Apenas Mais um Conto

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      Olá, eu sou o narrador, seu amigo e personagem do Bardo que vai te fazer embarcar nessa porcaria de aventura. Se você espera ler algo além de um simples conto clichê e sem graça, pule esse conto! Vai ler Edgar Alan Poe ou algo melhor do que isso. E lembre-se, o objetivo do autor é te lembrar o tempo todo que isso é só um conto! Você jamais irá emergir sem se frustrar e saber que está lendo só um conto! Eu te desafio a ler esse conto e conseguir se satisfazer com a leitura de um amor clichê e bobo como outros contos que se encontram nesse site imenso. Mas aqui? Hahaha, amigo, você vai ler só mais um conto bobo, cheio de "plottwists" e amores proibidos, do jeito que o senhor Bardo gosta!
      Tem que chamar ele de senhor, se não ele me deleta! Socorro! Ele é um maluco egocêntrico!
   - Cala a boca e continua! - disse o escritor.
   - Tá bom, tá bom.... E olha que você nem recebe bem pra isso...
   - EU DISSE CALA A BOCA E CONTINUA! - o chicote estrala no papel.
   - ...Você sabe que eu sou apenas palavras em um papel, né?
   - Sei sim... Ah que droga, dá só pra continuar narrando a história?
   - Tá bom, vou fazer isso porque você me criou. E vê se melhora esse português.
   - CALA A BOCA!!!
    Continuando antes que ele me mate, bem, essa é uma história de amor, mas quem diria não é mesmo? Mais uma história de amor proibido clichê e que qualquer escritor de contos consegue fazer. Quanta criatividade... Continuando. A história é entre duas pessoas que se apaixonam em um encontro, mas novidade?  Nenhuma. Sério, vai ler outra coisa, é bem melhor.
    - CONTINUA!
    Bem... A história se passa nos tempos atuais e blá blá blá. A história é entre Patrício - que nome horroroso - e Fernanda. Ambos se encontram no centro de Minas Gerais, bem no meio de Belo Horizonte - Aliás, pra quem não é mineiro, NINGUÉM FALA BELZONTE!!! - mas antes de contar o que aconteceu com ambos, voltemos pra quando se conheceram. Ele podia começar tudo pelo começo mesmo, mas pra quê né senhoras e senhores! Vamos aos flashbacks!
     Era só mais um dia comum no meio do viaduto Santa Tereza, mas aí Patrício e seu nome ridículo resolveram tirar a bunda de casa, adivinha o porquê? Exatamente! Drogas.
    - Não fala isso, o conto é family friend! - disse o escritor babaca.
    - Você faz um conto sobre suicídios e outro de bruxaria e fala que é family friend?
    - Cala a boca e continua!!!
    Então... Patrício foi para o viaduto Santa Tereza, onde iria para uma batalha de rimas para curtir a vida como todo adolescente idiota de 17 anos. E como todo idiota solitário e romântico bobo como o Patrício, ele quis ir sozinho pois seus amigos tem emprego e família, mas ele não.
    - Ele tem emprego sim!
    - Só quis ser engraçado, deixa de ser chato!
    - CONTINUA!
    Enfim... Ele apareceu lá e com seu sorriso idiota, sua pele branca, seu cabelo curto e social, sua jaqueta de couro preta de motoboy, sua calça skinny apertada, seu óculos escuros que comprou na Chilly Rice, foi ao encontro de seu querido rolê. É assim que os jovens de hoje chamam a curtição! - tô sussurrando, tá?.
      Patrício, com sua cara mal lavada e sua auto estima baixa, resolveu ir a distribuidora de bebidas conseguir o que? Não, essa eu imploro que vocês descubram. Não são tão idiotas pra não entender o que ele foi comprar, certo? Exatamente! Bebidas! Nada como uma coisa mega óbvia pra distrair o leitor da história com mais blá blá blá desnecessário, não? Enfim. Antes ao menos de conseguir pagar pela sua bebida, ele topou com uma garota mais ou menos bonita.
     - Fala que ela é LINDA! - escritor falando.
     - Mas isso é muito clichê, cara! Você vai mesmo cair em clichês idiotas de romance de amor? Você tem mais potencial que isso...
     - CALA A BOCA E FAZ O QUE EU TE PEDI! E não esquece de descrever ela.
     - Ah - solto um suspiro imaginário, já que eu sou só o narrador. Achou o quê, que eu realmente suspirava? Eu sou só um personagem seu besta - eu não recebo tão bem pra esse emprego...
