And my life don't even matter, I know it I know it
I know I'm hurting deep down but can't show itI never had a place to call my ownI never had a homeAin't nobody callin' my phoneWhere you been? Where you at? What's on your mind?They say every life precious but nobody care about mine
London, Inglaterra — 2019, January
Louis Tomlinson
Dizem que a maior beleza de uma borboleta é a liberdade. Não todas as cores vibrantes, ou a maneira delicada de bater as asas, nem muito menos a destreza de escapar de predadores rapidamente por conta do tamanho. Mas sim, a liberdade. Johannah, minha mãe, dizia sempre que meus olhos são semelhantes ao azulado da borboleta Phengaris alcon. Mas, não posso ser comparado á um animal tão livre, eu estou preso há anos, preso dentro de mim mesmo. Nunca serei uma borboleta, nunca poderei sentir a sensação avassaladora de fazer minhas próprias escolhas.
Toco o relicário pendurado por uma correntinha fina em meu pescoço, abro o mesmo e sinto o interior oco, sem nem mesmo olhar, sei que lá dentro há uma foto sobre liberdade. O garotinho da foto em minha jóia, tem mais ou menos 7 anos, ele está com o cabelinho liso sobre a testa e abraçando um ursinho. Levo meu braço até a fechadura do colar e o tiro de meu corpo, o estendendo em minha frente, deixando o garotinho de brilhantes olhos verdes encarando-me. Sorrio involuntariamente e uma lágrima solitária rola sobre meu rosto, umedecendo minha bochecha.
Me levanto da cama e uma tontura forte me atinge, me forçando a sentar-me novamente. Recupero os sentidos segundos depois e retorno a me manter em pé. As palavras de Harry surgem em minha cabeça e uma nova vertigem toma conta de meu corpo, me seguro na parede e respiro fundo, tentando fazer as imagens da noite anterior sumirem. Dou alguns passos indecisos e tropeço em algum objeto deixado sobre o carpete, as lágrimas surgem assim que dou-me conta de que são sapatos de Eleanor. Mais palavras dolorosas do garoto aparecem em minha cabeça e quando dou-me conta, estou soluçando em posição fetal, ajoelhado no carpete.
— Louis? Louis? — Eleanor chama por meu nome, mas estou tão imerso em dor que mal sei onde ela está. — Ei, levanta. Vem.
Mãos macias me puxam e minhas pernas correspondem aos estímulos. Sou posto sentado na cama e ela segura meu queixo, consigo analisar bem seu rosto, preocupada, apreensiva, olhos vidrados. O relicário ainda está em minha mão e consigo sentir meus dedos suados o segurarem com força.
— Outra crise? — pergunta á mim e olha ao redor, buscando por algo. — Droga, as garrafas de água acabaram. Eu vou lá embaixo, pegar na recepção, tudo bem? Aguenta só 2 minutinhos.
Fui deixado só novamente, sentindo minha garganta se fechar dezenas de vezes, fazendo-me engasgar com meus soluços. As lágrimas não param nem quando eu as limpo em um ato desajeitado. Me sinto sufocado, sinto que vou desmaiar e perco o ar dezenas de vezes. A dor transborda em tamanha velocidade, que quando volto a ter controle de meus atos, estou sangrando e minha visão ficando ainda mais turva, mas consigo sentir o gelado do metal da faca em minhas mãos, junto com o relicário.
Harry Styles
Entrego meu passaporte á aeromoça e sorrio gentil, quando a mesma me entrega segundos depois, lhe desejo uma boa tarde e caminho pelo corredor móvel que leva até o avião. Sinto meu celular vibrando no bolso de minha calça, mas acabo ignorando, até que entrar no avião e achar meu assento. Pego o aparelho e vejo a foto de Liam fazendo uma pose, estilo Lord Payno. A ligação vai para a caixa de mensagens assim que aperto o botão de atender. Ele havia me ligado 5 vezes, durante o trajeto até o interior da aeronave.
Disco seu número e o primeiro som que escuto do outro lado da linha, é de uma sirene estridente de ambulância.
— Sim, Liam? — digo, pressionando o telefone em meu ouvido, para poder ouvi-lo.
— Eleanor, cale-se, por um minuto? Isso não vem ao caso! — Liam gritou, em um tom nervoso com um misto de irritação. — Harry? Harry! Você precisa vir agora.
— Liam, está tudo bem? Eu estou no avião. — respondo, confuso, sem conseguir bem suas palavras. — O que aconteceu?
Minhas mãos começaram a suar, quando escuto o choro de Eleanor, misturado com preces confusas. Porém, entre todo o barulho, escuto a voz de Liam abafada por uma terceira voz repetindo uma frase. "Paciente Louis Tomlinson, está com hemorragia intensa". As peças começam a se encaixar em minha mente e só consigo pensar que ele está em perigo, que ele fez alguma coisa.
— Harry, venha agora, estamos indo para o hospital St.Mary.— ele precisa gritar para que consiga ser ouvido. — Ele se machucou, ele se machucou muito, Hazz...
Levanto trêmulo, de meu assento, tonto e sem conseguir pensar no que fazer. Corro pelo corredor estreito, mas logo sinto o avião começar a taxiar. Vou até a porta do mesmo e grito por aeromoças, ordenando que parem o avião. Sinto um tranco forte e tenho que me segurar em uma das paredes, uma mulher loira de cabelos bem arrumados surge ao meu lado, tentando entender o problema, mas começo a gritar tanto que chego a sentir que vomitaria de tanto desespero.
— Tudo bem, senhor, nós vamos abrir. Precisamos de um instante, certo? Porque não se senta um pouco? — ela repetiu pelo menos umas duas vezes para mim, mas continuei á gritar implorando para que abrissem aquela porta.
Minha mão direita ainda estava pressionando o celular no ouvido, mas Liam havia desligado. Em um ato de raiva, jogo o aparelho contra o chão e ouvindo o vidro se espatifar em milhares de pequenos pedaços. Esmurro a porta da aeronave dezenas e dezenas de vezes, até que um tempo depois, operários abrem a mesma e eu mal consigo pensar no caminho que devo seguir.
~
Assim que consigo chegar ao hospital St.Mary. Uma redoma de paparazzis criam uma barreira física em frente á porta de entrada. Desço do carro, jogo uma nota de euro qualquer para o motorista do Uber e mesmo sabendo que sairiam dezenas de notícias minhas na imprensa, vou até a multidão amontoada e começo a empurrar, tentando chegar á entrada. Consigo isso depois de muito esforço, entro no hospital e sinto o cheiro característico de produto de limpeza forte. Antes mesmo que eu consiga ir até a recepção, Liam me chama.
Ele vem ao meu encontro e antes mesmo que diga algo, soluço e cubro meus olhos ao notar que sua roupa está encharcada de sangue, assim como algumas partes de sua pele. Não quero olhar, não posso olhar.
— Os médicos tentaram conter o sangramento, mas vão precisar de muitas transfusões e..... — Liam mal termina sua frase, porque sabe que não posso ouvi-lo agora, sabe que dói demais.
— Isso é culpa minha, isso é culpa minha! — grito, socando minha própria cabeça com as mãos. — Se eu não tivesse dito aquelas coisas á ele, se eu tivesse ficado.... ele estaria bem! Ele estaria bem!
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Nightcall
Fanfic{lwt + hes} ●•• Louis segurou em meu moletom, enquanto dormia e deu um sorriso tímido, de olhinhos fechados. Sorri ao ver sua expressão e beijei seus lábios com cuidado para não acorda-lo e sussurrei que o amava. ••● [Agradecimento á Myah que fez m...