Taça

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Não...! - O anjo hesitava, sem saber repreender.

Quer dizer, até sabia.

Um hábil leitor quase compulsivo, amante de inúmeros livros, palavras não lhe faltavam para se fazer entender.

Todavia, não queria e, por isto, só permitia que a taça fosse cheia e adentrava outra madrugada discutindo bobagens, imersos numa desconhecida e sem importância música, somente pela companhia...

O tão humano prazer.

A amarela fraca luz timbrava e, naquele salão repleto de livros, o demônio se empolgava em teorias e suposições. E, conforme a rua silenciava o avançar da madrugada, o travesso riso espreitava, sibilando tentações.

O dócil toque.

O magnetismo...

Aquele maldito amarelo olhar tão...

Mas, não!

Tomando outros goles, o anjo repetia o mantra, batalhando para se tornar consciente sobre o quanto aquilo era proibido. Todavia, a suavidade daquela voz em lábios tão lentos, que sem pressa, vinha a se aproximar... Afinal, poderia usar a desculpa de ter perdido a espada para não guerrear contra aquilo?

Fechando os olhos, já não conseguia pensar, certamente... Teria outra noite esquecida, unicamente, por conta da bebida. 

ÁlcoolWhere stories live. Discover now