Meu primeiro e único amor

Capítulo 1

A primeira vez que eu o vi foi no aniversário de dez anos de Wonho, ele deveria ter seus quatorze anos e era irmão mais velho do meu mais novo amigo daquela época.

Eu havia acabado de mudar para Seoul com minha família, tinha dez anos e estava extremamente assustado e triste. Primeiramente eu nunca havia mudado de casa e aquilo era novidade, o que me deixava assustado e eu tinha tantos amigos na minha cidade natal, me senti triste por precisar deixá-los para trás.

Me sentia estranho no primeiro dia de aula naquele novo colégio, precisei me apresentar para minha nova turma e tratei de ir para a última cadeira no fundo da sala o mais rápido possível, eu era o tipo de criança que odiava ser notada, era calado na maioria das vezes, o que fazia meus pais acharem uma benção afinal eu não dava trabalho algum para eles. Sentei na única carteira livre, virei para o lado esquerdo e ali estava um garoto de cabelos bem escuros e um sorriso fofo, era Wonho que não demorou a se aproximar tornando meu novo amigo ali e que exatamente sete anos depois se tornaria como um irmão.

- Joohoney...- Wonho cantarolou meu apelido assim que me viu chegar na escola, havia se passado já alguns meses e ele sempre me esperava na porta da escola, minha mãe achava isso uma gracinha.

- Oh...Olá, bom dia.- Respondi o abraçando com força.

- Minha festinha de aniversário vai ser esse final de semana, e você é meu convidado.

- Muito obrigado, você é um bom amiguinho. Vai ser a primeira vez que vou conhecer seus papais.

- Eu sei...Só não ligue para meu irmão, ele é mais velho e chato.

E foi exatamente na festa dele, que eu me encontrei hipnotizado por um adolescente. Fui informado de que ele era Changkyun e que era quatro anos mais velho do que Wonho e eu, mas ao que meu amigo contou o mais velho preferia ser chamado pelo seu apelido I.M. Todos os nossos colegas da escola estavam na festa, os pais conversavam mais afastados e as mães pareciam se divertir na sala. Perguntei a Wonho se eu poderia pegar água, não estava acostumado a tomar tanto refrigerante e estava realmente ficando enjoado.

- Opa, você precisa de algo criança?- Chang falou com os braços cruzados, encostado na porta da cozinha.

- Me desculpe hyung...Wonho disse que eu poderia pegar água aqui, mas é muito alto.- Tentei novamente colocar um copo de plástico no filtro, ficando nas pontas dos pés.

- Você é tão baixinho.- I.M disse com um sorriso de lado, ele parecia tão sério.

- Eu só tenho dez anos hyung, igual seu irmão.- Respondi baixo, o sentindo me colocar sentado na mesa de madeira que ficava na cozinha.

- Aproveite bastante sua infância...Qual é o seu nome mesmo?- O mais velho perguntou enquanto me entregava o copo cheio de água.

- Obrigado...Lee Jooheon.- Bebia a água enquanto o observava.

O mais velho sorriu mais uma vez de lado antes de um dos seus amigos aparecer na cozinha o chamando para jogar videogame, ele acenou com a cabeça positivamente para o outro, enquanto me descia da mesa.

- Eu posso jogar? - Perguntei, surpreendendo a mim mesmo tamanha ousadia.

- Quando você for maior, pequeno Jooheon.

Ele respondeu sério, fiz um pequeno bico enquanto cruzava os braços tirando pela primeira vez naquele dia um riso dele. Suspirei sentindo seus longos dedos bagunçarem meus cabelos enquanto ele dizia um baixo " crianças' antes de sair me deixando sozinho ali. Eu agora desejava mais do que nunca crescer para poder jogar video game com o hyung e mostrar quem era criança.

- Você sumiu...- Wonho comentou assim que voltei para o jardim.

- Eu estava na cozinha, conheci seu irmão.

- Ele é um chato não é? Nunca brinca ou sorri.

O moreno comentou antes da sua mãe o chamar para cantar parabéns, ri sozinho enquanto andava em direção a enorme mesa de doces. O aniversariante havia sido colocado em cima de uma cadeira para dar altura necessária para poder assoprar as velinhas, me aproximei ficando bem na frente da mesa ao lado de outras crianças, enquanto cantava e batia as mãos senti uma tensão, procurei por entre os convidados e ali estava I.M ao longe da mesa, batendo as mãos enquanto me encarava de forma séria. Nessa época eu era apenas uma criança e não sabia o que estava sentindo, se era medo, interesse, curiosidade, mas eu saberia quando chegasse aos meus dezessete anos, exatamente na festa.

Não demorou muito para que eu começasse a frequentar a casa da família de Wonho, e vice versa. Todas as duas famílias estavam realmente criando uma amizade incrível, logo dormíamos um na casa do outro. Nas férias se meus pais resolvessem viajar, eu pedia por favorzinho para que a mãe do meu amigo o deixasse ir conosco. Todas as visitas que fiz, as noites que dormi em sua casa era pela amizade, mas também era pelo oportunidade de conviver com I.M, mesmo que ele ficasse o dia todo estudando e a noite se escondesse em seu quarto, ainda assim eu me sentia satisfeito.

No ano seguinte aconteceu o nosso primeiro contato mais intimo...

- Parabéns pequeno Jooheon, onze anos hein...- Chang desejou me entregando um presente, ali no meio do salão onde a festa estava acontecendo.

- Obrigado hyung, logo serei grande e vou jogar videogame com você.- Disse sorridente, o vendo ajoelhar ficando quase da mesma altura minha.

- Está contando o tempo para ficar adolescente para podermos jogar? - Ele perguntou e pareceu surpreso quando acenei com a cabeça concordando. - Bom de alguma forma eu estou contanto o tempo também, eu espero que você chegue logo aos dezessete.

Arregalei os olhos tentando pensar o quanto isso demoraria, e quando chegasse nessa idade, ele já seria adulto e se não quisesse mais jogar comigo? Se me dissesse para esperar outra idade? Eu morreria. Suspirei sentindo meus olhos lacrimejarem embaçando assim a visão que eu tinha do outro.

- O que foi pequeno?- Ele perguntou apreensivo, limpando as lagrimas que desciam pelo meu rosto.

- Eu já sei fazer as contas, quando chegar aos dezessete você terá vinte e um, vai ser um adulto e não vai querer brincar comigo. Não podemos jogar quando eu fizer quatorze?

- Acredite Lee, quando tiver dezessete eu vou querer brincar com você. Até lá se cuide.

Ele sorriu segurando meu rosto com as duas mãos, sorri satisfeito com sua respostas. Todo o meu corpo arrepiou no momento seguinte quando ele aproximou perigosamente nossos rostos, e beijou a ponta do meu nariz, saindo de perto o mais rápido possível.