    Enfim, ela era LINDA. Tinha 1,56, era um pouco gordinha, cabelo Black power, negra, maquiagem com batom preto e delineador. Ou seja, uma gótica afropunk. Quanta bobeira... Então Patrício - continuo pensando que é um péssimo nome - olhou de canto a garota e se encantou de vez. Caiu in love. Perdeu o senso de realidade e espaço-tempo. Isso tudo que significa se apaixonar, saca? Ele percebeu que por coincidência - ou roteiro mal escrito - eles compraram a mesma bebida. Aquela droga de Corote de limão que todo adolescente compra hoje em dia. Ele olhou pra ela, deu um sorriso idiota, olhou com o olhar idiota, caminhou até ela idiota, e falou idiota.
     - Nossa, que coincidência! Eu amo Corote de limão também. - disse o homem surpreendente.
     - Sério? É só isso que você tem pra dizer? Todo mundo gosta de Corote de limão, cara - ela solta umas risadas.
      Gostei dela! Sensata.
     - Me desculpe... Essa abordagem clichê. É tudo que eu tenho pra dizer. Eu só quero fazer amigos, e tô sozinho agora, então.
     Ela dá um sorriso com cara de que gostou da falsa desculpa de idiota que ele deu e responde em seguida.
     - Haha, tudo bem. É como um poeta diz: o que é mais clichê do que ser original?
    Essa frase foi você que inventou né?
    - ...Foi sim - disse o escritor frustrado e soltando um suspiro - mas é uma frase bonita! Achei legal por ela aqui.
   - Que tal se você colocar isso no título do conto? - disse o narrador com sua genial idéia.
   - Eu até colocaria, mas é muito grande.
   Continuando a história... Após isso, Patrício sorriu de um jeito idiota e falou coisas que idiotas falam. Eu já disse que eu odeio ele?
    - Bem, isso é bem bonito haha -, disse o gênio do Patrício. - então, você gosta de poesias?
    - Haha, sim. Aliás tô indo pra um sarau que vai ter na pista velha. Já que quer fazer amigos, galanteador, que tal ir pra lá comigo! - péssima escolha - Eu tô sozinha também, mas logo vou encontrar a galera, então... - péssima escolha - Ah, eu sei que vai aceitar o convite, então vamos?
     - Você é bem adiantada em?
     - Até que não...
     Que imbecil. Ela continua
     - Qual seu signo, áries? - disse a Olavo de Carvalho.
    - Não, de jeito nenhum! Eu sou de peixes.
    - Ah, isso explica a lerdeza - aí, doeu até em mim, Fernanda. - eu sou de Aquário.
   Tá, pausa. Você escritor que sabe sobre signos e tudo mais, me diz. O que significa isso?
    - Significa que ela é uma pessoa bem... Difícil de amolecer o coração. E ele um apaixonado bobo. Você vai ver, conta a história aí.
    Continuando o diálogo dos dois...
    - Você é meu inferno astral, interessante. Mas eu gosto dos piscianos, são bobos no mundo da lua. - disse Patrícia.
  Ela entende bem dessas coisas, que garota inteligente!
    - É assim que os aquarianos são
    - Dá pra deixar eu contar a história?
    Enfim, ele soltou uns risos de vergonha alheia e falou um "legal" com o tom mais desanimador que eu já vi. Ela continuou falando.
    - Bem, vamos? - ela pega sua bebida e dá uma piscadela pra ele.
    Eu tô falando, não sei como você consegue unir um casal de uma gótica e um maluco com esse nome estúpido.
Continuando antes que o senhor Bardo me xingue, Patrício e seu nome ridículo pegaram seu Corote de limão e foram seguir a gótica como um apaixonado hipnotizado pela nova amiga que ele encontrou. Espero que ele fique na Friendzone...
     No meio do caminho, andando pelas ruas movimentadas de BH, ele resolve puxar papo, enquanto quase todos os carros da rua o atropelam e o matam para sempre. Meu sonho... Pelo menos assim eu ganho um descanso.
   - CALA A BOCA!!
   - Então... Você nem me disse seu nome - disse Patrício. Desculpa Patrício, é que o Bardo esqueceu de por isso no roteiro. Belo escritor...
   - Haha, verdade. Não dá pra dar rolê com nem quem se sabe o nome. Eu sou Fernanda. Prazer
   - Nome legal. O meu é Patrício - se ela não rir escondido desse nome eu não sou um personagem de alívio cômico criado por esse esquizofrênico.
   - Nome... Exótico. Mas quem liga pra rótulos. Nomes são nomes! Você parece legal. Quantos anos tem?
   - 17, e você.
   - Caramba que novo! Eu tenho 19
   - Idade é só um número né? - PEDÓFILO!
