2- Como Conheci-te

5.9K 513 30
                                    

Capitulo Revisado


Francisco

Tudo estava uma grande confusão, sentia me triste e perdido pela hipótese de nunca mais poder ver o homem que amo fazem cinco anos, tudo bem ele está em coma e nunca me viu, mas mesmo assim só de estar junto dele sentia me bem. Quando saí da faculdade e vim até ao hospital fazer lhe companhia como faço sempre meu mundo desmoronou, o pai de Eduardo tinha decidido desligar os aparelhos que o mantinham vivo, eu fiquei fora de mim, não conhecia ninguém da família dele, no entanto a minha mãe sendo enfermeira conseguiu acesso aos dados dele e ajudou-me a conseguir a ficha dele, e com isso o nome da mãe do mesmo.

Uma senhora com um bom coração Sofia Teles, a mesma era a única pessoa que visitava ele além de mim, estava divorciada e para piorar não tinha poder de decisão relativamente a desligar as máquinas, pois o ex. marido, conseguiu de alguma forma através da justiça retirar-lhe o poder de decisão e assim como eu estava arrasada com a notícia.

Sentei me no quarto dele como tantas vezes fizera, mas desta vez apenas rezando, e um filme destes cinco anos invadiu a minha mente.

Flash Back On

Francisco- Já te disse que não vou ler mãe para um bando de velhos.

Cláudia- Vais sim, fazer algo de bom pelos outros, eu amo te filho, porém tu estás impossível eu sei que és inteligente, mas insistes em ter notas baixas e ages como se não te importasses com mais nada.

Francisco- Eu vou melhorar, mas não me faças ir para o Hospital fazer isto.

Cláudia- Tu dizes sempre o mesmo, é apenas um mês e fará te bem conhecer outras pessoas, outras realidades, escutares as suas histórias e não adianta insistires.

Mesmo não querendo comecei a ler todas as tardes após as aulas, nem era assim tão mau e conseguia até ser divertido.

Lia basicamente em todos os quartos do piso onde a minha mãe estava a fazer serviço, menos em um onde diziam estar um jovem de um atropelamento em coma, e que não adiantaria, mesmo assim a curiosidade um dia falou mais alto e eu entrei fechei a porta e aproximei-me.

Fiquei encantado com a beleza dele, apesar de todos os tubos e curativos, parecia estar num sono tão sereno, sentia vontade de lhe tocar, mas o receio falou mais alto então apenas optei ler para ele mesmo sabendo que ele não me escutava.

Com o passar dos dias ficava tardes inteiras com ele, sabia que não devia de me apaixonar por alguém que não tem como me corresponder, que era mais velho que eu, e nem entendia ao certo tudo o que estava a sentir, mas era algo mais forte que eu.

Após o meu castigo, continuei a ir todos os dias vê-lo, ler para ele passei a aprender com as enfermeiras a fazer-lhe a barba a cuidar dele e passei a ter gosto por isso.

Ficava triste pois com o passar dos dias pelo que a minha mãe dizia já ninguém o visitava, apenas a sua mãe.

Um dia estava sentado e ouço a porta se abrir, pensando que pudesse ser alguma visita e que achasse estranho eu estar ali, resolvi fechar me na casa de banho.

De início apenas escutei o som de alguém que chorava de forma compulsiva, dava para perceber o seu sofrimento, fiquei com pena e vontade de abraçar, pela fresta da porta vi ser uma mulher jovem, então não era a sua mãe.

Permaneci em silêncio, a pensar se aquele por quem eu estava apaixonado já tinha alguém a quem pertencia.

Ela sentou se na beira da cama, pegou sua mão e então começou a falar.

Desculpa, desculpa eu sei que não venho cá há muito tempo, mas não estava cá tive que sair daqui, após o acidente, sei que não o devia ter feito, mas precisava casar me com ele, era a única forma de me manter, tu sabes que a tua família nunca gostou de mim, e eu não posso mais esperar por ti, pois acredito que tu não vais mais voltar, assim como os médicos quero que saibas que o meu coração será sempre mas sempre teu e cuida de nós sempre.

Ela saiu ainda a chorar definitivamente era companheira dele, e já o havia trocado, não entendi como pôde desistir tão rápido de alguém que diz amar, eu sou capaz de esperar uma vida inteira por ele, mas o que estou para aqui a dizer, eu nem sei bem o que é o amor, nunca nem beijei.

Saí da casa de banho e fui até junto dele, pude ver uma pequena lágrima no quanto do seu olho, sequei ela e disse lhe, que nunca o deixaria sozinho.

Os tempos foram passando os meses viraram anos e eu continuava a ir lá sempre, fazer lhe companhia, contava lhe sobre os meus sonhos e agradecia lhe, pois mesmo no silêncio ele ajudou me, guiou me ao meu caminho á minha vocação, resolvi entrar na faculdade de Medicina com uma das melhores médias, estava disposto a ser o melhor dos melhores e iria dar tudo por tudo, para descobrir uma cura para o coma.

Ele era a minha única companhia, não queria saber de festas de faculdade ou de novos amigos, pois todo o tempo longe dele para mim era um grande tormento divertia me, contando lhe piadas ou assistindo series com ele do lado, por vezes imaginava ele a acordar e a olhar para mim espantado e depois dizer que conseguia ouvir tudo o que eu lhe dizia, e que eu era lindo e que queria ficar comigo para sempre, mas eram apenas fantasias, ilusões.

Flash Back off

Eu tentava contactar o pai dele, mas era algo impossível estava de viagem ia apenas chegar no dia seguinte de manhã para preencher os papéis da autorização que iriam desligar para sempre as máquinas e quando eu chegasse seria tarde de mais, nunca que o pai dele iria escutar me ou importar-se com o que eu sinto.

Eu nunca fui de rezar, mas naquele momento sentei me perto dele, olhando o seu rosto, os seus lábios, vendo cada traço que eu já sabia de cor, tentava ser forte e não chorar eu não o queria perder, eu não o podia perder.

Apenas falava em voz alta para ele acordar, para dar me um sinal, de que ainda estava ali que não era um caso perdido, como tantos diziam.

Nunca fui capaz de lhe dizer que o amava, mas naquele momento nada mais importava, apertei a mão dele, as lágrimas já insistiam em cair.

Francisco- Por favor acorda, eu preciso de ti eu amo-te como nunca amei ninguém.

Do nada sinto ele apertar a minha mão, não podia ser tinha de ser um sonho, quando olho para o seu rosto, ele piscava com alguma dificuldade estava desorientado, perdido o que era normal e eu ainda chorava com mais intensidade.

Ele tentava falar.

Francisco- Não calma, não digas nada, eu vou chamar um médico.

Mas quando me levanto ele aperta a minha mão não me deixando ir, seu olhar mostrava medo.

Francisco- Calma eu já venho, tu vais ficar bem.

Até que ouço pela primeira vez a voz do homem que amo á cinco anos, com quem fantasiei tantas vezes o despertar do seu coma.

Eduardo- Quem és tu?

Um Novo ComeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora