças. É bom ser educado as vezes.
    - Um pouco, talvez . Não gosto de beber tanto.
     - Entendo, eu também não. As vezes a gente passa do ponto e fala coisas que não deveria, né? - disse ela soltando um sorriso irônico com toda a intenção me cutucar.
     E claro, depois de quatro anos de que outro jeito ela falaria comigo se não fosse me alfinetando? Tenho certeza que tem a ver com o dia que ela me encantou, mas resolvi não dizer nada demais para não ser mal educado.
     - Faz um tempo que não te vejo, como que você tá, Vampirão? - disse ela.
     E ela continua. Ainda tô tentando não ser antipático e levar na brincadeira. Quando um não quer, dois não brigam, né? Além de que não quero fazer ela pensar que estou irritado com o que aconteceu até hoje - o que não é o caso. Talvez ela esteja me testando pra ver até onde eu vou. Vamos ver. Solto um suspiro e respondo num tom calmo e tranquilo.
     - Ah, eu estou bem, sabe - disse eu pondo o meu pedaço de bolo num pratinho de plástico que peguei na cozinha - Nada de novo.
     - Hm, interessante. - ela volta a olhar para o copo. Depois olha diretamente pra minha mão com aquela cara de curiosidade clássica - E esse anel novo?
     Agora eu entendi onde ela quer chegar. De fato esse anel não é exatamente novo. O anel é um anel de prata com um pentagrama e um triângulo apontando para cima. Eu uso ele faz 7 anos e ela deveria saber disso. A questão é que eu forjei um talismã com ele só recentemente e talvez disso que ela esteja falando. Ela deve ter reparado no encanto do anel, já que não tem como não reparar, não só porque ele exala muita energia mas sim pelo tipo de energia que ele exala. É um brinquedinho poderoso na mão de quem sabe usar, ainda mais porquê se trata de um talismã totalmente novo, capaz de coisas nunca antes vistas. Será que ela sabe? Acho bem difícil. Me fiz de bobo e esquivei do assunto como se não soubesse do quê ela estava falando.
- Mas você já me viu com esse anel antes - disse enquanto dava uma garfada no bolo.
- Ah, não me lembro muito bem. - disse ela se levantando e colocando mais bebida no copo - Não sou de ficar reparando na mão dos outros o tempo todo.
Estranho ela falar isso depois de ter diretamente reparado na minha mão, né? Bem, eu já entendi o que ela quer. É um jogo. Ela quer alguma informação minha sobre o anel. O que ele faz, porque tanta energia, que seja. Ela quer informações, e pra isso tá usando um joguinho psicológico.
O azar dela é o fato de eu adorar esse tipo de jogos de influência e "engenharia social", e conheço várias técnicas que são usadas. Até porque todo bruxo sabe que magia psíquica e engenharia social são coisas bem parecidas. Não que eu saia por aí influenciando os outros, é só uma noção de análise comportamental para aprender a entender e listar alguns comportamentos. Eu sou psicanalista e formado em psicologia analítica, esse tipo de conhecimento ajuda bastante. E até que são jogos divertidos de certa forma, mas só pra quem sabe apreciar a arte da comunicação e a psiquê humana. Lívia também não é de se falar mal. Ela já me mostrou ser uma excelente jogadora algumas vezes em que presenciei ela brincando com a mente das pessoas. Nunca nos confrontamos, a não ser no dia que a conheci. Admito que apanhei feio pra ela. Porém, se compararmos o dia que ela me conheceu com os dias de hoje, há uma grande diferença no quão habilidoso eu sou em jogos desse tipo. Na magia nem tanto. Ela deve estar uns dois graus de iniciado na minha frente. Pela minha análise, é bem óbvio que o objetivo dela com esse jogo é descobrir sobre o anel. Olhando bem, ela sabe que o anel é um talismã, mas não faz a mínima ideia sobre sua funcionalidade. Tenho certeza disso pois nenhuma energia é parecida com essa. É algo totalmente novo, e ela almeja descobrir, só que só eu sei o que ele faz. Ah, pobre Lívia, está na palma de minhas mãos. Que irônico, não? Precisar de alguém como eu para descobrir uma novidade sobre um assunto que você entende bem melhor que eu... Pobre Lívia. E para piorar, como só eu sei sobre o anel, eu posso dar qualquer resposta pra ela que ela vai aceitar. E aí mora minha vantagem. Porém antes de eu dizer qualquer coisa ela me interrompeu.
- Bem, o anel não é novo mesmo... Mas o encantamento dele sim - disse ela, ajeitando o cabelo na orelha - ele facilita o caminho pra viagens astrais?
E eu quase congelei. Ela também quase acertou, realmente é um anel para viagens, mas não astrais. Viagem astral é bem diferente do que ele realmente faz, mas admiro seu quase acerto. Me virei para ela e fiz um meio sorriso.
- Não é bem isso que ele faz...
Ela me olhou, arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços. Aparentemente ela percebeu que estava sem resposta e continuou.
- Imaginei que iria dizer isso - Disse ela tomando um gole e apontando pro meu peitoral. - seu cordão de prata me diz o contrário.
Apesar de se parecer muito, não é cordão de prata. O cordão de prata é uma corrente feita de energia que fica no coração, que liga seu corpo físico e o astral. Ele é o que impede de esquecermos nosso corpo numa projeção e se perder por aí. É quase um cordão de prata, mas não é. Ela deve ter visto o rastro dele indo direto pra minha mochila. Espero que ela não descubra
- Não é o que você tá pensando.
- Oh, e o que é então?
Ela teve a audácia de pergunta abertamente assim? Qual é a dela?
- Prefiro não contar. - respondi no mesmo tom educado de sempre.
- Uhh, mistérios! Não sabia que era tão secreto assim. Você mudou mesmo em - disse ela soltando um sorriso.
Dessa vez me parecia um sorriso sincero, de verdadeira admiração e felicidade. Estranho isso vim dela. Ela está bem longe de acertar o que é. Ela deve ter percebido e provavelmente mudou a sua estratégia para descobrir. Ou ela só está feliz mesmo. Difícil saber, já que se trata de alguém que mal conheço. Por via das dúvidas é melhor encerrar a conversa por aqui antes que ela descubra coisas demais.
Peguei meu bolo e já ia voltar pra sala, mas Rose resolveu aparecer toda sorridente para me dar um abraço.
- Darwin, Lívia. O que estão fazendo na cozinha? - ela me abraça e abraça a Lívia depois.
- Nada demais, só conversando. - disse ela respondendo por nós dois.
- Ah, entendi. Saiam daí, vamos conversar na sala! Tá todo mundo se divertindo.
- Menos eu. - sussurrou Lívia.
Uma pena para ela que a Rose percebeu.
- Lívia, tem algo de errado? O que não está te agradando?
Sorte a dela que Rose é uma pessoa amável. Mas eu também percebi que ela estava entediada tanto quanto eu. Dá pra entender o porquê, já que ele tá lá na sala até agora falado sobre sua vida. Será que foi esse tédio que levou ela a puxar papo comigo? Talvez seja. Até eu estou entediado o suficiente pra conversar com qualquer um que tenha um assunto mais interessante, mesmo que eu não goste da pessoa. Lívia abaixou a cabeça e disse num tom mais baixo:
- Ah, nada demais. Só queria um rolê mais intenso, não uma festa comum.
E até que faz sentido. Pelo o que a Rose me contou - ou deixou escapar da boca dela (nunca me interessei muito em conversar sobre a Lívia) - que a Lívia odeia festas de aniversário. Não sei o motivo, só sei que ela não gosta, apesar de estar presente em quase todas as vezes que fomos comemorar o aniversário da Rose ou de alguém próximo. Isso que é amizade. Rose continuou.
- Oh meu bem, me desculpe. Juro que na próxima vez vamos para um lugar melhor. Mas você pode ao menos fazer parte da festa? Sabe que sua presença é muito importante pra mim.
Lívia suspirou e soltou o ar com força.
- Tá bem. Vou me socializar se é o que você quer. - disse ela forçando um sorriso.
- Obrigado por compreender. - disse Rose sorrindo de volta e se dirigindo à sala. - Isso serve pra você também, Darwin.
E assim, Lívia e eu começamos a fazer "parte" da festa.
Ainda estou curioso sobre o porquê da Lívia estar tão interessada no meu talismã. Agora que parei pra pensar, mas ela me parecia mais entediada que realmente interessada no que o anel faz. Talvez tenha tentado ser amigável depois de todos esses anos. Tratar uma pessoa do jeito que ela me tratou e depois sumir de repente num "primeiro encontro" (entre aspas para que não me entendam errado!) não é uma atitude muito convidativa. Talvez ela queira concertar isso. Mas depende muito. Ela joga muito bem, porém pra quê ela se interessaria por algo com um talismã? Talvez queira puxar um assunto em comum comigo. Já que mal nos conhecemos, que tipo de assunto ela puxaria?
Bom, enfim. Agora acabou. E aqui estou eu de volta a estaca zero. Entediado e quase inalterado pelo álcool. Vou ficar na minha que ganho mais. Se ela ao menos fizesse idéia de quem me pediu para forjar esse talismã, teria ainda mais interesse em saber sobre ele.

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