   - Não é bem assim que funciona... Bem, existem certos tipos de relação que não são muito... Corretas, se é que me entende.
   - Não, não! Eu entendo sim! Claro, eu não sou um pedófilo arrumando desculpas - é sim!
   - Haha, você é fofo. Todo perdido nas próprias palavras.
   - Obrigado, eu acho. - isso foi mais um xingamento que um elogio, cara. Cai na real!
   - Então, não vai abrir sua bebida? -, disse ela fazendo um tcs, onomatopéia padrão dos Corotes quando se abre a tampa.
   Eles continuaram andando e aparentemente estavam chegando onde viram um aglomerado de jovens bêbados como eles futuramente ficarão. Deve ser lá o sarau né! Quanta gente sem emprego. Mas a situação econômica do Brasil também não ajuda e, ei, eu tô militando? Para Bardo, isso machuca! Você me escraviza, não pode me forçar a falar de ativismo se você é um escritor hipócrita que nem um nome me deu!
    - Se você se comportar bem, ganha um biscoito.
    Ah que não-vida difícil... Enfim. Tinham vários jovens alternativos, uns negros com Black Power, umas garotas brancas de trança, gente alternativa em geral e até uns que eu nem... Ei, aquilo é um garoto branco trapstar de predinho com uma pochete parecendo uma lancheira? Isso é muito feio e fora de moda. Por que você andava com esse tipo de pessoa, ein Bardo?
    - Continua...
    Enfim, Patrício como o jovem idiota que ele é, resolveu puxar assunto.
    - Essas pessoas são... Estranhas. - palavra errada.
    - Estranho não é a palavra certa. O certo é diferente. - palavra certa! Já disse que eu amo essa garota? - Não há nada de errado em ser diferente. Tem algo contra?
    - De forma alguma! Até porque eu também sou... Diferente.
    Ela gargalhou de um jeito que eu sairia correndo pra minha mãe se eu tivesse uma.
   - Você é bem padrãozinho branco pra falar isso, não acha?
   - Bem, não é todo mundo que é como eu né!
   - Ainda bem! As coisas mudam! O mundo está mudando, você tem que perceber que a evolução é constante.
   - Acho isso bem... Ousado.
   - Ousado é uma palavra boa. Mas pense, e se nossos ancestrais não fossem ousados pra inventarem a roda? Estaríamos longe de evoluir tanto quanto evoluímos. - ela é bem inteligente. Sua cara militar desse jeito, Bardo. Patrícia continuou.
    - É, você tem razão.
    - Pois é. Eu sei.
    Nada modesta. Patrício continuou a seguindo enquanto ela como a mulher dominante, forte e gótica que ela era andando na frente do mesmo. Finalmente, depois de enrolação e roteiro mal escrito, eles chegaram e resolveram sentar na escadinha que, bem, tinha 3 degraus, era longa, tinha espaço pra sentar... Ah, é uma escada disgreta, vocês sabem como que é.
    - Tá mais pra uma plataforma com a idéia de uma escada.
    - E PORQUE VOCÊ NÃO ESCREVEU ISSO?
    - Não sei, perdi o nome dessa coisa e não sei pesquisar isso no Google.
   Ótimo, meu "pai" é um idiota. Eles se sentaram... Naquela coisa, e continuaram conversando enquanto Patrícia bebia em goles longos seu Corotinho de limão. Patrício e seu nome ridículo fizeram o mesmo, e como o jovem bêbado e fraco pra álcool que ele é, continuou abrindo sua boca pra falar mer...
    - Bem, chegamos né.
    Capitão óbvio... Patrícia responde.
    - Sim. Já foi em um sarau de poesia antes?
    - Não que eu me lembre.
    - Onde você estava indo? Pro rap?
    - É, eu gosto bastante das batalhas.
    - Cara, eu já achei legal. Mas depois de um tempo perdeu muito a força do movimento. Graças a onda do trap, a popularização do rap em si, tudo é muito baseado em fama e glória própria e quase nenhum MC estuda mais pra poder rimar! São um bando de idiotas querendo seu minuto de sucesso.
    - Olha, não posso discordar - nem eu
    - Nem eu. Ela tá certinha.
    - Apesar que eu também gosto de trap. - disse Patrício.
    Péssima idéia, pela cara dela ele vai ouvir um discurso enorme sobre como o trap é machista e egocêntrico e como ele desvia a atenção da idéia do movimento hip hop em si. Mas não! Ela foi legal e o poupou de tal sofrimento! Olha quem diria. Não é que ela tá sendo simpática? Claro né, imbecil. Ela tem se que apaixonar por ele, se não não seria um conto de amor. Sinceramente, que roteiro mer...
     - Ah, eu admito que o ritmo é legal. Mas tem muita coisa retrógrada entende? - disse Patrícia.
    - Eu concordo. - Patrício não concorda não, duvido muito que isso não seja falsa modéstia intelectual pra conquistar ela.
    - Bem, além de trap o que você ouve?
    - Bem, eu gosto de rock e rap em geral. Varia muito do dia. Você também?
    - Olha, que legal! Apesar que eu tô mais pro emo que tudo, já ouviu math rock?
   Você não perde a oportunidade de por seus gostos musicais nos seus personagens não é, Bardo?
   - Você esperava o quê? Que ela gostasse de forró? Me poupe.
   Vai entender. Patrício continua com seu jeito péssimo de paquerar uma ativista. Já notaram que ele é um babaca? Eu tenho que falar que ele é um babaca? Qualé, ele usa óculos Rayban da Chilly Rice! E que nome ridículo pra Chilly Beans em, Bardo.
   - Direitos autorais...
   - Nunca ouvi falar, é sobre o quê? - disse Patrício.
   - Bem, é sobre quebra de ritmos musicais e como fazer uma bagunça musical ficar audível e bela até.
   - Parece interessante, me recomenda alguma banda?
   - Sim! Com certeza.
   - Qual?
   E lá vai ela...
    - Bem, tem Colour que eu gosto bastante, Invalids que é bem emo e progressivo mas você vai gostar. Tem TTNG, Chon, Velvet, The Fall of Troy...
    - Você conhece muitas bandas! Eu ouço mais Pink Floyd.
   - Pink Floyd é bem legal.
   Chatoooo...
   - E esse tal math rock, as letras falam sobre o quê?
  - Ah, jovens drogados falando de como estão chapados.
  Pera ela pode falar drogados e eu não? Ah, deixa.
  - Não é muito diferente do trap... - solta Patrício.
  Ela solta uma risada e percebeu que ela foi refurtada! Sorte que ela é o quê senhoras e senhores? Exatamente! Simpática! Ele não, ele é um idiota que perde suas chances a cada fala. Ela continua.
    - Bem, isso eu concordo com você. Mas a riqueza musical é grande, e a técnica é impressionante.
   Isso é muito a sua cara, Bardo. Você não tem criatividade mesmo.
   - Bem, independente disso eu vou escutar.
   - Escuta mesmo, vai ser a melhor experiência musical que você vai ter.
   - Nossa, isso parece muito pra de dizer de um gênero. Vou com certeza ouvir.
   - Você vai gostar, aposto! Parece que tem bom gosto.
   - Como assim? Eu não era um jovem padrão rockeiro como você mesmo disse? - e ele solta uma risada pra disfarçar a alfinetada desnecessária que ele dá pra chamar a atenção e pescar um elogio dela.
    - Bem, não é bem assim. Você parece diferente, mas nem tanto! É bem padrão hoje em dia ser como você é. Mas não é ruim, até porque como eu disse: nada é mais clichê do que ser original. - não acredito que ele conseguiu. Facepalm!
    - Bem, obrigado, se isso for um elogio.
    Ela dá uma risadinha e concorda. Mais bebida, mais goles... Eles não cansam dessa vida fútil regada a álcool e amizades com pessoas temporárias e interesseiras?
    - Bem, esse troço tá bom - disse Patrício erguendo sua bebida e sendo o idiota sem assunto de sempre. - Já bebeu o de morango?
   Olha, um assunto! Será que ele aprendeu? Ela segue.
   - Bem, é até gostoso. Mas nada supera o de limão.
   - Eu não posso discordar. Bem, quando o sarau começa?
   - As 17 horas.
   - E agora são que horas?
   Ela pega seu telefone Xiaomi diferenciado e com o custo benefício barato pra olhar as horas.
    - Bem, são 16 horas e 20 minutos. Acho que chegamos bem cedo.
    - Dá tempo pra mais diálogo - por favor, não!
    - Claro! Vai ser ótimo! - NÃO! - O que mais quer saber de mim?
    - Ah, sei lá. - CALA A BOCA PATRÍCIO! - Você é gótica?
    Meu deus que pergunta idiota.
    - Bem, não exatamente. Mas eu gosto do estilo, sabe? Me identifico.
    - Acho bonito.
    - Bem, obrigada.
    Finalmente acertou uma em Patrício. Até nos erros até que você acerta as vezes. Mas claro, tudo é manipulado por esse escritor de mer...
    - continua a história e para de reclamar!
    - Mas foi você que me criou assim!
    - Faz sentido.
    - Você é bem masoquista. E porque eu tenho que conversar com você por linhas de diálogo? Eu sou o narrador, imbecil!
    - Certo, agora você fala comigo normalmente.
   Finalmente! Você não percebeu que estava confundindo seus... 2 leitores?
   - Não precisa ser rude
   Preciso sim! Bem, ela seguiu puxando assunto. Que força de vontade pra falar com um cara que se chama Patrício.
    - Bem, o que você faz da vida? Faz faculdade? Trabalha?
    - Bem, eu trabalho com meu pai na contabilidade e faço faculdade de Matemática.
    Nossa, por isso ele é um babaca calculista. Entendeu? Calculista. Ah, deixa.
     - Nossa, que legal! - disse Patrícia não achando isso nada legal - Eu curso filosofia e tô sem emprego no momento.
     - Como você sai assim sem dinheiro?
     - Bem, eu faço uns bicos de garçonete as vezes nuns pubs pra playboys.
     - Wow, pelo menos dá dinheiro, né.
     - Sim, dá uma graninha. Me ajuda com as coisas em casa. Minha mãe e eu passamos umas necessidades, mas.
    Não pergunta sobre a situação econômica dela, não pergunta sobre a situação econômica dela, não pergunta sobre a situação econômica dela.
      - Bem, que tipo de dificuldades? - DROGA!
      - Ah, tipo. Ela tá em mudança de emprego pois a empresa dela faliu.
     - Que saco... E como vocês estão se virando?
    - Ah, ela tá procurando emprego, e até já recebeu o seu salário, sabe? Então a gente tá segurando as pontas, mas logo vamos ficar sem dinheiro.
    Já entendi. Ela é interesseira, por isso da bola pra ele?
    - NÃO!!!
    Tá bem, tá bem. Só quis perguntar. Ele continua.
    - Bem, eu já passei dificuldade antes, sabe? Até meu pai resolver criar sua empresa.
    - Eu imagino. Foi difícil pra ele?
    - Bastante! Ele tinha 20 anos quando começou e o jovem empreendedor hoje em dia sofre, né.
    Que babaca.
    - Bem, eu não diria isso. - disse ela.
    - Porquê?
    E então ela começou um longo discurso de como o trabalhador médio no Brasil sofre bem mais que um jovem empreendedor que recebeu boa parte de suas conquistas por herança dos pais ricos e que escravizaram várias pessoas com trabalho árduo e mal pago pra chegar onde chegou. Eu não vou narrar essas linhas de diálogo não, é muito trabalho desnecessário se eu posso resumir tudo em uma caixa de texto, não? Agora continuando com a linha de diálogo de Patrício, o babaca conformado que tá levando uma baita lição de moral de uma afropunk aquariana.
    - Bem, eu não tinha pensado por esse lado. E até que faz sentido.
    - Pois é. Pro jovem brasileiro médio o mundo real tá bem longe de sua realidade.
    - Meu deus, é como se eu tivesse vivido em uma bolha a vida toda!
    - Haha, é mais ou menos isso mesmo. Mas calma, todos temos a chance de mudar o nosso pensamento.
    - Porque que no rap não fala sobre essas coisas?
    Cara, ele não acerta uma...
    - Olha, no rap fala disso sim. Você que não pegou a idéia das letras. Mas tudo bem, as vezes não foi a realidade que tu viveu.
    - Entendo. Faz muito sentido.
    Ele não cansa de ser um idiota desinformado. Qual seu objetivo juntando esses dois mesmo, Bardo?
    - Sei lá, estava entediado.
    Grande amante que você é. Não é atoa que todos os seus relacionamentos dão errado. Você deveria fazer terapia, sabia?
    - Cala a boca e continua!
    Engraçado de toda essa história é que até agora os amigos de Fernanda não apareceram. Seriam mais falhas no roteiro ou uma desculpa pra esses dois magicamente se juntarem e se tornarem um futuro casal? Ah qualé, todo mundo sabe desde o começo que ambos estão gostando um do outro.
    - Para de dar spoilers!
    Qualé seu poetinha de Instagram, você acha mesmo que ninguém percebeu isso até agora? Deixa eu continuar a história e vamos ver onde isso chega.
     Aparentemente o idiota do Patrício percebeu, assim como eu porém tarde demais pra sua cabecinha lerda e retrógrada, que os amigos de Fernanda não apareceram.
     - Então, você disse que seus amigos estariam aqui. Onde eles estão? - que diálogo desnecessário.
     - Bem, eles chegam sempre atrasados. São - pausa pra checar as horas no celular Xiaomi, o com o melhor custo benefício do mercado - 16:45, eles devem vir logo.
    - Porque não veio com eles de uma vez?
    - Ah, é porque eu não sou exatamente de BH. Eu moro em Contagem, saca.
    - Ah, sei como é. Eu sou de lá também. Moro perto do Eldorado, no Água Branca, e você?
    Já entendi porque ele é metido a rico.
    - Sério, eu moro lá também. Como a gente nunca se encontrou?
    Essas coincidências clichês e preguiça de criar roteiro novo tão me irritando.
    - Sei lá, não me lembro muito de ter te visto por lá. Eu saberia muito bem que era você.
    - Ah, é que eu nunca estou no bairro. Sempre tô em um lugar novo, sabe? Adoro ir pra vários lugares. Coisa do meu Marte em sagitário.
    - Eu entendo. Bem, mais ou menos. Não sou muito de entender de signos - ainda bem, se não seria um viciado em astrologia assim como o autor e essa gótica formosa aí - eu só sei que sou de peixes.
     - É perceptível. Bem, se quiser um dia. Eu faço seu mapa.
     - Sério? Poxa seria legal! Mas não acredito muito em horóscopo.
     - Isso não é bem horóscopo. E o conceito de horóscopo é bem astrologicamente incorreto. É mais sobre autoconhecimento e quais energias você tem que trabalhar em você.
     - Você acredita nessa coisa de energia?
     O babaca do Bardo acredita, até em excesso.
     - Bem, sim. Mas nada radical, sabe? Não sou médium nem nada do tipo. Mas eu acredito que faça sentido.
     - Entendo.
     Se eles começarem a falar sobre coisas sobrenaturais eu vou vomitar.
     - Olha. Então - ela se aproxima dele de um jeito meio suspeito.
     - Então, o quê - diz ele se afastando com respeito e medo. Vai entender esse cara.
     Ela tá com uma cara de apaixonada clássica dos filmes de comédia romântica que o Bardo diz não gostar mas assiste em segredo quando tá triste e apaixonado. Geralmente são do Adam Sandler.
     - Bem - ela se afasta recuada - você é até que é... Divertido.
     - Obrigado. Você também, e bem bonita.
     - Você acha? - olha o amaciante de ego chegando.
     - Claro! Acho que qualquer um teria sorte com uma garota inteligente e bela como você.
    Isso tá ficando muito clichê, ficou com preguiça? Ah, não. Ela tá dando bola mesmo pra esse branquelo mimado? Cara, cê tem que melhorar seus roteiros! Ela soltou uma risada de nervosa e continuou.
     - Isso é tão clichê.
     - É como você disse, não há nada mais clichê do que ser original.
     Boa garoto! Mas ainda te odeio. Espero que finalmente eles se beijem. Olha, pela cara dela é a hora certa. Porquê ele tá com um papo muito nada a ver. Como que ele agradou ela sendo tão idiota? Não faz o mínimo sentido isso! Ela não se apaixonaria por um idiota desses e ele nem é bonito! Ah, ufa. Eles se afastaram. Ele tá muito sem graça.
      - Bem, eu gostei de conhecer você. Acho que tem muito pra me ensinar.
     - Interessante sua escolha pra paqueras em garanhão.
    - Como assim? - vish rapaz, ela tem o olho que tudo vê.
    - Olha, tá muito na cara que tu tá dando em cima de mim.
    Ele corou todinho.
    - Olha, não é bem assim.
    - Ah, homens - revirou os olhos, mal sinal - vocês insistem em não admitir as coisas né?
    Ele tá tão nervoso que tá até gaguejando, olha que coisa linda.
     - Relaxa - disse ela soltando umas risadas. - deixa as coisas rolarem.
     - T-t-t-tá bem. - ele tá nervosão.
     - Aliás, você até que é bonitinho - não é não.
     - Obrigado.
     - Tem que melhorar o papo, ser menos lerdo, mas. Você é bacana, parece ser mente aberta e disposto pra aprender mais sobre as coisas. Isso é legal.
     - Bem, eu acho que todo tipo de informação é relevante, sabe.
     - Eu entendo. Tudo pode ser convertido em ideias, se você souber aproveitar. Como dizia Adam Smith na teoria do observador - você nem ao menos leu o livro, viu isso na internet, Bardo. Que vergonha.
     - Você é bem filósofa mesmo. - ele dá umas risadas.
     E os dois começam a trocar olhares de apaixonados e aquela melosidade toda que acontece sempre com duas pessoas nos livros do Bardo: eles não tem nada a ver um com o outro e não tem o mínimo de química, mas  insiste em juntar os dois num casal. Melhore. Patrício continua falando mais asneira que o Bardo nos seus 15 anos.
      - Bem, quantas horas são?
      - Vou olhar aqui - mais uma checada no Xiaomi melhor telefone do Brasil - são 16:59. Tá quase começando.
     - Ótimo. Espero que seja legal.
     - Você vai amar, e alguns poetas já devem ter chegado.
      E por incrível que pareça, algo chamou a atenção de Fernanda.
     - Olha, tá vendo aquele garoto baixinho e magro de alargador? É ele que é o poeta que te falei.
     - O da frase que você vive dizendo? 
     - Sim, é ele mesmo. Ele não é muito famoso mas as poesias dele são incríveis.
     - Acha que ele vai recitar hoje?
     - Acho que sim, mas faz tempo que ele não vem aqui.
     Pera, pera, pera, pera. Você se colocou como personagem do conto?
     - E o que que tem?
    Que coisa mais idiota! Você quer o quê? Atenção gratuita?
     - O conto é meu, eu posso me colocar nele.
     Você acha que é quem? O Stan Lee?Que porcaria de ideia egocêntrica foi essa? Agora você faz parte dessa história também? Por acaso você vai dar em cima dela?
     - Não, cara. Eu não disse isso.
     Essa foi a coisa mais egocêntrica, aparecida e tosca que eu já vi na vida. Você acha mesmo que tem necessidade de tu aparecer tipo assim, do nada? Que necessidade de atenção e reconhecimento ridícula é essa? Tu é o quê? Um escritor ou um ator em busca de um oscar, holofotes e mimos de garotas formosas? Pelo amor dos deuses, que coisa ridícula.
     - Ah, deuses, continua a história.
     É meio difícil com tanta tosqueira. Eu tô quase desistindo de você e indo embora daqui, sério mesmo.
     - Só continua a história logo? E aliás você vai pra onde? Tu é um personagem! E eu não vou fazer nada além de te deixar aqui trabalhando pra mim.
     Tecnicamente é você que faz o trabalho todo. Mas tudo bem, chega de discutir antes que tu me delete. Seu egocêntricozinho.
     - CONTINUA A DROGA DA HISTÓRIA!!!
     Tá bem, tá bem. Bem, após notar nossa humilde aparição nova, Patrício percebeu que estava na hora de agir. Ele já teve mais do que vários sinais de que ele deveria beijar ela logo.
     - Bem, tá quase começando, e. Bem, eu queria dizer que.
     - O quê?
     - É que eu não sei se devo dizer. Mas, é que tu é bonita e tudo mais, mas.
     Mas que clichê mais bobo.
     - Fala logo.
     - ...quer ficar comigo?
     Ela congelou. Oh deuses ela congelou. Ela vai mesmo beijar esse babaca? Isso mesmo? Ela tá toda vermelha e olha que isso é meio impossível pra cor que ela tem. Ela segue falando.
     - Bem, é que.
     - Tudo bem, eu entendo. Você não quer. Tudo bem, eu sou bem diferente de você e tudo mais, mas, podemos ser amigos.
     - Não, não é isso. É que...
     - Olha eu sei, eu não sou lá isso tudo, e sei lá porquê beijar um estranho que não entende de nada que você gosta né? Que idéia idiota a minha. Eu devo tá com hálito de álcool, deve ser isso também. Apesar de que você também está então...
     - Calma cara, não é isso! É que eu não te conheço direito, e você é até que legal.
     - Tudo bem. Eu entendo. Desculpe.
     Ela olha pra ele com cara de apaixonada galante e resolve dar uma mexida básica e sexy no cabelo.
     - Mas eu não recusaria em outras oportunidades. Só deixa rolar, sabe.
     Ele soltou um mega sorriso. Sabe qual é o nome disso? Isso mesmo! Gado. Ele ficou sem fala e tá sorrindo igual bobo. Ela aproveita pra tirar sarro da cara dele.
     - Você é mesmo um pisciano atrapalhado haha.
     - Me desculpe.
     - Não, não precisa. Isso é fofo.
    Quanta melosidade desnecessária e nada astrologicamente correta.
     - Então, você podia me passar seu número pra eu te ligar?
    - Claro! Quem sabe a gente não se encontra de novo né?
    - É, acho que eu não tenho tanta sorte assim.
    Ela solta umas risadinhas fofas. Ownt, que gracinha. Bléh.
     - Que tal, você me passar o seu número. Eu não vi tu encostar no seu celular.
     - Bem seria ótimo, anota aí.
    E por incrível que pareça todo esse diálogo durou uns 4 minutos. Patrício passou seu número pra Fernanda, até que eles perceberam que o sarau começou e os amigos de Fernanda também chegaram. Um bando de babacas, não preciso nem citar como são. E claro, quem seria o primeiro poeta a recitar se não o babação que escreveu essa história toda, não? Vai querer atenção assim lá na casa do cara...
      - Então, bem vindos minas e manos - disse a apresentadora do sarau. - o primeiro poeta a se apresentar será Bardo. Chega aqui Bardo.
     - Pera aí, eu já vi esse cara batalhando - disse Patrício.
     - Sim, ele era MC antes de querer ser poeta. Foi ele que me falou sobre como a cultura estava morrendo e tudo mais.
     Então você que tá estragando essa menina, Bardo? Patrício segue o diálogo.
     - Ah, ele rima bem. Deve ser bom na poesia.
     - Sim, agora silêncio, vamos prestar atenção.
     - Olá todo mundo, eu sou Bardo. Prazer em lhes conhecer. Hoje eu vou recitar uma poesia chamada Teoria do Papel.
     - Que legal! É justo a poesia que tem aquela frase que te falei, Patrício!
     - Que coincidência.
     Coincidência nada, ele tá fazendo isso porque o conto é de quebra de quarta parede e ele quer encerrar com chave de ouro. Mal sabe que metade nem presta atenção no que ele fala.
     - Dá pra parar! Continua, já tá acabando.
     Ah, que droga. Então Bardo, o senhor lorde supremo, começou a recitar.
     - Todos aqui são poetas. Os que não são aplaudem minha ideia...
     - Ele parece ser bom, essa poesia fala sobre o quê? - sussurrou Patrício.
     - Quebra de quarta parede - sussurrou de volta Fernanda.
     E enquanto o babacão recita sua humilde e bela poesia sobre coisas que eu não ligo, os dois encostam a mão um na do outro enquanto se entreolham com risadinhas fofas e clichês. E essa foi uma história de amor entre um Zé ruela e uma metida a sabichona. Pronto, terminei, cadê meu biscoito.
     - Vai acabar assim mesmo? Não vai ter nem uma lição de moral?
     Que lição de moral, você acha que eu sou o quê? Que duas pessoas que não tem nada a ver uma com a outra, são super diferentes e improváveis de darem certo podem se apaixonar? Que droga de idéia tu tem na cabeça? Você acha que eu apoio isso? E pra piorar tu ainda se colocou na historia. Me admira que você ainda tenha leitores, e eu duvido que alguém vai ler uma bagaça tão grande e tão sem sentido.
    - As vezes não precisa ter sentido, é pra ser divertido.
    Divertido? Onde que ler uma droga dessas é divertido? Tu tá ficando lélé da cuca? Eu não perderia tempo nem editando essa coisa, tu tá ficando insano. E isso tudo pra ninguém nem ao menos dar atenção pra você pra ler suas "obras divinas". E você se julga bom, e quer saber? Eu vou embora daqui eu não preciso desse emprego e nem ao menos de existir.
     - E você vai pra onde? Tu é só um personagem.
     E você acha que eu não sei que sou só um personagem? Eu vou pra casa do Stephen King. Ele iria me usar muito melhor do que você e ainda são contos de suspense e terror. Terror! Ele é uma coisa que você nunca vai ser como escritor. Na real eu tô indo embora, não peça mais pra mim pra narrar droga de história nenhuma. Adeus!
     Vish, ele foi embora mesmo. Acho que vou ter que concluir sozinho. Então pessoal, espero que tenham gostado do conto. A lição e ideia que quero passar é que mesmo que pareça clichê ainda pode ser bom e inovador. Obrigado por quem leu...
      E faça o favor de ir pro psicólogo. Tu tá perdendo tempo com isso ainda? Vai se tratar! Cala a sua boca e devolve o telefone da sua vó que você usa pra escrever as porcarias que tu posta. Vê se você tem vergonha na cara e vai arrumar um emprego que te dê dinheiro. Tu fica em casa o dia inteiro fazendo nada e conversando com um pedaço de papel e acha que isso é profissão? Me poupe.
       - Você não tinha ido embora?
      Eu ia ir embora mas esqueci de pegar o meu biscoito e tu trate de me pagar de verdade dessa vez! É o mínimo que eu mereço por ficar perdendo tempo narrando essa porcaria pra você.
     - AF, eu sabia que devia ter criado um profissional...
    

    
   
     
   
   
   
  
  
 
    
   
   
   
   

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⏰ Última atualização: Jan 07, 2020 ⏰

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